Lúcio Horta
De Londrina
Estava na cara que ia dar confusão: deficientes físicos e crianças menores de 10 anos tiveram dificuldades para entrar ontem no Estádio do Café. O problema foi a indefinição da Comissão Organizadora do Pré-Olímpico sobre quem pagaria ou não pelos ingressos. Primeiro a informação foi que deficientes e crianças menores de 10 anos teriam entrada franca; um dia depois, os organizadores voltaram atrás e decidiram que crianças menores de 10 anos pagariam meia-entrada e que deficientes pagariam ingresso cheio.
Por causa da informação inicial, muitos pais e deficientes foram até o Café na esperança de não pagar para ver o jogo. Acabaram barrados e houve princípio de tumulto. Alguns discutiram acirradamente com Jair Gravena, membro da comissão responsável pelos ingressos – e também secretário municipal de Fazenda.
‘‘Estamos sendo feitos de palhaço’’, revoltou-se Paulo Santana, que estava com o filho de 7 anos e o filho de um amigo. Ele teria recebido a informação de que criança não pagaria ingresso numa agência da Caixa – posto oficial de venda. Santana só entrou no estádio depois que um amigo comprou ingressos. Mas não deixou de protestar, chamando Gravena de ‘‘incompetente’’ e ‘‘leão de chácara’’.
Os deficientes físicos também tiveram problema. ‘‘Nunca paguei ingresso aqui e agora estão exigindo. Agora, estou desprevenido, sem dinheiro’’, reclamava Aristides Camargo. ‘‘Isso é uma vergonha, desorganização total.’’
Eliseu Marques Monteiro, 67 anos, também teve dificuldades e só acabou entrando por causa de outro torcedor, que se penalizou com a situação. ‘‘Nunca paguei e agora querem cobrar. Não tenho R$ 5,00. Agora eu não sei o que fazer’’, disse, depois de ser barrado na primeira vez.
Na segunda tentativa de Eliseu, outro torcedor, o comerciante Ronaldo José da Silva, deu o próprio ingresso para o deficiente. ‘‘Achei isso um absurdo! Deficiente, e ainda de idade, não deveria pagar nada. Prefiro assistir ao jogo do lado de fora do estádio e deixar ele entrar. O problema é a organização, péssima.’’
Questionado sobre o problema, Jair Gravena negou que a organização tivesse anunciado a isenção. Depois de que a reportagem insistiu que houve o anúncio, ele admitiu que ‘‘alguém sem responsabilidade’’ teria dado a informação. ‘‘Mas depois foi anunciado ‘n’ vezes que pagariam’’, disse. ‘‘E, em 30 mil pessoas, apenas meia dúzia está reclamando.’’
A assessoria de imprensa da Caixa informou que assim que a organização do Pré comunicou oficialmente a alteração da regra sobre deficientes e menores, todas as agências foram avisadas. Mas como isso ocorreu no final do primeiro dia da venda dos ingressos, neste intervalo é possível que alguém tenha recebido informação errada.