O ano era 2016. 1º de outubro, ou seja, pouco mais de sete anos atrás. O Londrina recebia o Oeste, de Barueri (SP), pela 28ª rodada da Série B, no estádio do Café. O campeonato marcava o retorno do Tubarão à segunda divisão nacional depois de longo e tenebroso inverno. E àquela altura o time então treinado pelo Cláudio Tencati estava em franca disputa pelas quatro vagas que garantiriam o acesso à Série A. Fui ao jogo e me impressionei com o estilo de futebol apresentado não pelo Londrina, mas pelos paulistas. Não havia chutão. Bola tocada de pé em pé. Um tipo de jogo que há muito eu não via assim, ao vivo, in loco.

O Tubarão venceu por 3 a 0, e acredite, um placar absolutamente injusto pelo que as duas equipes propuseram em campo naquele dia. Para não ser traído pela memória, pesquisei a súmula eletrônica do jogo no site da CBF e vejo que o time saiu na frente aos 32 minutos do primeiro tempo, com o lateral Lucas Ramon. Os dois gols seguintes surgiram na segunda etapa, ambos de Germano, quando o Oeste já tinha um jogador a menos por expulsão. O segundo gol não me lembro, mas o terceiro, aos 45 minutos, foi de pênalti.

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Mais que explicações, desculpas

Saí do estádio com a sensação de que aquele treinador do Oeste era um dom Quixote, cujos moinhos de vento seriam os sistemas táticos tradicionais, o futebol burocrático. Seu esquema consistia numa forma de jogar futebol quase utópica, agradabilíssima de se ver, mas pelo jeito pouco eficiente. O técnico daquele Oeste diferentão era Fernando Diniz, que na verdade não ficou à beira do campo no Café porque cumpria suspensão. O time dele terminou aquele campeonato em 16º lugar, uma posição acima da zona do rebaixamento.

De lá para cá o "dinizismo" cresceu na mesma proporção em que o conceito também virava motivo de deboche. Ao mesmo tempo que o treinador escalava os degraus na carreira, passando a dirigir times de ponta do futebol nacional, os fracassos sucessivos de suas equipes alimentavam a tese de que as suas teorias na prática não passavam mesmo de uma utopia.

É por discordar dos pragmáticos que desde aquele jogo de 1º de outubro de 2016 eu virei um adepto do tal "dinizismo". Apesar das derrapadas - como naquele episódio constrangedor em que ele desqualificou o Tchê Tchê em praça pública quando estava no São Paulo - é muito legal ver que as ideias quixotescas do treinador, agora também implantadas na Seleção pré-Ancelotti, podem estar a serviço de um futebol com resultado, como pudemos ver no grande jogo da volta entre Internacional x Fluminense, pela semifinal da Libertadores.