Bons ventos impulsionam exportações e desafiam empresariado
Como o "boom" do comércio exterior amplia o horizonte para novos negócios? Tema será debatido durante a 22ª edição do Encontros Folha
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 01 de novembro de 2024
Como o "boom" do comércio exterior amplia o horizonte para novos negócios? Tema será debatido durante a 22ª edição do Encontros Folha
Lúcio Flávio Moura - Especial para a FOLHA
Um novo impulso no mercado de commodities - as matérias-primas agrícolas e minerais que têm cotação internacional - está fazendo a palavra exportação ser cada vez mais pronunciada no ambiente empresarial brasileiro e paranaense.
A alta nos preços e nas vendas de soja, petróleo, minério de ferro e café injetou dinheiro na economia e fez as empresas dos outros setores considerarem cada vez mais uma incursão a novos mercados e destinar parte da produção em direção aos portos.
O fenômeno é tema da 22ª edição do Encontros Folha - Conteúdo com Relevância, evento que será realizado na próxima terça-feira, a partir das 18h30, no último piso do Aurora Shopping, em Londrina.
Com o mote “Exportações Brasileiras em Alta - Como Identificar Oportunidades, Impulsionar os Negócios e Aproveitar a Boa Fase de Recordes Históricos”, o debate vai contar com três painelistas de peso e terá a mediação do economista Marcos Rambalducci, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), consultor da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) e colunista da FOLHA.
JANELA DE OPORTUNIDADES
A abertura do evento ficará a cargo do CEO do Grupo Folha, Nicolás Mejía, presidente do Fórum Desenvolve Londrina. “Sempre atento a revelar todas as nuances desta conjuntura e como oferecer conteúdo decisivo para o mercado, o Grupo Folha convida os empreendedores paranaenses a fazer neste encontro tão oportuno uma reflexão importante: como aproveitar esta janela de oportunidades e como planejar ou aprofundar a internacionalização do seu negócio”, esclarece.
Os números traduzem a velocidade que os embarques ao exterior estabelecida na pós-pandemia, período que coincidiu com o início de guerras importantes e com uma grande reorganização do fluxo global de mercadorias.
A nova realidade se mostrou generosa para o Brasil e para o Paraná. Em 2019, último ano sem o impacto da circulação do novo coronavírus, o país vendeu US$ 221,1 bilhões, enquanto no ano passado o montante alcançou US$ 339,6 bilhões, um crescimento de 53%. Para 2024, o acumulado nos três primeiros trimestre, as exportações somaram US$255,4 bilhões, com previsão de US$ 345 bilhões para o ano fechado.
O Paraná seguiu o mesmo ritmo nos últimos anos, com acréscimo de 53,5% das vendas para o estrangeiro entre 2019 e 2023. A diferença positiva resultou em US$ 8,8 bilhões a mais na economia paranaense (na cotação de sexta-feira, o valor convertido em reais chegava a mais de R$ 51 bilhões ou quase R$ 5 mil per capita).
EXPANSÃO SUSTENTÁVEL E EFICIENTE
“Este evento representa uma oportunidade inestimável para empresários e profissionais do comércio exterior. Ao explorar o tema, os participantes terão acesso a insights detalhados sobre os fatores que têm impulsionado esse crescimento extraordinário, bem como sobre as tendências globais que moldam o mercado”, avalia o mediador Rambalducci.
“Espera-se uma análise aprofundada dos setores em ascensão, com ênfase em estratégias eficazes para diversificação de mercados, incluindo o aproveitamento de novas oportunidades na América Central e no Caribe. Com a tendência de proximidade geográfica para cadeias produtivas, essa abordagem abre portas para expandir os negócios de maneira sustentável e eficiente. Além disso, os painelistas serão incitados a abordar as práticas e ferramentas que podem ser aplicadas para otimizar operações de exportação, maximizando a competitividade e aproveitando o atual momento favorável”, adianta.
EMBARQUES RECORDES
A movimentação frenética de mercadorias que ganham os mares em possantes embarcações fica mais visível no litoral. Em Antonina e, principalmente, em Paranaguá, os embarques estão batendo recordes.
“O cenário atual das movimentações nos Portos de Paranaguá e Antonina é extremamente favorável. A expectativa é de que tenhamos um novo recorde de movimentação em 2024, superando as 65 milhões de toneladas movimentadas no ano passado. Temos uma grande eficiência logística e operacional, reconhecida nacionalmente pelo governo federal, que nos rendeu cinco títulos seguidos de melhor gestão portuária do Brasil”, lembra Gabriel Perdonsini Vieira, diretor de Operações Portuárias da Administração dos Portos do Paraná, estatal responsável pela gestão dos terminais. Vieira é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná e tem um MBA em Gestão de Projetos pela Fundação Getulio Vargas no currículo. Ele será um dos painelistas do EF 22.
