Um grupo de arquitetos de Londrina elaborou um projeto para melhorias no Estádio do Café, aproveitando boa parte da estrutura já existente. Os profissionais do escritório Ser Arquitetos visam promover uma discussão sobre a cidade e chamar a atenção para a importância de se ter um estádio à altura de Londrina. O estudo foi apresentado ao prefeito Marcelo Belinati (PP), que disse vê-lo "com bons olhos", mas ressalvando a necessidade uma parceria público-privada para viabilizá-lo.

O arquiteto Antonio Dias Junior, que é torcedor do Londrina, conta que costuma frequentar o Café e “sente na pele” a falta de infraestrutura do estádio, inaugurado em 1976. “Me pareceu que era o ponto ideal para a gente escolher como intervenção o próprio estádio, porque é emblemático para a cidade, é gigantesco e está gritando por ajuda”, diz.

A intervenção mais significativa é a instalação de uma cobertura única, em formato oval, que cobre todo o estádio
A intervenção mais significativa é a instalação de uma cobertura única, em formato oval, que cobre todo o estádio | Foto: Divulgação/Ser Arquitetos

É uma tentativa de o escritório tomar partido e ajudar a pensar a cidade de Londrina. Junior afirma que, mais importante do que o projeto ser de fato construído como está posto, é “que ele abra os olhos da população para o que pode ser feito”.

“Nós desenvolvemos um estudo preliminar completo para mostrar até onde dá pra ir sem ser uma coisa mirabolante, aproveitando muito do que já está construído e fazendo intervenções pontuais, até para que seja uma coisa mais palpável”, acrescenta.

A intervenção mais significativa é a instalação de uma cobertura única, em formato oval, que cobre todo o estádio. O intuito é que, na entrada, seja feita uma praça pública com lojas e outros estabelecimentos. Nas arquibancadas, que ainda acomodam 30 mil pessoas, seriam colocadas cadeiras nas cores do LEC.

“A matéria que cobre as pessoas é uma tela tensionada, que assim como os antigos holofotes, ao acender se transforma em uma grande lanterna, que irá anunciar não só os eventos da cidade, mas anunciar um novo momento para o Estádio do Café”, diz o texto de divulgação do projeto.

O arquiteto explica que o projeto reorganiza os acessos do estádio, cria espaços para a imprensa, camarotes e faz mudanças nos vestiários, que passam a ser subterrâneos.

“No nível inferior foram inseridos novos vestiários para cada time com: salas de massagem, hidro, banheiros maiores, imprensa e treinador, todos esses ambientes dão acesso à zona mista que leva ao gramado”, continua o texto. “Ainda no nível enterrado foram posicionados: as salas para emissoras de TV, coletiva de imprensa, enfermaria, recepção médica e áreas técnicas como oficina e depósito. A parte superior da praça convida as pessoas a permanecerem ou entrarem pelas novas bilheterias dos portões A e B.”

Junior explica que, com as mudanças, o Café passa ser um estádio multiuso, podendo receber grandes eventos de qualquer natureza. Por isso, parcerias público-privadas podem ajudar a viabilizar o projeto.

“O principal ponto é iniciar uma discussão, despertar tanto no poder público, de repente no poder privado, e na população, de que é possível e que a gente precisa. Muitas vezes a gente se acostuma com a dor, mas o problema está ali. Londrina é uma cidade moderna, rica, que não tem um estádio à sua altura”, diz o arquiteto. “É um problema e estamos dando uma solução para pelo menos começar a conversar sobre.”

BELINATI DIZ QUE PPP PODERIA VIABILIZAR PROJETO

O prefeito Marcelo Belinati (PP) disse que a iniciativa dos arquitetos é positiva e que o projeto "ficou lindo e maravilhoso”.

“É um sonho para a cidade de Londrina. Nós já fizemos os marcos legais das parcerias público-privadas em Londrina, estamos dando encaminhamento para a rodoviária agora, na sequência provavelmente o autódromo, e seria muito bacana a questão do estádio do Café”, citando que é inviável fazer a obra com recursos públicos. “É um sonho para a cidade de Londrina e eu vejo com bons olhos.”

Imagem ilustrativa da imagem Arquitetos apresentam projeto de modernização do Café
| Foto: Divulgação/Ser Arquitetos

O presidente da FEL (Fundação de Esportes de Londrina), Marcelo Oguido, diz que oficialmente ainda não recebeu nenhuma sugestão para mudanças no Café, mas que uma parceria público-privada pode ser o caminho para as melhorias no espaço. “Só dependendo do poder público, fica bem complicado. Essa parceria público-privado é o caminho em vários espaços. Fazer um projeto bacana, que a gente consiga atender a comunidade da melhor forma possível”, citando que, melhorias aos moldes do projeto dos arquitetos seriam “uma transformação diferenciada, é um caminho muito bacana”.

Já o presidente da Codel (Instituto de Desenvolvimento Econômico de Londrina), Alex Canziani, diz que fica “muito satisfeito” com a iniciativa que deu origem ao projeto. Também, adianta que a administração está buscando uma outra dinâmica para o estádio, o autódromo e o kartódromo localizados na região, em uma área de 484.000 m².

“O projeto que nós temos hoje é fazer a construção desses equipamentos em outro lugar da cidade, onde o empreendedor faria isso na zona sul, na zona norte, onde achasse condição para isso, e em troca o município daria aquela área para ele poder empreender”, explicando que um empresário já fez uma proposta nesse sentido e que isso está sendo estudado.