Agregar valor à produção é desafio para exportadores locais
22º Encontros Folha discutiu como identificar oportunidades, impulsionar os negócios e aproveitar a boa fase da internacionalização
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 06 de novembro de 2024
22º Encontros Folha discutiu como identificar oportunidades, impulsionar os negócios e aproveitar a boa fase da internacionalização
Simoni Saris - Grupo Folha

As empresas londrinenses têm muito potencial para se tornarem competitivas no cenário global, mas muitas delas ainda não olham para o comércio exterior como uma viabilidade de diversificação de receita e de acesso a novos mercados. O Sebrae, que acompanha as exportações dos empresários locais, observa que há mais de dez anos, o número de empresas atuantes no mercado externo permanece inalterado em 92. Essa estagnação não está relacionada à qualidade dos produtos e à capacidade de conquistar novos clientes para além das fronteiras nacionais, mas principalmente por acreditarem que o comércio exterior é um processo complexo e inacessível a pequenos e médios empreendedores. Desmistificar essa crença é o primeiro passo para alavancar as vendas de produtos e serviços londrinenses a países estrangeiros e colher os benefícios da internacionalização.
EXPLORAR NOVOS MERCADOS
"Exportações Brasileiras em Alta - Como identificar oportunidades, impulsionar os negócios e aproveitar a boa fase de recordes históricos" foi o tema discutido na última terça-feira (5), durante a 22ª edição do Encontros Folha - Conteúdo com Relevância, idealizado pelo Grupo Folha para debater os desafios ao desenvolvimento econômico de Londrina e do Norte do Paraná e que conta com o apoio do Sebrae Paraná. Há mais de dez anos, o evento reúne empresários, lideranças políticas e da sociedade civil e cidadãos que se propõem a pensar novas estratégias para a cidade e a região. “São empresários, lideranças públicas, cidadãos, que se interessam por discutir o futuro da nossa cidade e da nossa região, que levam essas pautas para as suas empresas, suas instituições, para suas pastas. Isso é o que faz desse movimento um movimento sólido e sustentável”, destacou o CEO do Grupo Folha, Nicolás Mejía, em seu pronunciamento na abertura desta edição do evento.
Mejía ressaltou a relevância do Brasil no mercado global, apontado como uma das economias emergentes mais diversificadas e com maior potencial de exportação, e lembrou que as empresas nacionais ainda têm muitos mercados para explorar e uma enorme capacidade de expansão do comércio exterior. “O objetivo é debater a oportunidade de crescimento para a nossa região e, para isso, passamos, necessariamente, pelo crescimento de nossas empresas. Como podemos equipá-las melhor para explorar novos mercados, exercer a competitividade global e fortalecer as suas operações através das exportações? Queremos que as empresas sejam conhecidas não apenas pela qualidade de seus produtos e de seus serviços, mas também pela capacidade de concorrer fora das fronteiras nacionais”, declarou o CEO.
PENSAR GLOBAL
Entre os painelistas convidados, a consultora de Projetos do Sebrae no setor de TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação), startups e mercado internacional, Danubia Milani Brouco, defendeu a expansão das vendas de produtos manufaturados com valor agregado mais elevado e que possam ser reconhecidos como produtos brasileiros como forma de obter resultados financeiros mais expressivos na balança comercial do município. Londrina, atualmente, é forte na venda de commodities aos países estrangeiros, o que representa um volume “razoavelmente bom” para a cidade. “Mas financeiramente, acaba ficando um número pequeno por um valor agregado muito pequeno. Que a gente possa pensar global, que as nossas empresas possam nascer já pensando na exportação.”

Entre as vantagens de se lançar no mercado externo, a consultora do Sebrae aponta a diversificação de receita, o acesso a novos mercados, a inovação e a competitividade, o reconhecimento global e o aumento da receita e dos lucros ao vender em dólar, uma moeda forte, e garantindo o pagamento antecipado. “O Brasil tem demanda internacional robusta, incentivos governamentais e acordos comerciais, infraestrutura e logística”, pontuou Brouco. “Por que não vender para o mercado externo, por que não nascer global? Que a gente possa criar essa cultura de exportação. A partir do momento em que virei um empresário e comecei a pensar no mercado internacional, que eu já pense em um produto competitivo.”
