SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois da confusão nos vestiários do estádio do Mineirão após a eliminação do Boca Juniors da Copa Libertadores, comissão técnica e jogadores do clube argentino passaram a madrugada desta quarta-feira (21) numa delegacia de Belo Horizonte.

Eles prestaram depoimento por aproximadamente 12 horas. Ninguém foi detido, mas a equipe de Buenos Aires teve de pagar fiança de R$ 3.000 para dois membros da delegação serem liberados. O ônibus foi direto da delegacia para o aeroporto para que o clube retornasse à Argentina. Eles tiveram auxílio do consulado do país em Belo Horizonte durante o processo.

Três pessoas do clube, os jogadores Sebastián Villa, Cristian Pavón e Norberto Briasco, foram identificados por dano qualificado ao patrimônio do Mineirão e responderam ao processo em liberdade. Outros quatro assinaram um termo circunstanciado por lesão corporal e desacato. São eles os jogadores Marcos Rojo, Diego González, Carlos Zambrano e o dirigente Raul Cascini.

Em comunicado divulgado nesta quarta, assinado pelo presidente da equipe argentina, o clube afirmou ter sido "prejudicado de maneira traiçoeira", por uma interpretação "maliciosa e intencionada" do VAR. A nota, porém, nem sequer cita os episódios protagonizados pelos argentinos após a partida.

O Boca teve dois gols anulados pelo VAR no confronto contra o Atlético-MG, um em cada partida. Ambos os jogos terminaram 0 a 0 e a equipe mineira se classificou nos pênaltis.

Assim que foi o encerrado o duelo entre Atlético-MG e Boca Juniors na noite de terça (20), pela Copa Libertadores, uma grande confusão se formou na área dos vestiários do Mineirão. Eliminados nos pênaltis ao fim de um empate por 0 a 0, os jogadores do time argentino demonstraram revolta com a arbitragem e se envolveram em um confronto.

Nas imagens exibidas pelo canal Fox Sports, que fez a transmissão do duelo, é possível ver atletas utilizando grades de proteção e até um bebedouro como arma. De acordo com o Atlético-MG, o grupo da equipe argentina partiu na direção do vestiário dos árbitros na arena de Belo Horizonte e depois tentaram invadir a área do time anfitrião.

Em outra filmagem, os atletas da equipe Argentina avançam contra seguranças. É possível ver o zagueiro Marcos Rojo desferindo um soco contra um deles. Um terceiro vídeo mostra integrantes do Atlético-MG acuados no vestiário. Neste, o presidente da equipe mineira, Sergio Coelho, discute com os argentinos.

“No caminho, atacaram todos os que encontraram pela frente, além de quebrar bebedouros e grades”, disse o clube brasileiro, em nota. "O saldo foi de pessoas feridas, felizmente sem maior gravidade. Houve, inclusive, uma tentativa de agressão ao diretor de futebol do Atlético-MG, Rodrigo Caetano, com uma barra de ferro.”

A revolta acabou sendo contida por policiais militares, que fizeram uso de gás de pimenta. Na sequência, membros da delegação do Boca foram escoltados até uma delegacia para prestar depoimentos. Ninguém foi detido.

Toda a confusão ocorreu após a vitória por 3 a 1 do Atlético-MG nos pênaltis. Durante o empate sem gols no tempo normal, o juiz uruguaio Esteban Ostojich anulou um gol do Boca por impedimento, aos 17 minutos do segundo tempo, após consulta ao VAR (árbitro de vídeo).

Os argentinos não viram irregularidade no lance. Eles, que já se diziam prejudicados no jogo de ida, na Argentina, que também terminou empatado por 0 a 0, quando tiveram outro gol anulado pelo VAR, reclamaram muito em Belo Horizonte.

“Ganhamos os dois jogos e ficamos fora. Fizemos dois gols e não quiseram nos dar. O que está acontecendo é lamentável. Não nos deixaram passar de fase”, afirmou Juan Román Riquelme, ex-jogador e atual dirigente do clube argentino, ao canal TyC Sports.

“Por mais gols que fizéssemos, não nos deixariam passar. A Libertadores não está sendo séria. A Conmebol tem que colocar árbitros mais sérios. Estão brincando com o sentimento dos torcedores.”

Até a publicação deste texto, a Conmebol não tinha se manifestado sobre a confusão.