BELO HORIZONTE, MG (UOL/FOLHAPRESS) - No começo de setembro, quando faltavam 16 rodadas para o fim da Série B do Campeonato Brasileiro, o técnico Vanderlei Luxemburgo traçou uma meta para o Cruzeiro: vencer dez jogos e pontuar pelo menos em outros cinco. Desde que essa aritmética audaciosa passou a valer nos cálculos cruzeirenses, o time venceu apenas uma vez (Ponte Preta), empatou duas (Operário e Vasco) e perdeu outra (CSA). E justamente esse tropeço —que terminou em confusão no Independência— deixou ainda mais minguadas as possibilidades de acesso da equipe. Agora só um milagre para o Cruzeiro voltar à Primeira Divisão.

O que já era difícil antes do jogo contra o CSA agora se tornou ainda mais complicado. Faltando 12 rodadas para o fim da Série B de 2021, o departamento de matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que o Cruzeiro tem ínfima chance de acesso: 0,18%.

Nos cálculos da UFMG, um time tem mais de 99% de chance de garantir o acesso se atingir 65 pontos. Nos últimos seis anos essa pontuação foi a de corte [limite do quarto colocado] apenas uma vez, em 2015, quando o América-MG fechou o grupo dos quatro classificados à Série A. No ano passado o Cuiabá terminou na quarta colocação e subiu com 61 pontos.

Trabalhando em cima dos números apontados pela UFMG, o UOL Esporte traçou cenários para o Cruzeiro. Para atingir 64 ou 65 pontos, o que muito provavelmente daria uma vaga na Primeira Divisão, o time celeste —que tem 31 pontos e está na 13ª colocação— precisaria vencer 11 partidas e empatar outra, das 12 que lhe restam. Ou seja, os comandados de Vanderlei Luxemburgo precisariam de uma campanha superior a 94% de aproveitamento para atingir o objetivo do acesso. O rendimento atual da Raposa com o próprio treinador está em 51,85%.

Para chegar aos 63 pontos, que de acordo com os estatísticos da UFMG dariam a um clube 96,55% de chances de acesso, o Cruzeiro precisaria no mínimo de dez vitórias e dois empates nas próximas partidas, o que também seria uma missão bem complicada —necessidade de 88,88% de aproveitamento.

"A responsabilidade tem que existir. A gente não pode ainda falar 'acabou', temos que pensar na próxima temporada. Aí, vai jogar um balde de água fria em todo mundo e temos que terminar a competição. Temos que ter a responsabilidade de manter o Cruzeiro na Segunda Divisão, temos possibilidade de chegar, bem remota, mas temos que buscar isso aí. Quanto à minha permanência, dei uma declaração para acabar com isso, que por causa de salário atrasado eu iria embora, isso não existe. É buscarmos através da dificuldade que se apresentou para nós, com responsabilidade, encontrar o melhor momento, melhor situação de caminhar", disse Luxemburgo após a derrota para o CSA.

Das 12 partidas que restam ao Cruzeiro, seis serão em casa (Brasil-RS, Botafogo, Remo, Vila Nova, Brusque e Náutico) e as outras seis, fora (Guarani, Coritiba, Avaí, Londrina, Vitória e Sampaio Corrêa). Serão confrontos com equipes dos dois extremos da tabela, tanto com o líder Coritiba quanto o lanterna, atualmente o Brasil de Pelotas.

"Tem que ter muita tranquilidade neste momento, responsabilidade, saber que o clube passa por um momento de dificuldade, o time também. Temos que ter bastante calma para poder tomar as decisões que são as mais acertadas. Trabalhar sabendo que faltam alguns jogos para terminar, que existe a pontuação para chegar, mas cada vez que você se afasta fica mais difícil. Terminar, porque temos responsabilidade com o Cruzeiro. Temos que levantar a cabeça, isso é futebol. A gente sabe que é difícil, vai ser difícil, mas temos que encontrar a motivação através da responsabilidade", explicou Luxemburgo, abatido depois do revés para o CSA, o seu primeiro em sua terceira passagem pela Raposa.

O quarto colocado ao fim da Série B nos últimos anos:

2020/2021: Cuiabá - 61 pontos

2019: Atlético-GO - 62 pontos

2018: Goiás - 60 pontos

2017: Paraná - 64 pontos

2016: Bahia - 63 pontos

2015: América-MG - 65 pontos

2014: Avaí - 62 pontos