Curitiba - Apesar de ainda ter uma longa carreira pela frente no vôlei de praia, a curitibana Ágatha Bednarczuk, já se preocupa, aos 25 anos, com o legado que deixará para o esporte. E pensando também em proporcionar à juventude de Paranaguá - sua ''cidade do coração'', onde passou a infância e começou a jogar na quadra, aos 9 anos - oportunidade semelhante a que teve em seus primeiros passos na modalidade, a atleta criou um centro de treinamento, que em menos de um ano já atende 400 crianças e jovens, de sete a 17 anos.
''Eu sempre tive preocupação de fazer minha parte na sociedade, até porque sou católica, mas como minha vida é sempre corrida, eu nunca tive muito tempo. O que eu podia fazer mesmo era algo envolvido com o vôlei de praia. Tive a ideia em 2006, passei 2007 todo em busca de patrocínios e finalmente criei o centro de treinamento em abril do ano passado ', destaca Ágatha, que nesta atividade paralela conta com o apoio da Prefeitura Municipal e da empresa TCP.
A atleta conta que por enquanto o centro de treinamento está em sua primeira etapa, basicamente de cunho social, que é o de disponibilizar aos jovens a prática esportiva de forma sadia e com a devida assistência profissional. Mas Ágatha acredita que a iniciativa tem tudo para revelar talentos para o vôlei brasileiro. ''A gente ainda está rastreando o potencial das crianças e por enquanto não visa o alto rendimento, algo que pretendemos desenvolver no futuro'', complementa, lembrando que das 400 crianças inseridas no projeto, cerca de 250 são mais assíduas, enquanto outras 150 frequentam as aulas de forma menos regular.
As aulas acontecem na Praça 29 de Julho, onde os professores montam duas quadras oficiais para os alunos mais velhos e outras quatro de minivôlei para as crianças. Para permanecer na escolinha, os alunos devem apresentar bimestralmente o boletim escolar e aqueles que tiverem notas baixo da média são momentaneamente impedidos de participar da prática esportiva. Este acompanhamento é feito pela assistente social Polliana Bednarczuk, irmã de Ágatha, que explica que o projeto não pode tomar o espaço do estudo formal, que deve ser a prioridade dos jovens.
''Temos consciência que o vôlei deve ser praticado nas horas vagas e não deve interferir negativamente na vida estudantil da pessoa'', afirma Polliana, que sempre que percebe a queda do rendimento escolar de algum aluno procura a família para identificar e solucionar as causas.
Durante as atividades, os professores são orientados a acompanhar qualquer alteração de humor dos alunos para identificar outros problemas pessoais. ''Um projeto social tem como obrigação conhecer a realidade da vida do participante e de toda a sua família. Assim, podemos ajudar a melhorar a vida ou o meio social onde a pessoa vive'', complementa a assistente social.
Para coordenar o treinamento, Ágatha trouxe do Rio de Janeiro o professor Reinaldo Dantas, que é quem tem a responsabilidade de transmitir os fundamentos e as regras da modalidade para os alunos. ''Eu já conhecia o trabalho do Reinaldo nesta área e sei que ele, o Ricardo e o Marcos, que são seus auxiliares, são excelentes profissionais'', complementa a atleta, que sempre que possível participa das atividades de seu centro de treinamento, apesar da agenda apertada e das inúmeras viagens para disputar competições nacionais e internacionais.