O gestor lembra que o complexo portuário é cada vez mais usado pelas empresas paranaenses e que vem diversificando seu perfil. “O bom momento econômico do Estado alavancou nossa produtividade. Crescemos 8,6%, bem acima do índice nacional. É sempre bom lembrar que o Porto de Paranaguá tem uma vocação graneleira, mas também cresce em outros segmentos como, por exemplo, a carne congelada de frango, cujo terminal ostenta o maior corredor de exportação do mundo”, explica.
Vieira também lembrou da aguardada obra do Moegão, uma estrutura que usa correias metálicas subterrâneas e um conjunto de elevadores para transportar e distribuir cargas pelo terminal e que promete organizar o tráfego de trens e caminhões no porto. O moegão deve estimular o transporte ferroviário de cargas, que a médio prazo deve significar o meio responsável pela metade de tudo o que chega no cais. “A obra já está em andamento e vai ampliar a capacidade de escoamento da safra pelo modal ferroviário. A obra tem conclusão prevista para para o final de 2025 e deve aumentar a capacidade de recepção de trens em 65%, passando de 550 para 900 vagões por dia”.
COMBINAÇÃO DE FATORES
O evento contará também com a participação da painelista Danubia Milani Brouco, consultora de projetos do Sebrae no setor de TIC, startups e mercado institucional. “Os dados sobre as exportações do Paraná indicam um momento influenciado por alguns fatores específicos, como a demanda crescente por produtos agrícolas, impulsionada principalmente pelos mercados da Ásia e da Europa. A atual fase exportadora também é favorecida por acordos comerciais, investimentos em infraestrutura logística e incentivos governamentais para a expansão do comércio exterior”, afirma Danubia, adiantando os aspectos centrais do debate que vai acontecer no Centro de Eventos do Aurora Shopping.
A consultora lembra que a conjunção de três fatores ajudam a explicar o interesse crescente das empresas do Estado pelo mercado externo. “A demanda internacional robusta que advém do mercado asiático, os incentivos governamentais e os acordos comerciais que estão reduzindo as barreiras e ampliando a competitividade paranaense, além das melhorias nas rotas de exportação e dos portos”.
Danubia acredita que as empresas paranaenses que planejam se internacionalizar devem focar em agregar valor ao que produz e aprimorar seu sistema de logística e distribuição. Ela recomenda que os interessados procurem o Sebrae Paraná para participar de projetos relacionados à exportação, realizar pesquisas de mercado e entender profundamente o panorama internacional para identificar mercados potenciais e seus regramentos, além de definir um calendário de participação em feiras realizadas em outros países. “Este tipo de atividade é muito importante para criar ou consolidar conexões com bons parceiros.”
SETOR AUTOMOTIVO PODE SE BENEFICIAR
Estudioso do tema e debatedor experiente, Higor de Menezes, gerente de Relações Internacionais na Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), também está no elenco deste EF 22. Ele conta como a indústria tem observado o momento virtuoso do comércio exterior no Paraná e no Brasil.
“A Fiep vem apoiando a internacionalização dos negócios em todas as etapas. Desde quando as empresas decidem prospectar parceiros no Exterior tanto para exportações regulares ou pontuais, oferecemos produtos, serviços e projetos para apoiar este plano. Nossa função é revelar o panorama que impacta a potencialidade daquele determinado negócio”, informa.
“O mundo passa por mudanças geopolíticas que determinam um momento único, de transformação nas cadeias de produção, no sentido do Oriente para o Ocidente”, ensina. “O setor automotivo do Paraná, por exemplo, abriga grandes montadoras globais e tem um grande potencial de crescimento, o que abre oportunidades para novos fornecedores destas montadoras se instalarem no Estado”.
Menezes ressalta o trabalho permanente da Fiep para atrair investidores internacionais e inserção do Paraná no mercado global, em especial na modalidade joint venture (união de negócios envolvendo empresas de diferentes países). “Além disso, realizamos um trabalho de vigilância tecnológica. Recentemente visitamos a Índia, a China e a Tailândia buscando parceiros para a transferência de tecnologia que sejam oportunas para nossos polos de desenvolvimento”. Ele aconselha que as indústrias de todos os portes participem das rodadas de negócios promovidas pela Fiep e de missões internacionais. O especialista lembra que há incentivos tanto no Brasil quanto no estrangeiro para facilitar estas viagens destinadas ao intercâmbio empresarial. “Agimos como uma ponte, como uma defensora de interesses para tornar o Paraná um bom lugar para a indústria”, define o dirigente da Fiep.
ENCONTROS FOLHA
O Encontros Folha é uma realização do Grupo Folha e do Sebrae Paraná. O evento é patrocinado pelo Sicoob, Integrada Cooperativa Agroindustrial e do Grupo Selmi. E conta com o apoio da Frezarin Eventos e de Amadeus Cervejas Especiais. Os interessados já podem se inscrever na plataforma Sympla.