SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Reforçar a defesa ou privilegiar o ataque? Esse virou o principal dilema para Fábio Carille definir o time do Santos que enfrenta o Corinthians, neste domingo (21), às 16 horas, na Neo Química Arena, pelo Campeonato Brasileiro. A dúvida corresponde exatamente a um lugar no meio-campo. Tudo indicava que Camacho retomaria a titularidade, mas as ações ofensivas propiciadas pela presença de Gabriel Pirani podem ser determinantes para escalação da equipe no clássico.

Na rodada passada, com um elenco mais profundo à disposição, Carille optou por um meio-campo reforçado, mesmo atuando na Vila Belmiro, diante da já rebaixada Chapecoense. Camacho e Vinícius Zanocelo se dividiram na proteção a defesa, dando liberdade para Felipe Jonatan avançar. Com mais jogadores de contenção no meio-campo, havia também a possibilidade de os alas Madson e Marcos Guilherme terem mais liberdade no ataque.

Na prática, porém, pouco disso foi visto. O Santos foi confuso durante a maior parte do primeiro tempo e chegou a ser pressionado pela Chapecoense. Abriu o placar graças a um pênalti cometido desnecessariamente pelo zagueiro Jordan e não produziu para fazer muito mais do que isso. Marinho, que jogou até os 37 minutos e precisou deixar o campo por uma lesão, e Tardelli, quase não apareceram onde realmente precisavam: na área.

A atuação apagada fez o técnico Fábio Carille mexer em suas peças durante o primeiro tempo, mesmo sem fazer substituições. Felipe Jonatan, que parecia confuso em suas tentativas ofensivas, voltou à origem de lateral esquerdo. Marcos Guilherme, um atacante, passou a atuar à frente dos volantes, onde brilhou por algumas partidas nesta arrancada do Peixe. Mesmo assim, o Santos não conseguiu conter o ímpeto da Chapecoense, que só não empatou a partida antes do intervalo graças a boas defesas de João Paulo.

No retorno para o segundo tempo, Carille retomou o esquema tático que havia feito sucesso em jornadas anteriores, como nas vitórias sobre Fluminense e Red Bull Bragantino. Camacho deu lugar a Gabriel Pirani, mas essa alteração acabou mexendo com todo o sistema tático. Marcos Guilherme voltou a ser um ala esquerdo, enquanto Felipe Jonatan passou a atuar lado a lado com Zanocelo, na proteção à defesa, onde já havia se destacado.

Ainda assim, o Santos sentiu dificuldade para impor seu ritmo diante de um adversário destemido. Mas embora tivesse menos peças de marcação, o time de Carille parecia mais organizado. Na frente, Pirani não foi o mesmo que havia brilhado diante do Bragantino, mas o posicionamento dele acabou fazendo a diferença. Por ser um jogador de movimentação, facilitou a saída do Peixe para o ataque. E o gol da vitória saiu em uma dobradinha inesperada: cruzamento de Pirani para Marcos Guilherme -na ala- concluir como um centroavante.

As várias mudanças durante a partida foram, inclusive, comentadas por Carille após enfrentar a Chape. "A gente tem buscado ideias. E o importante é que os jogadores estão dando o máximo para fazer bem independente das funções. Estou bastante feliz com a arrancada desse momento", explicou o treinador.

Para encarar o Corinthians, é praticamente certo o retorno de Lucas Braga à ala esquerda. Como Felipe Jonatan foi um dos destaques do time nesta arrancada que teve quatro vitórias em seis partidas, sobra apenas uma vaga no meio-campo. Ela poderia ser disputada por Camacho, Pirani e até mesmo por Marcos Guilherme. Mas como Marinho ainda não tem escalação confirmada por uma lesão muscular, Marcos Guilherme também é um jogador cotado para atuar no ataque ao lado de Tardelli.

O dilema de Carille se estabelece a partir do momento em que o Santos alcançou a terceira melhor defesa do segundo turno -ou seja, desde que ele assumiu o comando do time. Considerado um especialista no assunto, o Peixe passou nove dos 14 jogos em levar gol e tem uma média de 0,78 gol sofrido por partida. No ataque, em compensação, o desempenho é sofrível, com dez gols marcados sob sua gestão na competição.

Com 42 pontos, o Santos começa a rodada na 12ª colocação. O time de Vila Belmiro tem seis pontos de vantagem sobre o Bahia, que abre a zona de rebaixamento. Apesar de a conta parecer folgada, Carille já declarou que ainda espera mais para o restante do Brasileirão. "É um número importante, mas não definitivo. Sabemos que precisa de mais. Estamos dando uma arrancada em um momento importante", disse o treinador, que fará seu primeiro jogo contra o clube pelo qual ganhou notoriedade na profissão.

E o primeiro encontro com o Corinthians mostra que não será um jogo comum para Carille. "Sou muito grato e sei que a minha história no Corinthians foi muito bonita, com oito títulos como auxiliar e mais quatro como técnico. Saí pela porta da frente. E agora estou buscando a minha felicidade aqui no Santos, trabalhando bastante para que conquiste aqui também. Acho que o reencontro vai ser bem tranquilo, mas só lá dentro para entender tudo isso.".

Estádio: Néo Química Arena (SP)

Horário: 16h deste domingo (21)

Árbitro Leandro Pedro Vuaden (RS)

Var: Daniel Nobre Lins (RS)

Onde assistir: Globo e Premiere FC

CORINTHIANS

Cássio, Fagner, João Victor, Gil e Fábio Santos; Gabriel (Cantillo), Du Queiroz (Giuliano) e Renato Augusto; Gabriel Pereira (Mosquito), Jô e Róger Guedes. Técnico: Sylvinho.

SANTOS

João Paulo, Kaiky, Luiz Felipe e Danilo Boza; Madson, Camacho, Vinicius Zanocelo, Felipe Jonatan e Marcos Guilherme; Lucas Braga e Diego Tardelli. Técnico: Fabio Carille.