Na madrugada de hoje, grandes nomes do MMA mostraram suas habilidades em artes marcias e muita força durante os combates da edição brasileira do UFC, realizada no Rio de Janeiro. Mas estar pronto para esse esporte exige mais do que preparo físico e técnica. A mente também precisa ser treinada. E é nessa hora que entram em cena profissionais como o psicólogo de Londrina Jorge Luiz Ribeiro, mais conhecido como ''Marujo'', especializado em psicologia do esporte.
Ele atua junto aos atletas e treinadores da equipe X Gym, que tem nomes como Anderson Silva, Rafael Feijão, Ronaldo Jacaré e Erick Silva. Ribeiro explica que, quando atende individualmente cada lutador, é fundamental traballhar com o controle da agressividade. ''A população, no geral, está na zona média de agressividade. Já os lutadores de MMA acumulam três níveis acima disso'', afirma. O que não significa que os atletas são pessoas mais agressivas, de acordo com o psicólogo.
O processo consiste, basicamente, em acumular a agressividade, para que ela seja usada durante os treinos e, principalmente, nas lutas. ''Geralmente são pessoas bem controladas. O que eles fazem é guardar essa energia mental. A raiva para dentro é alta e a raiva para fora, baixa. Mas aquele 'sapo' que ele engoliu, é o cara lá no ringue que vai 'pagar''', explica.
A agressividade, é claro, precisa ser utilizada da melhor maneira possível, com o objetivo de derrubar o adversário de maneira rápida e eficiente. ''Existe um comportamento de leitura corporal do adversário, de saber o momento em que ele está vulnerável e soltar toda a agressividade, antes que ele se recupere'', ressalta.
Marujo revela que o grande ídolo do esporte, Anderson Silva, foge um pouco dessa regra. ''Ele deixa o adversário se recuperar da vulnerabilidade para tornar o espetáculo mais atrativo. É um dos poucos que têm a capacidade de controlar isso e depois vencer'', declara.
Mas Silva também tem outra arma a seu favor, segundo o psicólogo. ''É muito difícil fazer uma leitura dele. Se torna meio inprevisível para o adversário'', ressalta.
Ainda falando sobre o controle de agressividade, Ribeiro explica que realiza testes no consultório para medir o seu índice e detectar se o nível condiz com a necessidade para a luta. ''Se for um nível baixo a gente utiliza 'gatilhos' para estímulo da agressividade. Através de conversas sobre a vida dele é possível detectar aquilo que mais desperta a agressividade nele.''
Se a agressividade pode ajudar na hora do combate, ansiedade e stress são inimigos dos lutadores de MMA. Nesse sentido o psicólogo trabalha para manter o equilíbrio emocional dos atletas. ''Para os que já são consagrados, aumenta ainda mais a ansiedade, pois o público espera um espetáculo deles'', afirma.
Outro ponto importante, segundo Ribeiro, é o estimulo ao comportamento adaptativo. ''Ele precisa trabalhar a mente para mudar a cada momento da luta, dependendo da situação'', finaliza.