O técnico de uma equipe, independente da modalidade, tem sido cada vez mais exigido em aspectos que vão além do conhecimento tático. Mais acesso a informações, antes menos utilizadas e conhecidas, hoje é preponderante quando se fala em pessoas. Isso fez mudar o papel do técnico. Além de treinar uma equipe, ele precisa gerir grupos extremamente heterogêneos.

Como comandar atletas que ganham mais, mais midiáticos, mais populares e, em tempos de mídias sociais, mais influentes? Essas respostas não estão em livros, estão no foro íntimo, na sabedoria e vivência de cada um com olhar apurado e, principalmente, com humildade.

Ao técnico cabe achar soluções para sua equipe superar adversários, aliando a força de seu elenco às características que dispõe, agregando o máximo possível este mesmo grupo às suas idéias sem que elas estejam distantes das características do material humano de que dispõe.

Simples? Não, claro que não. É desafio sempre.

Dorival Jr., hoje técnico do São Paulo, está em mais uma grande final. Vai decidir contra seu ex-clube, com o qual venceu dois grandes torneios no ano passado. Quando chegou ao Flamengo, o rubro-negro carioca já tinha um elenco milionário, vencedor, midiático, mas sem rumo.

Dorival conseguiu fazer o grupo encontrar uma rota segura e terminar o ano vencedor, mas não foi suficiente para acreditarem na continuidade dele.

Este ano Dorival chegou ao São Paulo, também desacreditado. Mas com uma diferença: não havia jogadores midiáticos, nem craques absolutos e nem conquistas recentes. A crise estava em outro setor: uma diretoria confusa que fez escolhas equivocadas. O jeito simples de trabalhar, de se comunicar, de entender futebol e quase silencioso ajudaram a colocar o tricolor paulista em uma grande final e recuperação no Campeonato Brasileiro.

Dorival Jr. não é grife, não tem frases de efeito para permanecer na mídia, não chuta microfones e nem cria polêmicas com os companheiros de profissão. Dorival Jr. é um trabalhador que quer ver o resultado sem ter que dizer que é o responsável. Em tempos de “donos do mundo”, Dorival é daquelas pessoas que fazem muito bem ao mundo e, principalmente, ao mundo do futebol. É humilde, estudioso e vencedor, sem ter que ficar lembrando, constantemente, que “fui eu que fiz”.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do leitor não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina