Brasil x Europa na Copa do Mundo de Clubes
Competição está mais para os pobres coitados do mundo querendo mostrar que podem “bater” nos ricos do futebol
PUBLICAÇÃO
domingo, 22 de junho de 2025
Competição está mais para os pobres coitados do mundo querendo mostrar que podem “bater” nos ricos do futebol
Julio Oliveira

A Copa do Mundo de Clubes virou um torneio “todos contra a Europa”. A competição está mais para os pobres coitados do mundo querendo mostrar que podem “bater” nos ricos do futebol. Virou estatística de quem mais vence nos confrontos intercontinentais. Ficou chato. E nem acabou a primeira fase ainda, e continuo com o pensamento que escrevi aqui na semana passada de que futebol de verdade teremos só na fase eliminatória.
Até aqui não vi jogos empolgantes. Vi placares empolgantes, o que é diferente. Surpresa? Não está diferente de uma Copa do Mundo de seleções, onde há sempre as mesmas favoritas, que não começam bem, mas chegam sempre à reta final. Mesmo com oscilações em fase de preparação ou de mais ou menos craques em diferentes períodos, há décadas assistimos Brasil, Argentina, Alemanha, Itália, Inglaterra, Espanha e França serem protagonistas.
Mas nesta primeira edição de clubes há uma necessidade de querer o tempo todo fazer comparação com os times da Europa. E as vitórias de Botafogo e Flamengo esquentam ainda mais essa discussão. É válido discutir, mas deveríamos debater mais as condições do futebol brasileiro sendo competitivo sem o mesmo modo como são tratados os torneios nos países do velho continente. Ganhar no enfretamento não é o que deveria ser mais importante neste momento, mas sim na ideia do futebol como um todo. Em média, os times europeus que estão no mundial têm 20 jogos a menos no último ano do que os times brasileiros. Esse é um debate importante.
Se focarmos somente na esfera do enfrentamento, ficaremos apenas no debate de ganhar ou perder, que é debate de torcedor. E não culpo o torcedor, mas aqueles que são influenciadores de opinião deveriam melhorar o nível do olhar para este momento e não apenas ficar na opinião rasa de que “temos condições de enfrentar qualquer time do mundo”. Sim, claro que temos, mas este mundial não é o Brasil contra a Europa como estão construindo. É o futebol mundial mostrando sua realidade ao mesmo tempo.
Vamos aproveitar para tirar dessa competição aquilo que pode melhorar o nosso futebol, porque lá nas semifinais dificilmente teremos clubes brasileiros e não podemos ao final da competição contabilizar apenas vitórias sobre PSG ou Chelsea, mas lições que possam fazer o futebol brasileiro evoluir, porque a nossa realidade está aqui e não vai mudar vencendo uma, duas ou três vezes um grande da Europa.


