Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), aponta investimentos de 345,5 bilhões em “tecnologias de transformação digital” para o período de 2019 e 2022, com ritmo de crescimento de 19,3%. Embora a expectativa para o setor seja positiva, com demanda de até 70 mil profissionais por ano, dados da Brasscom também sinalizam que o déficit de desenvolvedores pode chegar a 264 mil nos próximos anos. Ou seja, faltam profissionais na área. As informações apontam ainda que o mercado de tecnologia da informação e comunicação movimentou R$479 bilhões em 2018, tornando-se um dos mais promissores segmentos profissionais da atualidade.

Para ratificar os dados, pesquisa conduzida pelo LinkedIn Brasil também mostrou que nove das quinze profissões emergentes em 2020 estão diretamente relacionadas à Tecnologia da Informação, sendo os segmentos de Internet e Software de computador os principais contratantes. Entre as profissões destacadas pelo estudo, ter conhecimento em linguagens de programação ou softwares específicos é considerado primordial em pelo menos cinco das carreiras citadas: Cientista de dados, Engenheiro de Dados (engenheiro de software especializado em back-end), Especialista em Inteligência Artificial, Desenvolvedor para Salesforce e Programador de JavaScript. Para o Engenheiro de cibersegurança, top 2 da lista, é considerado imprescindível o conhecimento em DevOps.

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Opções de carreira para se tornar um desenvolvedor

Acompanhando a evolução da tecnologia, as aceleradas transformações do mercado de trabalho e o perfil profissional buscado pelas empresas, é importante conhecer as opções de cursos para formação de desenvolvedores:

DevOps: Aprenda a integrar as áreas de TI e Negócios para que as entregas sejam feitas com mais qualidade e agilidade. O curso é focado no desenvolvimento de softwares de forma ágil, utilizando ferramentas inovadoras para atuar nas áreas de sistemas e infraestrutura, operando em um ciclo integrado de planejamento, desenvolvimento, automação e serviço para obtenção de produtos finais.

Dev Back End: Eleito um dos três cargos de TI em alta no último ano, segundo pesquisa da consultoria PageGroup, o curso visa formar profissionais que dominem diferentes linguagens de programação, com foco no desenvolvimento de modo seguro em servidores e sistemas operacionais, conhecendo também sobre integração de webservices para programar, codificar e testar projetos criados.

Dev Mobile: Profissionais da área tiveram 12% de aumento salarial em 2018, também segundo estudo da PageGroup. O curso visa formar profissionais para atuação no desenvolvimento de aplicativos ou sistemas para dispositivos móveis, considerando diferentes sistemas operacionais e atuando em todo o projeto de desenvolvimento, desde o planejamento dos recursos do aplicativo até a realização de configuração e testes em apps também para smartphones, tablets, TVs e incluindo o universo de games.

Dev Web: Mais de 10 mil vagas foram abertas para essa área em março de 2019, de acordo com a Catho. Curso que formará profissionais de desenvolvimento Front-End, com capacidade para projetar, desenvolver, testar, implantar, manter e avaliar páginas para sistemas e-commerce, games, sites de Internet e intranets e aplicativos para plataformas móveis para a internet, com foco na experiência do usuário.

Para o aluno que ainda não decidiu em qual área se especializar, a marca ainda conta com o curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Esse curso traz uma visão mais abrangente e prepara para trabalhar em empresas das mais variadas áreas de aplicações de desenvolvimento. O cargo de Analista de Sistemas está entre os que mais empregam nos últimos anos, segundo Guia da Carreira.

Área propõe desafios e empregos promissores

Graduado em Tecnologia da Informação em 2006 pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) - Campus de Cornélio Procópio, o arquiteto de sistema, Alberto Luiz da Silva, 36 anos, atua na área desde 2005, antes mesmo de concluir o curso superior. Silva concorda que trata-se de um mercado carente e essa realidade não é apenas vivida no Brasil. "Atualmente trabalho em uma multinacional espanhola, fui expatriado em 2019, e presto serviço para um banco espanhol com sede em Madrid", explica. "Lá também é absurdamente carente", enfatiza. No Brasil desde maio de 2020 em razão da pandemia, o profissional segue a rotina com algumas adaptações. A diferença de fuso é de quatro horas. Sua jornada é de oito horas. "Inicio às 4 da manhã, horário de Brasília, e ao meio-dia já concluí meus trabalhos", explica.

Alberto Luiz da Silva trabalha no Brasil para uma empresa da Espanha:  "Inicio às 4 da manhã, horário de Brasília, e ao meio-dia já concluí meus trabalhos"
Alberto Luiz da Silva trabalha no Brasil para uma empresa da Espanha: "Inicio às 4 da manhã, horário de Brasília, e ao meio-dia já concluí meus trabalhos" | Foto: Divulgação

No início dos anos 2000, o londrinense não tinha ideia de como sua área seria promissora. "Entrei na área porque queria fazer o que me brilhava aos meus olhos, queria trabalhar com o que gostava, na época computador e tecnologia". Mas o jovem foi além. "Como qualquer outra profissão tem que se dedicar muito, estudar, pesquisar. Saber inglês é muito importante, pois muitas das ferramentas que utilizamos e também fontes de pesquisa são em inglês", dá a dica. E ele não para de estudar. "O protagonismo é essencial. Hoje em dia, com Google, Youtube e Internet em geral, é possível aprender muita coisa", assegura.

