Depois de 50 anos, a ginástica rítmica (GR) de Londrina está pela primeira vez sem patrocinador. A Pitágoras/Unopar/Anhanguera anunciou o fim do investimento e a equipe londrinense corre o risco de acabar, em razão das dificuldades financeiras para manter o projeto. Referência na GR do Brasil, a equipe foi criada na década de 1970 pela família Laffranchi.

Desde então, o trabalho tinha o patrocínio da universidade criada pela família. Após a venda da Unopar ao grupo Kroton, o valor destinado à equipe foi sendo diminuído ano a ano. Passou de R$ 500 mil antes da pandemia para R$ 200 mil em 2022. Apesar do fim do patrocínio, o grupo educacional aceitou pagar as taxas de arbitragens e de inscrições das competições previstas para este ano - Paranaenses, Brasileiros e seletivas para competições internacionais. A equipe vai continuar usando também o ginásio para treinamento, localizado no campus Piza da Unopar.

"Sem este patrocínio, os pais vão ter que arcar com despesas como viagens, hospedagens e alimentação. Foi um baque muito grande para todos e sabemos que nem todos têm condição de pagar estes custos", frisou a ex-coordenadora da equipe, Dayane Camillo.

A equipe trabalha hoje com 200 ginastas, desde a iniciação até as de competição - pré-infantil, infantil, juvenil e adulta. O projeto conta com recursos do Feipe (Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos), por meio da Fundação de Esportes de Londrina, e do governo estadual. No entanto, os valores são insuficientes e destinados ao trabalho de revelação e atendimento a crianças carentes.

"O nosso maior problema é o conjunto, em que temos uma tradição grande e somos muito fortes. Se uma ginasta não tiver condição de ir, como fica a equipe? Você precisa colocar uma reserva ou então ninguém vai", lamentou Camillo.

tradição

A GR de Londrina sempre revelou grandes nomes para a ginástica do Brasil. Camila Ferezin, técnica da seleção brasileira, e Juliana Coradine, técnica da seleção juvenil, são londrinenses. Atualmente três atletas da cidade integram a seleção brasileira adulta: Julia Kurunczi, Nicole Pircio e Gabriela Coradine. Ayumi Kojima integra a seleção juvenil e conquistou três medalhas de ouro no Pan-Americano do ano passado.

Nas Olimpíadas de 2000 (Sidney) e 2004 (Atenas), a técnica Bárbara Laffranchi levou a seleção brasileira a duas finais olímpicas e na equipe estavam Camila Ferezin e Dayane Camillo. "Todos estes títulos que a equipe conquistou em todos estes anos são de Londrina. A GR faz parte de Londrina e Londrina faz parte da GR", frisou Camillo. "Sobre o futuro é uma interrogação grande. No ano que vem não haverá nem esta ajuda para as taxas e há uma preocupação de que a equipe possa acabar".

Diante do fim do patrocínio, Dayane Camillo também decidiu deixar a coordenação da equipe. "Me decepcionei um pouco com toda esta situação. Deixou a Unopar, mas não a GR. "Vou continuar com as ginastas, com as professoras e trabalhando para buscarmos outros patrocinadores e parceiros", comentou a ex-coordenadora.

Em nota, a universidade respondeu: "A Pitágoras Unopar Anhanguera ressalta que admira o trabalho realizado pelo time de ginástica rítmica, no qual a instituição é patrocinadora há 50 anos. A partir do próximo mês, o patrocínio ao time será mantido pela concessão dos espaços físicos, como quadra para treino e salas de aula, além de efetuar o pagamento das taxas dos campeonatos previstos para 2023”.