Assistindo ao jogo do último sábado do Londrina mais uma vez senti saudades do Estádio do Café. Isso sempre se repete pelas histórias e momentos especiais que vivi ali. Ver o Tubarão, pela TV, é mais que ver uma partida, é também relembrar como é bom ir a um estádio. Chego até ficar na dúvida se a paixão pelo futebol não está diretamente relacionada com a emoção de estar numa arquibancada. Mas isso fica como tema para outra segunda.

Imagem ilustrativa da imagem A cultura de ir ao estádio
| Foto: Ricardo Chicarelli/LEC

Minha relação com o Café é desde a inauguração. Eu estava lá naquele agosto de 1976 quando o Londrina enfrentou o Flamengo, de Zico. E não foi simplesmente estar no meio daquela multidão. Eu estava dentro de campo. Fiquei e fotografei ao lado de Zico. Foi do gramado que pude ver aquelas 50 mil pessoas de um ângulo inesquecível. Era como se o olhar girasse e não acreditasse ver tanta gente num único lugar e numa mesma vibração.

Para mim, gostar de futebol passa por ir a um estádio, enfrentar filas, subir arquibancadas, tomar sol e chuva, vibrar e xingar. E cada um sente de um jeito diferente e cria sua própria história, mas um estádio é único para todos.

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Voltei, depois daquele dia inaugural e de festa, incontáveis vezes ao Café. Do gramado passei a frequentar as arquibancadas. Memórias foram sendo construídas, como a final do Estadual de 1992, e Londrina campeão. E tantas outras.

Desci as arquibancadas para frequentar novamente o gramado já como repórter e continuei vivendo as emoções do Café e registrando jornalisticamente. A vitória sobre o Cruzeiro de Edilson e Sorín, pela Copa do Brasil, em 2002, é também uma lembrança especial e podendo ouvir diretamente de Edilson que “o Londrina foi melhor, mas temos o jogo da volta”. Mais de 30 mil pessoas que vibraram com um único gol. Naquele gramado pisei também jogando, em partidas de confraternização no final do ano envolvendo imprensa e comissões técnicas do time.

Assistir a Londrina x CSA com arquibancadas vazias relembra minha relação com o estádio, mas provoca o sentimento contraditório de que não há mais essa relação “futebol x ir ao estádio”. As arenas criaram um novo padrão de receber o torcedor, hoje mais exigente quanto a conforto e atendimento, embora não acredito que seja apenas isso que afaste a vontade de viver experiências ao vivo, e sim todo um contexto mais profundo. Mas quem viveu o gosto de estar em arquibancadas tem relações diferentes com times e estádios. E como é bom ter essas memórias. Como é bom relembrar do Estádio do Café de vários ângulos.

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