Baby volta à terrinha e dedica carreira ao avô
Bronze por equipes em Paris, judoca Rafael Silva visita Rolândia e conta detalhes da vitoriosa história construída no judô
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 22 de agosto de 2024
Bronze por equipes em Paris, judoca Rafael Silva visita Rolândia e conta detalhes da vitoriosa história construída no judô
Caroline Knup, especial para a FOLHA
Medalhista de bronze nas Olimpíadas de Paris, em 2024, o judoca Rafael Silva, o "Baby", retornou às origens da infância e adolescência na manhã desta quinta-feira (22) ao visitar o Colégio Estadual Souza Naves, em Rolândia (Região Metropolitana de Londrina).
Nascido no Mato Grosso, o atleta de 37 anos veio para o Norte do Paraná ainda criança. Em Rolândia, iniciou a carreira esportiva aos oito anos nas aulas de karatê.
"Meu avô me colocou no karatê e fiz aulas até os 12 anos. Depois, meu professor foi embora para a Espanha e, no mesmo lugar, começaram a oferecer aulas de judô. Comecei o judô por hobby aos 15 anos e, por conta do meu tamanho, comecei a me destacar nas aulas", explica.
Adaptado ao judô, Baby começou a participar de competições no Paraná. A virada de chave na carreira veio aos 18 anos quando, ao participar de um campeonato nacional, professores do Projeto Futuro, de São Paulo, o convidaram para um teste.
Em 2008, recebeu um patrocínio do Clube Pinheiros, onde atua até hoje. "O começo da minha carreira Olímpica aconteceu com esse convite para ir morar, treinar e estudar em São Paulo, mas nada disso teria acontecido sem o meu avô, que foi meu grande incentivador. Ele foi minha inspiração, assim como os professores de judô que tive aqui em Rolândia, que sempre me apoiaram a seguir o que seria melhor para o meu desenvolvimento", conta.
JOGOS OLÍMPICOS
Logo na primeira Olimpíada em 2012, em Londres, Baby conquistou o bronze aos 25 anos. Nas Olimpíadas do Rio, em 2016, o judoca conquistou novamente o bronze. Em sua terceira participação olímpica, nos Jogos de Tóquio 2020/21, ele não subiu ao pódio.
Com persistência, chegou à sua quarta participação em Olimpíadas em Paris e conquistou o bronze na prova por equipes mistas.
"Disciplina e resiliência são os segredos para chegar a uma Olimpíada, porque o ciclo de treinos é muito desgastante e não podemos desistir. Os atletas precisam se entregar todos os dias e buscar um equilíbrio entre o físico e o emocional", ensina.
O bronze em Paris deu a Silva um título inédito: o judoca, entre homens e mulheres, mais velho da história a subir ao pódio, superando o atleta alemão Arthur Schnabel, que tinha 36 anos quando ganhou medalha em Los Angeles, em 1984.
Baby se tornou o primeiro brasileiro da modalidade a ter três pódios olímpicos, superando Aurélio Miguel, Tiago Camilo e Leandro Guilheiro, que têm dois.
PLANOS
Aos 37 anos, o judoca anunciou que irá se aposentar das Olimpíadas. Isso não significa, porém, que se despedirá do esporte.
"Não consigo mais seguir na rotina de treinos. Passar por todo o ciclo olímpico e pelo ranqueamento é muito difícil, então, acho que esse é um bom momento para fazer uma transição de carreira. Vou continuar envolvido com o judô para devolver um pouco do que o esporte fez por mim", revela.
Nessa nova etapa, Baby tomou a decisão de continuar em território paulistano porque lá há um maior incentivo para que as crianças comecem a se desenvolver nas mais variadas modalidades esportivas.
"O esporte já ensina valores que os atletas usam em diversas áreas da vida e o judô, especialmente, foi criado no Japão com base em uma filosofia que traz algumas coisas a mais quando pensamos na parte educacional. Há pilares da modalidade, como o 'ceder para vencer', que são muito importantes. Isso sem falar que o judô é um esporte altamente democrático: o esforço, quando aliado ao talento, traz resultados. Meu principal objetivo é trazer acesso à modalidade para que os talentos possam aparecer e para que possamos ter outros Babies realizando seus sonhos", valoriza o campeão olímpico.