Rio de Janeiro - A poucos minutos do início do jogo, quando tocava o Hino Nacional Argentino, torcedores brasileiros e argentinos no setor Sul do Maracanã entraram em conflito com arremessos de objetos. Não estavam separados por nenhuma divisória.

A Polícia Militar entrou no meio e passou a brigar com os hermanos com agressões com cassetetes nos torcedores. A briga se agravou, jogadores argentinos foram até o local para ajudar os compatriotas. O jogo atrasou em meia hora enquanto a briga era resolvida.

A explicações posteriores para as cenas de violência que precederam o clássico Brasil x Argentina, terça à noite (21), no Maracanã, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, constituíram um verdadeiro jogo de empurra entre CBF, organizadores e PM pelas responsabilidades.

Primeiro, a confederação é a responsável pela organização do jogo pela regra da Fifa, que é a dona das Eliminatórias. A versão da CBF é de que contratou a gestão do Maracanã, nas mãos de Flamengo e Fluminense, para fazer toda a operação do jogo. Portanto, não teria tomado nenhuma decisão sobre como os torcedores foram postos sem divisória. A entidade ainda atribuiu à PM o planejamento de segurança do evento.

Em nota, a PM informou "que não havia divisão entre torcidas nos setores do Estádio do Maracanã, por conta da venda de ingressos sem diferença entre as torcidas, o que foi definido pela organização do evento".

Em entrevista à TV Globo, o coronel Ferreira, do Bepe (grupamento de estádios), disse que isso foi "um dificultador para a segurança privada desde o início do problema". E ressaltou que "normalmente torcidas visitantes e da casa são separadas". A gestão do Maracanã informou que o padrão em jogos da Seleção é não haver divisão.

NOTA DA CBF

A questão é que, desde a primeira reunião em 16 de novembro, a organização do jogo já tinha sido feita com setor misto de torcidas no Sul, onde estava previsto ficarem os argentinos. E, nesta reunião estiveram representantes da PM, Ministério Público do Rio, gestão do Maracanã e Ferj (Federação do Rio). Havia um representante do Bepe (policiamento dos estádio), Alexandre Tonassi, neste encontro.

"Outros jogos entre Brasil e Argentina, até de maior apelo, como a semifinal da Copa América de 2019, também foram disputados com torcida mista. Não se trata de um modelo inventado ou imposto pela CBF. Ou seja, todo o plano de ação e segurança foi elaborado e dimensionado já considerando classificação do jogo como vermelha e com a presença de torcida mista, tanto que atuaram na segurança da partida 1.050 vigilantes privados e mais de 700 policiais militares da Polícia Militar RJ", diz trecho da nota oficial da CBF.

Quanto à CBF, cabe a ela, como organizadora oficial do jogo, a responsabilidade pelas decisões, mesmo que tenha contratado terceiros para operação. Tanto que a Fifa vai analisar o caso disciplinarmente com a CBF como ré.

O coronel Ferreira ainda justificou como necessária a força empregada pela PM na arquibancada. As imagens mostram policiais dando com cassetes em argentinos mesmo quando estes estavam sem reagir. É bem claro pela imagem que a atuação dos policiais agravou o conflito. Do outro lado do estádio, torcedores brasileiros criticaram a atuação da PM com gritos.

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Diante de marcas negativas na Seleção, Diniz diz que a vida não é só estatística

Folhapress - São Paulo
Sob comando de Fernando Diniz, a seleção brasileira perdeu nesta terça-feira (22) pela primeira vez na história um jogo como mandante pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Também chegou de forma inédita à terceira derrota consecutiva no classificatório. Figura apenas na sexta posição da disputa. E não sabe o que é vencer há quatro jogos.
Apesar disso, o treinador acredita que as estatísticas não retratam seu trabalho à frente do Brasil, embora admita que durante sua gestão o time "oscilou entre bons e maus momentos".
"Na vida, você não pode pegar e colocar uma estatística. Achar que é apenas estatística. Se é só estatística, está tudo muito ruim, mas a gente precisa analisar como um processo de mudança", disse o técnico após a derrota para a Argentina, por 1 a 0, no Maracanã. "Hoje [terça] a gente teve três jogadores que disputaram a última Copa do Mundo, enquanto a Argentina teve um time quase completo."
Para o comandante, a formação brasileira merecia ter saído de campo com uma vitória na noite de terça. "A gente teve um número de finalizações parecido, mas o Brasil levou muito mais perigo do que a Argentina. O resultado eu achei bastante injusto hoje."
Antes da derrota para os argentinos, a Seleção vinha de resultados negativos contra Colômbia e Uruguai, além de ter empatado em casa com a Venezuela. Com sete pontos somados, figura apenas na sexta colocação das Eliminatórias, a última que garante uma vaga para a próxima Copa do Mundo, enquanto a Argentina lidera a disputa, com 15 pontos.
Pode ter sido o último jogo de Diniz à frente da Seleção em um jogo oficial, uma vez que no primeiro semestre de 2024 o Brasil terá apenas amistosos. Depois disso, a CBF espera anunciar a chegada do italiano Carlo Ancelotti, atualmente no Real Madrid, como seu novo comandante. O Brasil volta a jogar pelas Eliminatórias apenas em setembro, contra o Equador.