SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Algumas das principais ginastas americanas dos últimos anos, entre elas Simone Biles, enviaram uma carta ao Congresso dos EUA nesta quarta-feira (13) com pedido de dissolução da diretoria do Comitê Olímpico e Paralímpico do país (USOPC).

De acordo com o grupo, que também inclui McKayla Maroney, Aly Raisman e Maggie Nichols, a entidade falhou na proteção às mais de 200 vítimas dos crimes de abuso sexual cometidos por Larry Nassar, ex-médico da equipe americana.

Para elas, ações anteriores do USOPC demonstraram relutância em "confrontar problemas endêmicos com abusos" enfrentados pelas vítimas e uma recusa de buscar reformas no "quebrado" sistema olímpico.

"A diretoria do USOPC não tomou nenhuma ação investigativa depois de saber que Nassar era um agressor. Fazemos esse pedido após anos de paciência, deliberação e compromisso não correspondido para aprender com nosso sofrimento e tornar o esporte seguro para as gerações futuras", escreveram.

As quatro estiveram entre as dezenas de vítimas que se manifestaram contra Nassar, condenado a até 175 anos de prisão em 2018.

O USOPC defendeu sua forma de lidar com o caso. "A carta endereçada ao Congresso ressalta sua preocupação e reconhecemos a bravura das atletas sobreviventes que continuam a apresentar essas questões", disse o comitê em um comunicado enviado à Reuters. "A carta faz referência a questões que o USOPC tem abordado por mais de dois anos -e o trabalho que continuamos a fazer todos os dias."

O USOPC também disse que "implementou as reformas de governança mais abrangentes em quase duas décadas" e está "totalmente comprometido em lidar com o abuso sexual em todos os níveis do esporte".

A carta das atletas foi endereçada aos senadores Richard Blumenthal e Jerry Moran, responsáveis por um projeto de lei aprovado no ano passado que dá ao Congresso o poder de dissolver a diretoria do comitê em determinados casos.

Em resposta, Blumenthal declarou que o Congresso deveria "desenvolver procedimentos para indicar uma nova diretoria antes de dissolver a antiga", que precisariam ainda ser aprovados pela Câmara e pelo Senado.

"Esperamos continuar nosso trabalho juntos para garantir que o USOPC seja considerado responsável pelas falhas do passado", disse.

No mês passado, as ginastas compareceram a um painel do Senado, em que criticaram o FBI por não investigar o assunto adequadamente.

O Departamento de Justiça dos EUA abriu no início deste mês um novo inquérito para apurar as falhas do FBI em sua investigação sobre Nassar.