Morando em Cornélio Procópio, Silva faz da disciplina, rotina. Ao mesmo tempo em que retornou para sua terra natal e perto da família, não perde o foco e considera que o trabalho remoto seja uma vantagem. "O home office, a flexibilidade e o comprometimento são muito presentes em outros países e a adaptação foi tranquila pois as vídeo e audioconferências são uma prática nessa área. A crise gerada pela pandemia e a necessidade de isolamento não afetaram a realização do trabalho de Silva. "Pelo que estamos passando, graças ao trabalho remoto, continuo com o meu contrato na Espanha e prestando serviços aqui do Paraná. A única mudança significativa é seguir o fuso horário da Espanha. A pessoa precisa ter muita disciplina, pois em casa tem vários gatilhos para se distrair e perder o foco. Porém, vejo o trabalho remoto como uma solução para muitos problemas pessoais e empresariais causados pelo dia a dia na cidade grande", reflete. Sem se acomodar, mas realizado pela sua escolha, o o arquiteto de sistema relata ainda que, graças aos esforços, muita gente de sua turma se deu bem. "Tem gente na IBM, colega que já é gerente senior na Microsoft e um amigo que está numa grande empresa na Austrália", cita.

Os impactos da LGPD

Eduardo Ribeiro, consultor do Sebrae/PR: Com a LGPD todo serviço de TI nas empresas deve ser repensado, a lei muda toda a dinâmica"
Eduardo Ribeiro, consultor do Sebrae/PR: Com a LGPD todo serviço de TI nas empresas deve ser repensado, a lei muda toda a dinâmica" | Foto: Divulgação/Aron Mello

De acordo com o Consultor do Sebrae/PR, Eduardo Ribeiro, a Lei Geral de Proteção de Dados- LGPD- impacta em todos os aspectos as empresas de tecnologia da informação e comunicação porque toda empresa que coleta alguma informação sobre seus clientes ela tem responsabilidade sobre esses dados que são coletados e ela precisa comunicar para o usuário comum como esses dados serão utilizados e a finalidade deles. "Assim, todo serviço deve ser repensado como os dados são coletados e utilizados e solicitar o consentimento dos usuários a respeito disso", explica. Ribeiro considera que a lei muda toda a dinâmica das empresas de TI e exigirá que dediquem energia a esse tratamento mais cauteloso. "Para o cidadão comum, isso representa proteção e direitos sobre seus dados. Permite que o usuário solicite que os dados sobre que ele estão sendo utilizados, que sejam excluídos e a empresa passa a ter responsabilidade até em relação a possíveis ataques de hackers sobre os dados que possui. Por isso também que é muito importante que as empresas de tecnologia que prestam serviço para empresas não necessariamente de tecnologia, mas que consomem isso, precisam estar atentas à LGPD porque todo dado coletado vira uma responsabilidade daquela empresa", explica.

E, com a mudança, os profissionais de TI deverão estar cada vez mais preparados.

Quem o mercado deseja

Segundo o coordenador do curso Superior de Tecnologia em Análise de Desenvolvimento de Sistemas EAD da Kroton, Dorival Magro Junior, o perfil do profissional está relacionado à criatividade, gosto em solucionar problemas, colaborativo, curioso, empreendedor, gosto por desafios, pela tecnologia, cultura digital e inovação. "Não é necessário ter conhecimento avançado em computadores, mas é primordial a disposição a aprender e não ter medo de mudanças." Presentes na rotina diária, o mercado tem sede de desenvolvedores. Esses profissionais desenvolvem softwares para a mais variada gama de equipamentos e necessidades. O coordenador observa que os softwares presentes em carros, smart TVs, sistemas de controle residenciais, tanto de segurança quanto de entretenimento e controle de ambiente, acesso à internet e até mesmo em geladeiras. "O que seria dos celulares sem seus aplicativos? Na verdade, é muito difícil apontar para algo hoje que não tenha, em algum momento, tido contato com algum software como controle logístico, estoque, financeiro, sites de venda e relacionamento com o cliente. Enfim, são muitas as possibilidades", observa.

Para o docente em Gestão do Conhecimento, Engenharia de Software, Gestão de Projetos, Linguagem de Programação e Estrutura de Dados, Marco Ikuro Hisatomi, podem surgir ainda mais demandas e profissões diferenciadas ligadas a área para o futuro. "Por isso, os profissionais devem se ver em plena necessidade de renovação, só assim estarão preparados para o futuro de muitas oportunidades e com as competências alinhadas às estratégias organizacionais serão cada vez mais valorizados". Sobre a remuneração, pensa: "Mais importante do que o valor recebido em salário, o que tenho visto é uma variedade de modelos de contratações que favorecem tanto empresas quanto profissionais. Acredito que estamos numa era em que continuamente devemos estar preparados para proporcionar mais resultados e qualidade, pois as organizações, mais do que nunca, necessitam ser competitivas".

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Há vagas

A crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus tornou ainda mais árdua a busca por postos de trabalho no País. No segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego alcançou a marca de 13,3%, segundo o IBGE. Mas um segmento tem ficado na contramão desse cenário: o de tecnologia. E a Kroton, braço B2C de ensino superior da Cogna, maior grupo educacional do País, está com oportunidades na área. São vagas para desenvolvedores NodeJS, React,.NET, Java e para Scrum Master, de diferentes níveis de experiência, nos escritórios de Londrina, no Paraná, e em Valinhos, no interior de São Paulo, onde fica o hub de transformação digital da empresa. Os salários chegam a R$ 8 mil, dependendo da vaga, e incluem participação nos lucros.

De acordo com a companhia, a seleção é dividida em três etapas: entrevista com o RH, desafio técnico e entrevista com o gerente do setor. E o candidato não precisa sequer sair de casa para participar, já que todo o processo está sendo feito via plataforma online. Para saber mais detalhes sobre as vagas e se candidatar, acesse: https://jobs.kenoby.com/kroton