Imagem ilustrativa da imagem Brasil chega a  11 medalhas com o ouro de Rebeca Andrade

Paris e São Paulo - Rebeca Andrade, 25, recebeu nesta segunda-feira (5) sua sexta – e talvez mais significativa – medalha olímpica. Campeã no solo, que fechou a programação da ginástica artística nos Jogos de Paris, isolou-se como a esportista do Brasil que mais vezes subiu ao pódio do megaevento esportivo com 2 ouros, 3 pratas e 1 bronze - somando Tóquio-2021 e Paris-2024. Para isso, derrotou o fenômeno Simone Biles. Com o ouro da ginasta, o Brasil alcançou 11 medalhas e ocupa o 17º lugar no quadro de medalhas

Além do equilíbrio necessário para executar as acrobacias no ar e pousar firme no solo, Rebeca exaltou a importância do equilíbrio mental para conseguir lidar com a pressão durante as competições. Rebeca venceu a prova do solo batendo na final a lenda norte-americana Simone Biles, que, apenas quatro dias antes, havia conquistado o bicampeonato olímpico no individual geral – a brasileira foi prata.

"Acho que não é só sobre vencer a Simone, é sobre vencer a mim mesma. A minha briga está na minha cabeça, não está nas outras pessoas. Para conseguir fazer as minhas apresentações, preciso controlar a minha cabeça, o meu corpo, e essa é a briga, porque eu e a Simone, a gente se incentiva, a gente quer dar o nosso máximo, então a minha briga é sempre comigo mesma", afirmou Rebeca em conversa com jornalistas após garantir seu segundo ouro olímpico.

A brasileira teve uma excelente apresentação na Arena Bercy e obteve pontuação 14.166, com dificuldade 5.900 e execução 8.266. Biles partiu de uma dificuldade bem maior, 6.900, mas teve uma execução problemática, que lhe rendeu 7.833 e penalização de 0.6, com um total de 14.133.

Na França, a brasileira teve de duelar com o maior nome da história da ginástica, que voltou em alto nível e triunfou na competição por equipes, na individual geral e no salto. A paulista foi respectivamente bronze, prata e prata nesses torneios. No solo, conseguiu pela primeira vez em cenário olímpico superar a maior de todas.

Brazil's Rebeca Andrade celebrates after winning the gold medal in the artistic gymnastics women's floor exercise final during the Paris 2024 Olympic Games at the Bercy Arena in Paris, on August 5, 2024. (Photo by Gabriel BOUYS / AFP)
Brazil's Rebeca Andrade celebrates after winning the gold medal in the artistic gymnastics women's floor exercise final during the Paris 2024 Olympic Games at the Bercy Arena in Paris, on August 5, 2024. (Photo by Gabriel BOUYS / AFP) | Foto: Gabriel Bouys/AFP

Biles já havia afirmado, ao término da final individual geral, na última quinta-feira (1º), em tom reverente, que estava "cansada" de enfrentar Rebeca. Segundo a norte-americana – agora dona de dez medalhas olímpicas, seis delas de ouro –, a guarulhense exigiu dela mais do que qualquer outra ao longo de sua carreira.

Na final do solo, a exigência de Rebeca foi alta demais. Segunda a ser chamada, teve uma apresentação sem erros e deixou a pista bastante satisfeita. Ela precisou colocar os óculos para enxergar no placar a pontuação que lhe foi atribuída e passou a esperar o desempenho das demais para saber qual seria sua colocação.

Segundo a ginasta, o desempenho na prova anterior não atrapalhou em nada a sua apresentação seguinte no solo. "Para mim foi bem tranquilo, não era para acontecer e está tudo certo, sou a quarta melhor do mundo, aceito isso. Não foi a minha melhor série, mas também não foi uma série ruim. Isso já é algo excelente", disse a ginasta brasileira.

