BARRADOS NO BAILE
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 20 de janeiro de 2000
Lúcio Horta
De Londrina
Estava na cara que ia dar confusão: deficientes físicos e crianças menores de 10 anos tiveram dificuldades para entrar ontem no Estádio do Café. O problema foi a indefinição da Comissão Organizadora do Pré-Olímpico sobre quem pagaria ou não pelos ingressos. Primeiro a informação foi que deficientes e crianças menores de 10 anos teriam entrada franca; um dia depois, os organizadores voltaram atrás e decidiram que crianças menores de 10 anos pagariam meia-entrada e que deficientes pagariam ingresso cheio.
Por causa da informação inicial, muitos pais e deficientes foram até o Café na esperança de não pagar para ver o jogo. Acabaram barrados e houve princípio de tumulto. Alguns discutiram acirradamente com Jair Gravena, membro da comissão responsável pelos ingressos e também secretário municipal de Fazenda.
Estamos sendo feitos de palhaço, revoltou-se Paulo Santana, que estava com o filho de 7 anos e o filho de um amigo. Ele teria recebido a informação de que criança não pagaria ingresso numa agência da Caixa posto oficial de venda. Santana só entrou no estádio depois que um amigo comprou ingressos. Mas não deixou de protestar, chamando Gravena de incompetente e leão de chácara.
Os deficientes físicos também tiveram problema. Nunca paguei ingresso aqui e agora estão exigindo. Agora, estou desprevenido, sem dinheiro, reclamava Aristides Camargo. Isso é uma vergonha, desorganização total.
Eliseu Marques Monteiro, 67 anos, também teve dificuldades e só acabou entrando por causa de outro torcedor, que se penalizou com a situação. Nunca paguei e agora querem cobrar. Não tenho R$ 5,00. Agora eu não sei o que fazer, disse, depois de ser barrado na primeira vez.
Na segunda tentativa de Eliseu, outro torcedor, o comerciante Ronaldo José da Silva, deu o próprio ingresso para o deficiente. Achei isso um absurdo! Deficiente, e ainda de idade, não deveria pagar nada. Prefiro assistir ao jogo do lado de fora do estádio e deixar ele entrar. O problema é a organização, péssima.
Questionado sobre o problema, Jair Gravena negou que a organização tivesse anunciado a isenção. Depois de que a reportagem insistiu que houve o anúncio, ele admitiu que alguém sem responsabilidade teria dado a informação. Mas depois foi anunciado n vezes que pagariam, disse. E, em 30 mil pessoas, apenas meia dúzia está reclamando.
A assessoria de imprensa da Caixa informou que assim que a organização do Pré comunicou oficialmente a alteração da regra sobre deficientes e menores, todas as agências foram avisadas. Mas como isso ocorreu no final do primeiro dia da venda dos ingressos, neste intervalo é possível que alguém tenha recebido informação errada.