O jovem atacante Adriano, do Flamengo, e o volante Mineiro, da Ponte Preta, ficaram tão surpresos com a convocação à Seleção Brasileira quanto à imprensa e o torcedor. Humildes e discretos, ambos foram muito festejados em seus clubes e esperam melhoria financeira em suas carreiras.
A Ponte Preta, depois de 14 anos, tem novamente um jogador convocado para a Seleção Brasileira, o volante Mineiro, de 25 anos, uma das grandes surpresas na lista divulgada ontem pelo técnico Émerson Leão. O último jogador da equipe a defender o Brasil foi o goleiro Carlos em 1986. O jogador, que na verdade chama-se Carlos Luciano da Silva é considerado pelos companheiros o ‘‘caçador’’ do time, pois durante os 90 minutos está sempre com o olhar fixo na bola.
Mineiro, que tem 65 quilos, distribuídos em 1,69 metros, chama a atenção também pela sua técnica, não é considerado violento e dificilmente comete falta. ‘‘A convocação foi um reconhecimento pelo meu trabalho’’, disse o volante. Ele ficou sabendo que ia fazer parte da seleção que enfrentará no dia 15 a Colômbia, no Morumbi, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, através do técnico Nelsinho Baptista.
Apesar do apelido que era do irmão, ex-jogador de futebol, ele é gaúcho, de Porto Alegre. Começou a despontar para o futebol ainda quanto atuava pelo Rio Branco de Americana, onde permaneceu de 1994 a 1997.
Antes de ser contratado em definitivo, no início de 1998, pela Ponte Preta, por R$ 680 mil, o volante teve uma rápida passagem pelo rival Guarani.
Nelsinho chegou a suspender o treino por alguns minutos para comemorar junto com o jogador a convocação, que foi marcada também por uma bateria de fogos de artifício. ‘‘Devo a boa fase que atravesso também aos companheiros que têm me ajudado muito em campo’’, prosseguiu o jogador.
Mineiro há tempo fazia por merecer uma oportunidade na seleção, pois o seu futebol vem evoluindo a cada temporada. O volante teve atuações importantes no do ano passado, quando a Ponte sagrou-se vice-campeã da Série A-2, que garantiu o retorno do time à principal divisão do futebol paulista. Mineiro, na época, foi considerado a revelação do time.
O jogador, de hábitos simples e de pouca conversa, ficou assustado com o assédio da imprensa e de torcedores. Mas, ele disse que não pretende quebrar a rotina, treinou normalmente no período da tarde e espera, antes de se juntar ao grupo convocado pelo técnico Leão, deixar a Ponte classificada à próxima fase do campeonato nacional.
O atacante Adriano, de 18 anos, nem imaginava que seu nome estaria incluído na lista divulgada ontem por Emerson Leão e levou um susto ao ser acordado por sua mãe, dona Rosilda, de quem recebeu a notícia. ‘‘Não pensava nisso, tanto que não esperava’’, comentou Adriano, ainda na casa de parentes, na favela de Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio.
Houve até queima de fogos no bairro para festejar a convocação de Adriano e seus amigos de infância posaram a seu lado para fotografias.
Antes de chegar à Gávea, para o treino do Flamengo, Adriano citou o exemplo de Ronaldo, da Inter de Milão, também convocado pela primeira vez quando era um novato. Adriano estreou no profissional do Flamengo no início do ano. Ele é formado nas categorias amadoras do clube, onde começou sua carreira como lateral-esquerdo.
Para Adriano, a convocação vai concretizar dois sonhos. Um deles, o de estar na seleção. O outro é o de ter a possibilidade de treinar ao lado de seu ídolo Romário. ‘‘Qual garoto não gostaria de ter essa oportunidade com o Baixinho?’’
De olho na permanência do atacante no clube, a diretoria do Flamengo já providenciou a assinatura de um contrato por cinco anos de duração com o atleta. Isso, porém, estava acertado havia 20 dias. ‘‘Com a seleção, minha vida vai melhorar financeiramente’’, comentou Adriano.