LONDRES, REINO UNIDO (UOL-FOLHAPRESS) - Fernando Alonso é um cara supersticioso com números e tem um apego especial ao 14 que, não coincidentemente, usa na Fórmula 1. Diz ele que até mesmo seu número do quarto do hotel tem que resultar em 14 de alguma forma, somando, subtraindo ou dividindo os números, caso contrário, ele pede para mudar. Então é bem provável que ele se veja no 14º lugar no campeonato após três etapas disputadas e enxergue isso como um sinal de que sua sorte vai mudar. Até porque a sua equipe, a Alpine, já mostrou que tem potencial para fazer muito mais do que isso.

O azar do espanhol até aqui é daqueles de despertar qualquer ajuda possível das superstições. Na Arábia Saudita, ele estava em sétimo quando abandonou devido à quebra de uma válvula de água, que acabou danificando seu motor.

Já na Austrália, uma peça que a Alpine calcula custar menos de 10 reais quebrou e fez com que o carro desligasse durante uma volta de classificação que muito provavelmente colocaria o espanhol entre os três primeiros no grid. "Essa quebra gerou um vazamento de óleo e, quando a pressão de óleo cai, o carro tem um mecanismo automático que faz com que ele desligue para evitar danos", explicou o chefe de Alonso, Otmar Szafnauer.

Largando em décimo, ele optou por uma estratégia diferente, começando a corrida com os pneus duros e apostando em um Safety Car ou bandeira vermelha na parte final da prova para se aproveitar, mas as intervenções do SC aconteceram cedo demais para ele trocar o pneu e ir até o final. E o espanhol terminou em último em uma prova na qual calcula que poderia ter sido sexto mesmo largando em décimo.

"Estávamos muito rápidos em Jeddah e novamente em Melbourne, e ainda assim saímos das duas corridas sem nenhum ponto. Não tenho palavras para a falta de sorte que estamos tendo."

Isso sem falar no azar dele com as unidades de potência. Após o GP do Bahrein, em que seu motor apresentou uma anomalia nas voltas finais, o equipamento foi levado para análises na fábrica da Renault na França e foi liberado para ser usado novamente. A segunda unidade de potência, por sua vez, foi perdida. E ele teve sorte de não ter danificado a terceira na batida da classificação em Melbourne. Cada piloto tem direito a três unidades de potência por temporada antes de levar punições, então Alonso já sabe que terá de largar em último pelo menos em uma oportunidade nas 20 corridas que ainda restam.

Os azares de Alonso contrastam com o otimismo de Esteban Ocon, seu companheiro de equipe. "Levando em consideração que não foi um bom fim de semana e terminei em sétimo, é uma boa notícia. Três corridas nos pontos é um resultado sólido", disse o francês após o GP da Austrália. Ocon é sétimo no campeonato e reflete melhor o que a Alpine pode almejar nesta temporada, entrando na briga com a McLaren e, pelo menos enquanto a Mercedes não resolve o problema central de seu carro, até com os octacampeões.

O time francês tem um carro forte especialmente em curvas de média e alta velocidades, então Alonso tem motivos para acreditar que terá um bom GP da Emilia Romagna, próxima etapa da temporada, neste fim de semana, em Imola, na Itália. O circuito guarda semelhanças com o modificado Albert Park, então a relação de forças não deve ser muito diferente.

O time foi agressivo com as mudanças no motor para este ano e chegou bem perto dos demais. E o quinto lugar entre os construtores ano passado significa que eles têm, em relação à campeã Mercedes, por exemplo, 20% a mais de tempo de desenvolvimento aerodinâmico disponível. Não é um projeto para disputar campeonatos a curto prazo, mas Alonso já deixou claro que, mesmo aos 40 anos, não tem pressa. Talvez até acredite que 41, ou 14 ao contrário, seja a idade da virada para ele.