SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A saída de Fernando Alonso da Alpine foi uma bomba para a equipe e é só o começo de semanas tensas para os franceses. Tanto porque o espanhol deixou claro pela maneira como decidiu sair que não estava feliz com o tratamento que vinha tendo em sua tentativa de renovar com o time, quanto pela disputa envolvendo o futuro de Oscar Piastri, que foi anunciado nesta terça-feira (2) como piloto titular dos franceses em 2023. Mas disse que não vai correr por eles.

Pouco depois do anúncio dos franceses, Piastri fez a última coisa que era de se esperar de uma jovem promessa que acaba de ter seu sonho concretizado. Fez uma postagem em que diz não ter assinado com a Alpine para 2023, que o anúncio foi feito sem seu conhecimento e afirmando, categoricamente, que ele não vai correr com a Alpine na próxima temporada.

O motivo seria simples: Piastri já teria assinado para 2023, mas com a McLaren para o lugar de Daniel Ricciardo. Justamente a equipe com a qual a Alpine disputa pela quarta posição no campeonato de pilotos.

Para entender a situação do australiano, que nos últimos dois anos foi campeão, como estreante, da Fórmula 3 e Fórmula 2, é preciso voltar um pouco no tempo. Após seu título do ano passado, o piloto, formado pela academia da Alpine, fechou um contrato com os franceses para ser piloto reserva, mas com algumas condições. Eles deveriam lhe dar 5.000km de testes com carros de F1, duas sessões de treino livre, e uma vaga de titular garantida no grid em 2023.

Como titulares na F1, a Alpine tinha Esteban Ocon, sob contrato até o final de 2024 e Fernando Alonso com acordo até o final deste ano. A opção de renovar seria da equipe, então Alonso começou a pressionar fortemente para ficar no time, que por sua vez procurava um lugar para Piastri em outra equipe.

Em meio a rumores que o ligavam com um empréstimo à Williams, Piastri e seu empresário Mark Webber começaram a conversar com a McLaren de forma independente à Alpine. Ou seja, a ideia era sair do programa de jovens dos franceses e fazer seu próprio contrato. No GP da Hungria, no último final de semana, começou a correr o boato no paddock de que Piastri já tinha um pré-contrato com a McLaren.

Mas o cenário dos franceses tinha mudado dramaticamente. Sebastian Vettel anunciou na quinta-feira do GP da Hungria que se aposentará no final do ano e Alonso aproveitou as conversas que mantinha há anos com Lawrence Stroll, dono da equipe, para assinar rapidamente com o time britânico, que lhe ofereceu mais de um ano de contrato, como ele pleiteava. A chefia da Alpine só soube que seu piloto estava de saída quando viu o anúncio da rival, às 10h da manhã da segunda-feira (1º), pelo horário de Budapeste.

É por isso que a Alpine correu para confirmar Piastri já nesta terça-feira. Na visão deles, tudo o que está no atual contrato do piloto australiano, aquele que tem cláusulas também sobre garanti-lo no grid em 2023, foi cumprido, então ele continua válido e garante o piloto na Alpine.

Piastri e Webber parecem ter outra visão e entendem que, para se tornar piloto titular da Alpine em 2023, ele teria que assinar outro contrato.

Então a Alpine foi de uma situação privilegiada, de ter Alonso querendo ficar e ter o luxo de não aceitar a proposta do espanhol de um contrato de dois anos para garantir que Piastri tivesse uma chance o quanto antes no time, a perder o espanhol e a jovem promessa.

Essa é uma disputa que promete ter outros capítulos. A Alpine fará de tudo para não perder Piastri pois esses pilotos que vencem logo em seus primeiros anos nas categorias de base são muito valorizados e, é claro, também porque investiu muito na carreira dele. Mas esse passo de tornar público que a equipe anunciou sua contratação sem seu conhecimento mostra a determinação de Piastri de seguir seu caminho.