A Copa de todos
Vai começar a competição mais democrática do país: a Copa do Brasil
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
Vai começar a competição mais democrática do país: a Copa do Brasil
Por Julio Oliveira

Vai começar a competição mais democrática do país: a Copa do Brasil. É democrática porque permite a participação de equipes de diferentes níveis e de todos os estados, mas a festa final ainda é para poucos. A possibilidade de igualdade só vale para o convite, depois prevalecem as equipes de maior história. Mas é uma competição que mexe, de um jeito diferente, com o torcedor. E mexe também com times e jogadores. O mata-mata ainda é enigmático.
Anteontem, antes da transmissão de uma partida do Campeonato Mineiro, conversava com Paulo Nunes sobre a competição. As conversas de camarim são sempre especiais, e mais ainda quando há ex-jogadores. Os bastidores são as histórias que deveriam ser as grandes histórias, mas que chegam para poucos.
Paulo venceu três vezes o torneio e faz parte de uma seleta lista de jogadores que puderam comemorar várias vezes este título. E tem recordações especiais. Perguntei qual foi o momento mais marcante das três conquistas (Flamengo, Grêmio, Palmeiras). Só 12 jogadores até hoje conquistaram a Copa do Brasil em três ou quatro oportunidades.
Paulo Nunes se emocionou com o título de 1997, com o Grêmio. A final foi contra o Flamengo, de Romário. Em Porto Alegre, 0x0. No Maracanã, com 100.000 pessoas, o rubro-negro foi confiante contra um Grêmio que não tinha quatro titulares. Jogo de gigantes e 2x1 para o Flamengo até os 35 minutos do segundo tempo, quando Carlos Miguel empata o jogo que daria o título ao tricolor gaúcho.
Ao final, Paulo Nunes comemorou como Paulo Nunes. Tirou a camisa e provocou a torcida do Flamengo (onde tinha jogado antes e sido campeão em 1990) dando volta olímpica cantando: “o Maracanã é nosso”. A torcida não perdoou. Fechou a saída do time. Numa manobra da comissão técnica Paulo Nunes foi para o doping. O elenco foi embora e os torcedores insistiam em esperar pelo camisa sete. E foi assim até às três da manhã quando venceu o cansaço da torcida adversária.
Paulo conta, ri e confessa: “hoje não faria mais isso, não é possível”.
Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina

