Asfalto liso: o problema dos gramados sintéticos
O manifesto dos jogadores de futebol profissional contra os pisos sintéticos é válido
PUBLICAÇÃO
domingo, 23 de fevereiro de 2025
O manifesto dos jogadores de futebol profissional contra os pisos sintéticos é válido
Julio Oliveira

Jamais na história do automobilismo houve discussão quanto à possibilidade de uma pista não ser totalmente adequada para uma prova. Asfalto remendado ou com buracos ou ondulações nunca estiveram em nenhum calendário de qualquer categoria que fosse. Primário para uma corrida de carro é o asfalto em ótimas condições. O máximo que a história lembra é de pistas recapeadas em que acabaram ficando mais ásperas (abrasivas), gerando mais desgaste de pneus.
Quadras, tatames, piscinas ou pistas de atletismo sempre tiveram condições mínimas para competições de importância. Necessário? Sim, claro e óbvio. O atleta precisa do mínimo para apresentar seu desempenho em busca de marcas que não podem ser obstruídas por falta de condições. Este mínimo começa com o local de competição.
É claro que num país como o Brasil, em que o esporte amador é tratado com amadorismo, há muitas situações de desrespeito para treinamentos, mas não para competições. O que eu quero dizer é que não se disputa um Brasileiro de basquete em quadra de madeira faltando tábuas ou a Liga Nacional de Futsal em quadras com piso de materiais diferentes e inadequados.
O manifesto dos jogadores de futebol profissional contra os pisos sintéticos é válido. É importante e relevante. E nem deveria existir a reivindicação mínima desta condição de trabalho, mas no Brasil o futebol profissional sempre teve menos respeito no tratamento do que sua importância histórica. Adoramos, para as exceções, mencionar o tal “futebol raiz”.
A CBF se vangloria ao distribuir R$ 500 milhões em premiação na Copa do Brasil, mas permite jogos em estádios precários, com gramado ruim, alambrado sem segurança, iluminação deficiente e acomodações horrorosas. Isso é um grande torneio? É democrático de verdade?
De toda essa discussão, que será longa, é positivo o envolvimento de uma classe que se manifesta pouco. Os jogadores sempre preferiram defender interesses individuais, o que fez uma categoria fraca em conquistas coletivas. Agora, pode ser um avanço para outras mudanças como horários e excessos de jogos. Afinal, quando o calo aperta é que se grita.

