Enfim, Jorge Jesus abriu seu coração. Massacrado por "colegas" de trabalho brasileiros, o técnico do Flamengo se posicionou sobre as críticas que vem recebendo desde que virou "o salvador do futebol brasileiro". Disse que não veio para cá tirar o emprego de nenhum treinador local e que não entende o motivo de tanta "agressividade verbal" dos companheiros de profissão para com ele.

Jesus não cometeu nenhum pecado por aqui. Pelo contrário. Veio profetizar a boa nova de que o futebol respira em terras tupiniquins. Veio mostrar que não precisa de milagre para ressuscitar o futebol brasileiro, que estava morto nas mãos de técnicos retranqueiros, resultadistas e corporativistas.

Jesus veio cumprir seu trabalho, de fazer seu time jogar futebol e que é o que grandes treinadores fazem por esse mundão de Deus.

Veio mostrar que está nos mandamentos da bola a necessidade de atacar o adversário, de procurar o primeiro gol, o segundo, o terceiro e aí por diante.

Jesus veio mostrar que não está nas regras do jogo recuar após marcar um gol, poupar um time inteiro em um jogo do Brasileirão porque na rodada seguinte tem duelo contra o "poderoso" Real Garcilaso, que a única forma de fazer gols é cruzando 800 bolas na área...

Jesus e Jorge Sampaoli, coincidentemente outro estrangeiro, mostraram que é possível jogar futebol. Isso mexeu com o mercado corporativista nacional, em que um medalhão coloca um time de tradição e elenco forte na zona de rebaixamento, é demitido e, como prêmio, é contratado por um outro time com elenco estrelado.

Ao invés de criticar e tentar desdenhar do trabalho do português e do argentino, os treinadores brasucas deveriam tirar lições do trabalho deles, aproveitando esse "curso gratuito e presencial" que estão tendo. Dos veteranos acomodados já era de se esperar, mas me surpreende os mais jovens também pensarem dessa forma.