Um dos maiores árbitros da história do futebol paranaense, o londrinense Afonso Vitor de Oliveira ganha uma biografia nesta quinta-feira (18), quando será lançado o livro "Um apito, uma vida - Histórias de um árbitro de futebol". O lançamento será às 19h, no Catuaí Shopping.

Afonso apitou 547 jogos ao longo da carreira e 27 Atletibas, recorde no maior clássico paranaense
Afonso apitou 547 jogos ao longo da carreira e 27 Atletibas, recorde no maior clássico paranaense | Foto: Gustavo Carneiro/Folha de Londrina

A biografia conta "causos" que aconteceram ao longo dos 25 anos de carreira do árbitro, que nacionalizou e expandiu as fronteiras da arbitragem do Paraná. O livro foi idealizado pelo narrador esportivo Julio Oliveira, filho de Afonso, com textos dos jornalistas Thiago Mossini e Wilhan Santin.

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"O futebol hoje é muito diferente. As regras são as mesmas, mas a forma de jogar é outra. O futebol hoje é muito rápido e o olho não acompanha mais, não alcança. Para mim era mais fácil apitar no passado, apesar do VAR hoje", aponta Afonso Vítor de Oliveira, que dirigiu 547 jogos na carreira e é o árbitro que mais apitou Atletibas na história: 27 vezes. Quis o destino, no entanto, que apitasse somente seis vezes confrontos envolvendo o Londrina.

Afonso Vítor desafiou os padrões da época e começou a apitar somente aos 29 anos, mas ultrapassou os limites do tempo e apitou em alto nível até os 53 anos. Pendurou o apito em 1995 e seu último jogo foi um clássico entre Atlético e Coritiba. "Joguei na base do Londrina e tive convite para me profissionalizar no São Paulo de Londrina. Meu pai não deixou e me disse o seguinte: nada feito. Vai trabalhar. Futebol é coisa de malandro", relembra. "Me tornei contador e joguei no amador até os 28 anos, quando surgiu a loucura de ser árbitro. E decidi ser árbitro de futebol profissional e corri atrás. Dois anos após me formar, apitei meu primeiro Atletiba".

No mundo do futebol são raras as biografias sobre árbitros, muito talvez pelo estereótipo que se cria em torno deste personagem. O livro mostra os desafios e dificuldades enfrentados por Afonso para vencer na carreira em uma época onde os árbitros sentiam na pele a ira de torcedores, jogadores e dirigentes.

"Já é difícil entender por que alguém opta em ser goleiro, imagine escolher ser árbitro, principalmente nas décadas de 1970 e 1980. Com remuneração baixa, viagens longas de carro, violência e preconceito", frisa um dos autores do livro, Wilhan Santin. "O grande legado que o Afonso deixa é a dedicação e o amor à arbitragem. Hoje aos 80 anos, Afonso ainda é um estudioso das regras e acompanha todas as mudanças. Para o Afonso a arbitragem é um sacerdócio", completa.

FORA DE CAMPO

Após a aposentadoria, Afonso Vítor de Oliveira se tornou comentarista de arbitragem, algo totalmente novo no início dos anos 2000. Em 2006 assumiu a Comissão de Arbitragem da Federação Paranaense de Futebol, cargo que ocupa até hoje.

Thiago Mossini revela ser uma honra muito grande contar a história do ex-árbitro, que foi o primeiro do Paraná a se destacar nacionalmente. "Sempre o admirei pela seriedade, profissionalismo e história. Com todo respeito a outros árbitros paranaenses, até com carreira internacional, mas o Afonso é o grande árbitro do Paraná. E quando assumiu a arbitragem do Estado teve a coragem de acabar com a corrupção na arbitragem do Paraná, que todo mundo sabia que tinha, mas ninguém fazia nada", ressalta.

Ativo aos 80 anos, Afonso nem pensa em parar e se orgulha de ter contribuído com a formação de centenas de novos árbitros no Estado. "Se me ensinaram as regras de futebol por que não posso deixar isso para alguém também? Estou muito satisfeito de ter chegado até aqui e não peço muito a Deus não. Peço todo dia só mais um dia". Sobre as novas gerações, ensina "Muito treinamento, persistência, estudo e compreensão das regras".

Imagem ilustrativa da imagem Afonso Vítor de Oliveira: uma vida dedicada ao apito
| Foto: Gustavo Carneiro/Folha de Londrina

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