SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Al Horford passou nove anos no Atlanta Hawks. Participou de bons times, mas o máximo que conseguiu foi chegar a uma final de Conferência Leste, em 2015, com derrota por 4 a 0 para o Cleveland Cavaliers. Mudou de ares, na esperança de que a história seria diferente no Boston Celtics, e novamente falhou na tentativa de superar a barreira da decisão de conferência.

Após três temporadas vestindo verde, o dominicano teve passagens frustrantes por Philadelphia 76ers e Oklahoma City Thunder. Agora, de volta ao Boston Celtics, ainda que um tanto distante da imposição física que o fez ser escolhido cinco vezes para o Jogo das Estrelas da NBA, é uma peça importante de uma equipe a dois jogos do título.

O ala-pivô completou 36 anos na última sexta-feira (3). Na véspera, em sua 15ª temporada na liga norte-americana de basquete e em sua 13ª investida nos "playoffs", esteve pela primeira vez em uma partida da série derradeira, melhor de sete. Após tanta espera, fez questão de que a noite fosse memorável.

Os Celtics estavam nas cordas em San Francisco, dominados pelo Golden State Warriors nos três quartos iniciais. Suas jovens estrelas, Jayson Tatum, 24, e Jaylen Brown, 25, tinham desempenho fraco. Então, o experiente Horford comandou uma reação fulminante e a virada, 120 a 108. Anotou 26 pontos, 11 deles no último período.

"A verdade é que é só ir lá e jogar basquete", disse o ala-pivô, que acertou 9 dos 12 arremessos de quadra que tentou. "Claro, esperei a minha vida toda pela chance de jogar a final, mas estava confortável. E quis transmitir essa tranquilidade para os companheiros, acima de tudo. Queria que estivessem leves, porque era só mais um jogo."

Eles não estavam, sobretudo alguns dos mais jovens. Tatum, na primeira partida, converteu 3 de 17 tentativas. Na segunda, também em San Francisco, Brown pôs 5 bolas na redinha em 17 chances. Os Warriors demonstraram superioridade e triunfaram por 108 a 77, empatando o confronto decisivo.

Com um intervalo de três dias até a terceira partida da série, em Boston, Horford conversou bastante com Tatum, Brown e também Marcus Smart, 28. O dominicano nunca foi o tipo falante, mas percebeu que tem uma voz respeitada e, embora ainda possa contribuir de maneira impactante na quadra, é útil também de outras maneiras.

"Eu sentia que me segurava um pouco. O professor Daigneault [Mark, técnico do Oklahoma], antes de eu sair, disse: 'Ei, tenha certeza de que você falou o que pensa, porque você fala, os caras ouvem; você não percebe o impacto que pode ter’. Então, desta vez, eu disse a mim mesmo: vou realmente me manter envolvido com os caras", afirmou.

Mesmo com a natureza dócil de Al, falar pode causar atritos. Em dezembro, quando ainda patinavam, os Celtcs tiveram uma derrota de virada para o frágil e severamente desfalcado Minnesota Timberwolves. "Nós temos que nos olhar no espelho, individualmente e como um time", disse Horford. "Ah, olhar no espelho? Sem comentários", esbravejou Brown.

Em seguida, o Boston engrenou. Após um início de temporada com 25 vitórias e 25 derrotas, os comandados de Ime Udoka venceram 26 das 32 partidas restantes na fase de classificação e avançaram à decisão, deixando para trás Brooklyn Nets, Milwaukee Bucks e Miami Heat. Ao fim do triunfo no jogo 1 contra os Warriors, Brown já não estava tão chateado com Horford.

"Fenomenal! É o que queremos, é do que precisamos, aquela liderança de um veterano para nos carregar. Ele veio e, em seu primeiro jogo nas finais, foi incrível. Ele nos carregou à vitória", vibrou o ala-armador. "Al é o nosso velho de guerra, cara. Ele trabalha. Ninguém merece mais estar aqui do que ele", acrescentou Smart.

No jogo 3, Horford teve mais uma noite produtiva, com 11 pontos, 8 rebotes, 6 assistências e uma contribuição no garrafão defensivo –onde os Warriors foram sufocados– que não pode ser medida em números. Desta vez, os jovens também foram bem, e o Boston abriu 2 a 1 na decisão, vencendo por 116 a 100.

O dominicano precisou disputar 141 partidas de "playoffs" até finalmente atuar na decisão, no grande palco, um recorde na história da NBA. "A espera fez este momento mais doce. Eu me sinto grato por estar vivendo isto, e sinto que é minha hora. É empolgante fazer parte disto tudo", declarou.

A grande meta, evidentemente, não é simplesmente participar das finais. A taça está a duas vitórias de distância –e pode ficar ainda mais perto nesta sexta-feira (10), às 22h (de Brasília), com transmissão de Band, ESPN 2 e Star+–, o que fez o camisa 42 recordar o momento de sua chegada aos Celtics, uma reunião da qual participou o dono do time, Wyc Grousbek.

"Eu me lembro vividamente. O Wyc estava usando o anel de campeão de 2008. E, sabe, aquele negócio é enorme! Ele ficava falando, gesticulando com a mão, e eu só olhava para aquilo, meus olhos estavam ali. Foi algo que realmente me impactou, todos aqueles diamantes. É o que estou buscando: estar em posição de conseguir um desses para mim."