O período de férias dos jogadores é o momento de atuação de dirigentes e empresários. É hora de vender, comprar, recolocar, renovar e especular, também. Os times com mais dinheiro têm mais poder de escolha e são mais procurados. Os menos fortes de cofres têm menos opções e sofrem para convencer nomes a integrar suas equipes para a próxima temporada.

O que vemos todos os anos são mudanças que fogem aos desenhos equilibrados de formação de elencos. Os times ainda se preocupam em mostrar que estão contratando e se mexendo, mas nem sempre com lógica dentro da filosofia de jogo ou de um ajuste coerente para o plantel já existente.

E já começa pela escolha dos técnicos. O Santos, por exemplo, vai disputar a Série B e foi buscar Fábio Carille. O estilo do técnico e a identidade do Peixe não estão diretamente ligados, e isso já poderá ser um ponto de desequilíbrio para resgate do time da baixada. E as cobranças serão intensas para conquistar o acesso rapidamente.

Há times que contratam sem ter o técnico definido. Há outros que atendem técnicos que não ficarão a temporada. E qual deveria ser o equilíbrio ideal? Penso que identidade de time e formação de base deveriam nortear a equipe profissional em jogadores e comissão técnica. Por isso, os choques de gestão acarretam em resultados catastróficos por ter que mudar o percurso durante a temporada sem ter tempo para isso. É a velha história de trocar pneu com o carro andando.

O futebol brasileiro precisa mudar o estilo de gestão: sair do passional para o profissional. Mas ainda estamos longe de parar de “jogar para a torcida”. Vamos continuar muito distantes das grandes ligas – e não é só por dinheiro – enquanto não houver um pensamento do futebol como um grande negócio, de marcas importantes, de capital valiosíssimo e, consequentemente, rentável o tempo todo.

Antes de pensar somente em nomes para a próxima temporada, clubes deveriam pensar modelos mais coesos para uma sobrevivência competitiva mais longeva de suas agremiações. Exemplos? Fortaleza e RB Bragantino estão aí para serem observados. E até copiados.