BELO HORIZONTE, MG (UOL/FOLHAPRESS) - Em seu encontro mais recente, em 21 de dezembro do ano passado, o conselho deliberativo do Atlético-MG não só aprovou sem restrições o orçamento da equipe para a temporada de 2022, mas também discutiu a eventual transformação do clube em uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol) —afinal, três dias antes, o rival Cruzeiro havia sido comprado por Ronaldo.

De acordo com a diretoria alvinegra, será inevitável que o Atlético também se torne uma SAF futuramente. No entanto, antes de abrir o clube para propostas, existe um planejamento para redução da dívida, que estava em R$ 1,3 bilhão no último balancete financeiro divulgado pelo time, em setembro de 2021.

A explicação passada aos conselheiros vai além do impacto imediato nas finanças do clube, como apurou a reportagem. A cada ano o serviço da dívida gira entre R$ 50 e R$ 60 milhões, dinheiro que poderia ser aplicado no futebol mas é usado para pagar juros. Com uma eventual redução da dívida, o Atlético também elevaria seu valor de mercado consideravelmente. Portanto, seria uma verba maior para ser injetada no time de futebol.

Por mais que veja a SAF como algo inevitável, a direção do Atlético passou aos conselheiros que não existe uma pressa para a mudança em relação ao formato atual. O clube encomendou um estudo para avaliar os impactos ao se tornar uma empresa, e também vai usar os próximos meses para observar de perto o que vai acontecer com outras equipes brasileiras que já aderiram ao novo modelo. Botafogo, Cruzeiro e Vasco são alguns dos exemplos.

A grande prioridade no orçamento do Atlético para 2022 é a venda de 49,9% de um shopping localizado na região centro-sul de Belo Horizonte. A outra metade o clube aceitou vender em 2017, para usar o dinheiro na construção da Arena MRV. Assim como aconteceu há cinco anos, a negociação do imóvel depende da aprovação do conselho deliberativo. Antes de colocar em pauta o assunto SAF, a diretoria alvinegra vai tentar vender o empreendimento comercial.

De acordo com o orçamento aprovado no fim do ano passado, a venda do shopping deve render R$ 350 milhões ao Atlético, dinheiro que seria utilizado para o pagamento de dívidas. Embora o valor citado pareça pouco perto dos R$ 1,3 bilhão de dívida, a estratégia do clube é usar o montante na mão para conseguir bons descontos em caso de pagamentos à vista.