Concentração, força, disciplina, superação. Conceitos fundamentais a qualquer atleta, mas que ganham uma conotação ainda maior para os atletas que participam dos Parajaps (Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná), cujas disputas se encerram neste domingo (18).

Na manhã deste sábado (17) foram realizadas diversas competições como Goalball, Golf 7, Natação, Parataekwondo e Basquete, entre outras. Ao todo participam 1300 atletas, de 43 municípios, com Londrina sendo representada em nove modalidades. Mais do que mostrar o bom desempenho dos atletas, os jogos são ótima oportunidade de conhecer histórias de vida e superação.

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| Foto: Saulo Ohara



Quebrando paradigmas, a equipe de golf 7 de Maringá é composta exclusivamente por autistas, alunos da AMA (Associação Maringaense de Autismo). Ademir Anastácio Antônio, um dos professores e técnicos da instituição afirma com orgulho que é a única equipe de golf formada só por autistas e que o esporte foi escolhido justamente como forma de auxiliar na concentração e memorização dos atletas e alunos.

"É uma atividade oferecida para todos os alunos da instituição como um benefício terapêutico e ai fomos convidando os alunos para competir. Nosso maior desafio foi justamente fazer a interação social, para isso fizemos vários treinamentos antes. Eles não conseguiam ficar em lugares barulhentos, tinham dificuldades para jogar, ficavam nervosos", conta.

Para benefício da equipe, no início cada um dos seis atletas tinha direito de levar um parente para as competições, o que se tornou desnecessário com o passar do tempo. Atualmente apenas um dos jogadores ainda precisa da presença da mãe. Outra diferença em relação aos outros atletas é que durante as competições a equipe fica hospedada em hotéis, já que a rotina dos alojamentos poderia ser desgastante para os atletas. A equipe também passou a contar recentemente com a presença de uma psicóloga esportiva. O objetivo segundo Antônio é que outros alunos comecem a competir no xadrez e no atletismo.

Aos 15 anos, Anne Caroline Melo de Sousa é uma das atletas de Maringá. "Comecei a treinar golf, gostei e fui convidada para competir. Escolhi a tacada porque é mais calmo", diz ela, justificando o motivo de ter escolhido a categoria onde o objetivo é acertar o buraco com o menor número de tacadas.

Exigindo concentração, firmeza e precisão, o golf pode ser o esporte ideal para quem precisa aprender a focar a atenção em algo. E foi justamente por esse motivo que os professores da atleta curitibana Tuani Cherise, 25, a incentivaram a treinar o Golf 7. "Eu gostava de esportes e depois de um tempo percebi que tinha jeito (para o golf). Eu treino quase todos os dias e com ele fiz muitos amigos", conta, acrescentando ter ficado em segundo lugar na categoria Cross no Parajaps Londrina. "O golf ajudou-a a baixar a ansiedade e trouxe mais concentração em sala de aula", explica Joelma Rocha Cluck, professora de educação física na Escola de Educação Especial Mercedes Stresser, da capital paranaense.

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| Foto: Saulo Ohara



Morador de Nova Aurora, o atleta Cosme Breno compete pelo time de Cascavel no Handbol. Aos 20 anos, ele conta que começou no time de futsal e hoje também faz parte do time de atletismo. "Meus preferidos são o handbol e o atletismo. Comecei com 100 metros, depois fui para 400, e agora estou no 1500 (metros). Comecei a competir a convite do professor da Apae e fui trocando de modalidade. Gosto bastante de viajar e fiz vários amigos", diz, ansioso para a próxima competição, que deve ser realizada em Canoas, no Rio Grande do Sul.

Atleta da delegação de Apucarana, Douglas Henrique de Oliveira há cinco anos participa da equipe de handbol. Além disso também joga Golf 7, modalidade em que já foi campeão. "O esporte me traz mais saúde e também me possibilitou conhecer vários lugares", afirma.

Técnico da equipe de handbol de Apucarana, o professor da Apae Odilei Vinícios dos Santos explica que através do esporte os atletas podem desenvolver a parte física, emocional e social. "Tenho alunos que não conseguiam nem segurar a bola. O esporte é importante para a interação social, alguns tinham dificuldade de se relacionar. E para muitos é através do esporte que conseguem conhecer outros lugares. Vejo que a sociedade está mais aberta, eles têm limitações como qualquer um de nós", diz.

Fernando Madureira, presidente da FEL (Fundação de Esportes de Londrina) se mostra satisfeito com o resultado dos jogos e ressalta o grande desempenho dos atletas, além da equipe organizadora da competição. "Tivemos apenas três semanas para organizar o evento e conseguimos realizar uma das melhores aberturas. Se Londrina não tivesse aceitado sediar o evento ele não teria acontecido."

Sandro dos Santos, coordenador geral dos Parajaps em Londrina destacou que a maior preocupação foi justamente com a acessibilidade dos locais de competição e dos alojamentos. Ao todo 14 escolas foram preparadas para receber os atletas.

COMPETIÇÕES

As partidas continuam na tarde deste sábado (17), a partir das 14 horas e no domingo pela manhã (18), a partir das 9 horas.


Sábado

Basquete - UniFil Campus Clube

Goalball - Apae Londrina

Golf 7 - Zerão

Handebol em Cadeira de Rodas - Moringão

Handebol DI (deficiência intelectual) - Moringão

Natação - Londrina Country Club

Parabadminton - Ilece Londrina Cafezal

Parataekwondo - Centro de Treinamento Associação Madureira de Taekwondo

Voleibol Paraolímpico - Colégio Londrinense


Domingo


Basquete - UniFil Campus Clube

Goalball - Apae Londrina

Handebol em Cadeira de Rodas - Moringão