CAMISA 12
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 07 de julho de 2014
EDUARDO TIRONI<br>[email protected]
A Seleção Brasileira pode escrever um lindo capítulo em sua história se chegar à final da Copa do Mundo sem sua principal estrela, sem seu capitão e melhor jogador nas últimas partidas e ainda tendo de enfrentar a Alemanha. Será o triunfo do sofrimento, esforço e sacrifício como meio para atingir o objetivo. Em geral é a forma preferida do brasileiro de chegar lá e, particularmente, é a forma preferida do Felipão. Será épico.
Entretanto é lamentável que para o triunfo do sofrimento seja necessário um vilão. E o vilão da vez é Camilo Zúniga, o lateral que deu a infeliz joelhada em Neymar e tirou o principal astro brasileiro da Copa. Não há consenso se houve maldade ou não no lance. Há opiniões para todos os gostos. Ontem, por exemplo, em entrevista coletiva, William disse não ter visto maldade. Mas nem mesmo essa dúvida impediu que o colombiano fosse massacrado em mídias sociais e até mesmo na grande imprensa brasileira.
Vale lembrar: Zúniga foi um dos personagens de um cenário que a Seleção Brasileira também ajudou a construir na partida. O do jogo faltoso, amarrado, pegado. O tipo de jogo que Felipão usa como estratégia, o tipo de jogo que ajudou o Brasil a ganhar a Copa das Confederações e pular de azarão para favorito no Mundial. Infelizmente para nós, a vítima foi Neymar.
O Brasil também não precisa de artifícios para chegar ao objetivo a qualquer custo. Essa tentativa da CBF de anular o cartão dado a Thiago Silva beira o ridículo. É representativo do Brasil do cartório, do jeitinho, do esquema para facilitar as coisas. Thiago Silva levou um cartão em um jogo em que a arbitragem errou muito e não coibiu a violência. Querer transformar isso em um "todos contra nós" não tem nenhum cabimento.
A Seleção Brasileira tem um desafio gigantesco pela frente. Se conseguir ultrapassá-lo e chegar à final da Copa do Mundo será histórico. Não é necessário criar um inimigo para deixar a vitória maior ainda. Muito menos manchar o possível feito com um jeitinho tosco nos bastidores. Afinal, triunfar quando tudo está contra é o que Felipão mais gosta.