Uma a uma, as competidoras foram tentando ultrapassá-la, sem sucesso. Simone Biles até chegou perto, porém cometeu dois grandes erros em sua exibição, deixando a área de apresentação com os dois pés. A última chance de superar Rebeca era da também norte-americana Jordan Chiles, que também não ultrapassou a brasileira.

2024.08.05 - Jogos Olímpicos Paris 2024 - Ginastica artistica - A ginasta brasileira Rebeca Andrade compete na final do solo. Foto: Alexandre Loureiro/COB.
2024.08.05 - Jogos Olímpicos Paris 2024 - Ginastica artistica - A ginasta brasileira Rebeca Andrade compete na final do solo. Foto: Alexandre Loureiro/COB. | Foto: Alexandre Loureiro/COB

PÓDIO NEGRO

Rebeca falou também sobre a importância de formar um pódio 100% negro, ao lado das norte-americanas Simone Biles (prata) e Jordan Chiles (bronze). "A gente já tinha feito isso no Mundial e poder repetir isso agora em uma Olimpíada, onde o mundo inteiro está vendo a gente, é mostrar a potência dos negros, mostrar que, independente das dificuldades, a gente pode sim fazer acontecer", disse a brasileira.

"Foi lindo, estou muito orgulhosa. Eu me amo, amo a cor da minha pele, mas também não me fecho só nisso, sei que tem vários outros pontos da Rebeca, da Jordan, da Simone", afirmou Rebeca, que foi ovacionada pelas duas adversárias no pódio, em uma das imagens já icônicas de Paris-2024.

"Elas são as melhores do mundo. Então, ter uma cena como essa significa muito para mim. É algo muito grandioso. Eu me sinto muito honrada."

A maior vitoriosa da história do Brasil nas Olimpíadas celebrou também a conquista desse título e falou sobre a responsabilidade que ele traz.

"Estou muito feliz e honrada por hoje estar nessa posição, de ser a maior esportista do meu país, foi muito difícil de ser conquistada, por isso agradeço à minha equipe, porque sozinha eu realmente não teria conseguido", afirmou Rebeca.

SIMONE BILES

Um pódio olímpico da ginástica apenas com mulheres negras não escapou da observação de Simone Biles. "Rebeca? Ela é incrível, ela é uma rainha. E, antes de tudo, foi um pódio todo negro, foi muito empolgante para nós."

A pergunta era sobre a reverência que ela e Jordan Chives, prata e bronze no solo, fizeram nesta segunda-feira a Rebeca Andrade na hora em que a brasileira subiu ao pódio na Arena Bercy para receber o ouro.

"Jordan me falou 'vamos nos curvar para ela?', e eu disse 'claro'. Aí olhamos uma para outra e falamos: 'vamos fazer agora'. E fizemos", contou Biles. "Foi muito emocionante assisti-la, ver como o público torcia por ela. Era a coisa certa a fazer. Ela é rainha", disse a americana sobre Rebeca, ao fim da prova de solo.

OS MAIORES MEDALHISTAS OLÍMPICOS DO BRASIL

6 medalhas

Rebeca Andrade (ginástica artística) - 2 ouros, 3 pratas e 1 bronze

5 medalhas

Robert Scheidt (vela) - 2 ouros, 2 pratas e 1 bronze

Torben Grael (vela) - 2 ouros, 1 pratas e 2 bronzes

4 medalhas

Serginho (vôlei) - 2 ouros e 2 pratas

Isaquias Queiroz (canoagem) - 1 ouro, 2 pratas e 1 bronze

Gustavo Borges (natação) - 2 pratas e 2 bronzes

3 medalhas

Marcelo Ferreira (vela) - 2 ouros e 1 bronze

Bruninho, Dante, Giba e Rodrigão (vôlei) - 1 ouro e 2 pratas

Ricardo e Emanuel (vôlei de praia) - 1 ouro, 1 prata e 1 bronze

Rodrigo Pessoa (hipismo), Fofão (vôlei) e Cesar Cielo (natação) - 1 ouro e 2 bronzes

Mayra Aguiar (judô) - 3 bronzes