Caiu: a dança dos técnicos no Brasil
Nosso tão amado futebol segue fritando técnicos a cada rodada
PUBLICAÇÃO
domingo, 20 de abril de 2025
Nosso tão amado futebol segue fritando técnicos a cada rodada
Julio Oliveira

O nosso tão amado futebol segue fritando técnicos a cada rodada. E vale pra quem teve tempo para trabalhar e para quem não teve; para quem venceu e convenceu recentemente e para quem não conquistou, de jeito nenhum, a clientela. Não há regra, a não ser a de vencer, sempre.
Não adianta falar em evolução se não mudamos a maneira de pensar: tem que ganhar jogos para continuar. É uma cultura tão forte, que nenhuma discussão em rota contrária se sustenta. Somos do eterno time “tem que ter um culpado” para tudo, e quando não é o árbitro é o técnico. E os jogadores seguem protegidos na maioria das vezes.
Mas há que se registrar que a imprensa sempre puxa essa discussão a cada sequência negativa de algum professor, abre um debate nem sempre necessário sobre aquele que já começa “balançar” no cargo e isso influencia a torcida, que passa a pressionar diretoria e o final conhecemos. É a velha história da mentira que repetida muitas vezes vira verdade.
O planejamento de um time deveria começar com a consciência plena de sua identidade. Dificilmente veremos um dia Grêmio jogando como Flamengo, porque os times têm características naturais que são as que os mantêm em rota em momentos difíceis. É no seu estilo nato que vai encontrar novamente um caminho de vitória em períodos de mudança. Por isso, contratar um técnico é necessário entender que este profissional precisa conhecer esta identidade ou se ele for mudar é preciso que ele tenha tempo para isso.
E neste cenário que mistura paixão, política e falta de planejamento, os clubes seguem rasgando dinheiro. Santos e Grêmio gastaram uma fortuna para dispensar seus técnicos: cerca de R$ 13 milhões e R$ 9,6 milhões, respectivamente. É muito dinheiro. Mas isso o torcedor não liga. Ele só quer um técnico novo e que o time vença novamente. Um círculo vicioso alimentado por um sistema frágil de personalidade.
E quem será o próximo? Afinal, a bola não para, exaltando apenas os vencedores.


