Há muito tempo que uma Copa do Mundo deixou de ser só competição entre seleções. Virou negócio para entidades e países, muito mais do que história em títulos. Uma Copa é oportunidade de altos faturamentos, mas boas receitas só se concretizam com credibilidade, o que a Fifa vem perdendo. De escolhas de sedes a interferências esportivas, o “jogo” tá perdendo o brilho.

Fireworks are pictured before the start of the Qatar 2022 World Cup final football match between Argentina and France at Lusail Stadium in Lusail, north of Doha on December 18, 2022. (Photo by PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP)
Fireworks are pictured before the start of the Qatar 2022 World Cup final football match between Argentina and France at Lusail Stadium in Lusail, north of Doha on December 18, 2022. (Photo by PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP) | Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

No Catar, calendário, temperatura, Covid e gramados geraram muitas críticas. Mas esta edição já acabou. A questão é a próxima, que agora nem formato definido tem. Como assim? Isso mesmo. A primeira competição com 48 seleções ainda não tem fórmula fechada porque “só agora” a Fifa percebeu que pode haver falta de competitividade na primeira fase, o que já tinha sido alertado. Isso é uma vergonha.

As regras são mudadas e depois decide-se recuar e rediscutir um novo formato no meio do caminho. E todos dizendo amém a senhora Fifa. De uma edição com estádios numa área metropolitana para outra que será disputada em três países de dimensões continentais. O deslocamento, que foi a grande virtude do Catar, vai virar pesadelo para equipes e torcedores na próxima edição.

Dentro de campo não dá mais pra não aceitar que o futebol evoluiu muito a partir de uma globalização de troca de informações. Isso faz uma Arábia Saudita vencer a Argentina, Japão não ser mais surpresa e Marrocos terminar entre as quatro melhores seleções. O que não evolui é a centralização do negócio, que não ouve e nem se importa com as estrelas da festa, que são convidadas sob regras ditatoriais. O espetáculo tem que ser de todos e pra todos. E não é.

Mas Copa é Copa e nada se compara. Ainda nos encantamos com os melhores e as surpresas que entram num cenário seleto pra não mais sair. Novos lances e gols que se somam a tudo aquilo que carregamos na memória histórica dos mundiais. Um arquivo que só aumenta porque não queremos esquecer mais e relembrar tudo. E que a Fifa possa perceber a principal mensagem desta edição tão controversa: o mundo ama a Copa do Mundo e ela precisa ser amada pela organização tanto quanto.

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