Oficialmente, acabou ontem de manhã a ‘‘era Mamede’’ na Confederação Brasileira de Judô (CBJ), quando o candidato único Paulo Wanderley foi eleito, por aclamação, o novo presidente. Mas, depois do anúncio, Joaquim Mamede Carvalho Silva prometeu continuar a atuar nos bastidores da política do judô. Ao mesmo tempo que atacava o campeão olímpico e seu desafeto Aurélio Miguel, ele disse que conta com o apoio de 12 presidentes de federações, o que lhe garante força dentro da entidade.
O próprio Wanderley, que foi eleito como oposição, preferiu a cautela ao analisar a gestões dos Mamede, que totalizaram 21 anos. ‘‘Houve uma contribuição importante, que só ele conseguiria com o seu jeito intempestivo e arrojado. Depois, houve uma acomodação natural e era necessário uma mudança.’’ Wanderley foi candidato único depois das desistências de Luiz Carlos Novi e Mamede Júnior, os dois candidatos da situação.
Mamede, por sua vez, também não fez críticas ao novo presidente, mas manteve a empáfia: ‘‘Sou a figura número um do judô brasileiro.’’ Lembrou que, sob sua gestão, o judô conquistou dez medalhas olímpicas. Garantiu que não volta a se candidatar à presidência da CBJ, assim como o seu filho, Mamede Júnior, ex-presidente. ‘‘Não quer dizer que não possa apoiar outras pessoas...’’ Para Mamede, Wanderley terá de contar com o apoio dos judocas em sua administração, pois os atletas, segundo ele, se tornaram uma força.
Parecendo atender a esse pedido, o novo presidente informou que vai formar uma comissão de judocas para darem opiniões à entidade. Entre os integrantes, estará o nome de Aurélio Miguel, inimigo de Mamede, que não poupou críticas ao campeão olímpico. ‘‘Não gosto dele, quero que vá para o inferno’’, disse ele, classificando o judoca como ‘‘a pior figura’’ do judô brasileiro. ‘‘Ganhou uma medalha de ouro e poderia ter ganho três’’, disse.
Mesmo com a saída dos Mamede, o futuro do judô brasileiro continua indefinido em relação ao aspecto financeiro. Eleito, Wanderley vai tentar resolver as pendências da CBJ no Tribunal de Contas da União (TCU), que tem impedido o repasse de verbas à entidade. O financiamento da equipe brasileira no Mundial da Alemanha, em julho, depende de uma solução do problema.