Rio de Janeiro - A proporção de profissionais com ensino superior é maior no setor cultural do que no mercado de trabalho como um todo no Brasil, apontam dados divulgados na sexta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2022, 30,6% dos trabalhadores ocupados em atividades culturais tinham concluído esse nível de escolaridade. Em números absolutos, o resultado equivale a quase 1,7 milhão de profissionais com ensino superior completo em um universo de 5,4 milhões.

Considerando os diferentes setores da economia, a proporção ficou em 22,6% no ano passado –ou 21,9 milhões de um total de quase 97 milhões de ocupados.

Os dados integram o Siic (Sistema de Informações e Indicadores Culturais). Segundo Leonardo Athias, analista da pesquisa do IBGE, o setor cultural reúne atividades que exigem especialização, o que ajuda a explicar o percentual mais elevado de profissionais com ensino superior.

Design, publicidade e comunicação fazem parte dessa lista cultural, de acordo com o pesquisador. "Se você pegar o conjunto da economia, há muitas áreas em que os profissionais não têm os mesmos requisitos de qualificação, como trabalho extrativo, trabalhos de apoio, trabalho doméstico", disse.

Em 2014, primeiro ano da série histórica divulgada pelo IBGE, a proporção de trabalhadores com ensino superior era de 20,9% no setor cultural e de 15,7% no total de ocupados.

O Siic reúne estatísticas de diferentes pesquisas do instituto. No caso do mercado de trabalho, a fonte é a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

Apesar de se destacar pelo percentual de profissionais com escolaridade elevada, o setor cultural apresenta uma taxa de informalidade superior ao total dos segmentos econômicos.

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INFORMALIDADE

Em 2022, 43,2% dos ocupados em atividades culturais eram considerados informais, ou seja, não tinham carteira assinada ou CNPJ. No total dos setores, a proporção foi de 40,9% no mesmo período.

Os maiores percentuais de informalidade no setor cultural em 2022 foram registrados no Piauí (67,7%), no Pará (67%) e no Amapá (65,5%). Os menores ficaram em Santa Catarina (25,9%), Rio Grande do Sul (33%) e Paraná (35,1%).

Conforme o IBGE, o quadro de informalidade está associado ao fato de o setor cultural ter em sua composição muitos trabalhadores autônomos.

"Tem a ver com a estrutura do setor", disse Athias, que classificou como "pequena" a diferença nas taxas de informalidade do setor cultural e do mercado de trabalho como um todo.

Em 2022, os profissionais por conta própria representavam 42,1% dos ocupados nas atividades culturais. Na sequência, vinham os empregados do setor privado com carteira (35,9%) e os sem carteira (14,4%).

Na passagem de 2021 para 2022, o número de trabalhadores ocupados no setor cultural aumentou de quase 5 milhões para 5,4 milhões –de 5,5% para 5,6% do total de ocupados no mercado de trabalho brasileiro.

O contingente do ano passado ficou próximo ao de 2019, no pré-pandemia, quando era de cerca de 5,5 milhões –ou 5,8% do total.

O IBGE ainda indicou que o rendimento médio do trabalho principal da população ocupada em atividades culturais foi estimado em R$ 2.815, por mês, em 2022. O valor ficou acima da renda média do total de trabalhadores no mesmo período (R$ 2.582).