SOJA, FRANGO E CARNE SUÍNA
Grande parte do que o Paraná exporta, hoje, é formada por três produtos: soja, frango e carne suína. A soja responde por 27% das vendas externas, enquanto os produtos manufaturados constituem quase 3%. O Estado representa 7% das exportações nacionais totais, ocupando a quinta colocação na balança comercial brasileira. No ranking estadual das exportações, Londrina está na sexta posição. “Temos um número expressivo, mas precisamos melhorar quando falamos em mercado internacional”, avaliou Brouco.
Quando se fala em logística, o Paraná tem nos portos de Paranaguá e Antonina uma das principais portas de saída dos produtos brasileiros do país e que atravessa um período de forte crescimento. Depois de registrarem expansão de 23% no volume embarcado nos terminais portuários paranaenses entre 2019 e 2023, saltando de 53 milhões de toneladas para 65 milhões de toneladas, em 2024 os portos projetam avanço de 6% em relação ao ano passado, somando cerca de 70 milhões de toneladas até o final de dezembro. Com esse resultado, os portos de Paranaguá e Antonina atingem, com 16 anos de antecedência, o volume previsto no Plano Nacional de Logística para 2040. O avanço é decorrente dos investimentos realizados. “A gente tem uma linha de investimento, nos últimos anos, que trouxe uma perspectiva maior de incremento na nossa infraestrutura”, disse o diretor de Operações Portuárias da Administração dos Portos do Paraná, Gabriel Perdonsini Vieira, também painelista desta edição do Encontros Folha.
Na Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), além do trabalho para o fortalecimento dos mercados tradicionais, em 2024 e 2025, uma das preocupações é prospectar novos mercados, especialmente entre os tigres asiáticos. Embora o grande parceiro comercial do Brasil seja a China, a Ásia tem outros países com grande possibilidade de estabelecer alianças estratégicas com as indústrias brasileiras. “A gente tenta trazer patrocínios, investimentos para as cadeias do Paraná, e adequar a nossa indústria aos requisitos da indústria global”, salientou o gerente de Relações Internacionais na Fiep, Higor de Menezes, que completou o time de painelistas neste Encontros Folha.
A federação estende o olhar também aos países lusófonos na África e aos países de língua espanhola na América Latina. “De maneira sistêmica, a Fiep tem um trabalho abrangente de internacionalização”, disse Menezes. “São mais de dez anos com a agência de cooperação internacional, levando as boas práticas da indústria do Paraná para o mundo e trazendo o que o mundo tem de boas práticas para a indústria do Paraná. Quando a gente fala de internacionalização, fala de pujança econômica e agregação de valor. Não é um tópico que apenas consiste na pauta da balança comercial.”
Ao final do evento, o CEO do Grupo Folha avaliou como positivo o debate promovido pelos painelistas, que destacaram o comércio exterior a partir de uma visão macro, mas também abriram espaço para discutir a viabilidade de expansão comercial das pequenas e médias empresas. “O evento foi completo porque uniram-se as duas questões. As coisas um pouco mais macro, das empresas médias e grandes, da infraestrutura de exportação pelo porto, ferrovia, enfim, mas também vimos a parte um pouco mais prática de como fazer as empresas pequenas e médias acessarem essas exportações, se prepararem, buscarem mercados, estudarem produtos. Foi um evento que nos deu uma visão completa do que a exportação pode ser para a nossa região”, avaliou Mejía.
O Encontros Folha é patrocinado pelo Sicoob, Integrada Cooperativa Agroindustrial e Grupo Selmi. E conta com o apoio da Frezarin Eventos e Amadeus Cervejas Especiais

