Setor de eventos sofre com a pandemia e aguarda o retorno
Extensa cadeia de profissionais é atingida pelo isolamento social mas cumpre as normas para evitar riscos
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 01 de junho de 2020
Extensa cadeia de profissionais é atingida pelo isolamento social mas cumpre as normas para evitar riscos
Walkiria Vieira - Grupo Folha
Desde meados de março, as regras de isolamento e a proibição de aglomerações atingiram em cheio quem trabalha no mercado de eventos, sejam bares, restaurantes, lanchonetes e buffets. A assessora de eventos corporativos Adriana Pontin também está na lista dos que suspenderam a agenda e teve o seu trabalho diretamente afetado pela pandemia e os cuidados para evitar a proliferação do vírus. "No dia 18 de março, desmarquei o meu primeiro evento", relata. Adriana tinha uma agenda com 26 eventos corporativos já programados até o final de 2020 , fora os que surgem por conta das confraternizações empresariais de fim de ano. "Desses 26, 10 estou conseguindo fazer online, um deles é o Mulheraço, um programa de desenvolvimento de network onde compartilhamos nossos negócios", explica.
Tratam-se de advogadas, lojistas da área feminina e masculina, joalheiras, donas de óticas, de salão de beleza, assim como mulheres que trabalham com agronegócio, confeitaria e coaching. "Uma ajudando a outra para compartilharmos experiências positivas como cupons de desconto, voucher de venda antecipada", cita.
Um dos eventos cancelados e que causa tristeza na especialista é o 2º Fórum Estadual de Meio Ambiente e que seria realizado em outubro". Em 2019, foram 27 cidades participantes com mais de 300 pessoas movimentando toda a economia da cidade: restaurantes, lazer, hotéis e transportes. Do ponto de vista do Presidente do Consemma, Conselho Municipal do Meio Ambiente de Londrina, Charles dos Santos, é uma grande perda uma vez que os eventos presenciais proporcionam trocas de experiências. "Conhecemos a realidade de cada cidade, as ações assertivas e verdadeiros cases de sucesso que se transformam em referência", lamenta.
Mesmo com segurança e cuidados, movimento é fraco
Com nove anos de funcionamento, o restaurante Jardim Gastronômico fechou suas portas no dia 20 de março, em plena sexta-feira - dia de muito movimento, com música ao vivo e espaço destinado às crianças e que chega a ter espera por mesa, como conta a administradora do espaço Mônica de Miranda Rassi. "Pensamos nos nossos funcionários, nos riscos para as crianças e ficamos 25 dias totalmente parados. Pensávamos que seria mais passageiro, mas tivemos que tomar decisões devido a extensão da pandemia. O contrato dos 16 colaboradores foi suspenso, decidimos tentar nos reestruturar com dellivery e contratamos seis pessoas extras."
A volta ao atendimento presencial se deu conforme autorização municipal e Mônica explica que todas as regras estabelecidas são seguidas à risca. As 36 mesas externas foram reduzidas a nove e na parte interna agora são só três. Além disso, conforme o movimento, a administradora foi mexendo nos horários de abertura e fechamento porque o movimento ainda é fraco e as despesas grandes. "Os clientes fiéis aderiram ao dellivery e após a abertura da casa vários chegaram a contar emocionados que era a primeira vez que saiam de casa para comer fora. Essa confiança nos deixou muito felizes", revela.
A administradora pontua que a Abrasel - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes tem feito um trabalho incansável para os donos de restaurantes, além da conscientização com a segurança, a saúde dos clientes e colaboradores." Por outro lado, a administradora alerta: a Vigilância Sanitária precisa ser mais atuante, tem muita gente trabalhando no fundo de casa sem garantir o mínimo de segurança e isso nos impacta diretamente".
Celebrações suspensas abalam os buffets
Patrícia Guimarães atua no ramo de celebrações há mais de 20 anos. Ela é proprietária do Empório Guimarães e do Loft, aberto há um ano. "O último evento realizado pelo buffet foi no dia 14 março. Do dia 15 em diante, estão todos suspensos." A proprietária explica que a cautela é a regra da vez e eventos como os casamentos, tão planejados e verdadeiros sonhos, têm recebido um tratamento bastante personalizado. "Estamos apoiando os noivos conforme suas necessidades e oferecendo a melhor data".
Patrícia reconhece que é um momento muito delicado. "Não temos uma previsão de retorno, é um momento extremamente crítico e vários prestadores são atingidos. São assessores de eventos, DJs, bandas, garçons, fotógrafo, equipe da cozinha e limpeza sem trabalhar, é toda uma cadeia sendo atingida e nosso emocional também está abalado. Sentimos muita falta de nossa atividade e na hora que fechamos no horário comercial e vemos tudo apagado, desligado e vazio, ficamos abalados, nos compadecemos com os colaboradores que tiveram seus contratos suspensos", desabafa.
Kits de festa para mini comemorações
Já que os encontros estão limitados, as festas de comemoração em casa tem sido só com os moradores da casa. Para a data não passar em branco, muitas pessoas recorreram a kits reduzidos e a especialista em doces Priscilla Pascoal, da DiPascoalCake comenta que seu trabalho aumentou muito. Além dos pedidos e encomendas, acumulou as tarefas junto ao casal de filhos de 5 e 10 anos e até nas madrugadas precisou se dedicar aos confeitos. Desde os 13 anos de idade, era ela a responsável pela sobremesa das festas de família ou amigos.
No começo era o pavê, o pudim, depois veio o bolo de pote e os bolos personalizados. "Há três anos e meio passei a me aperfeiçoar e o amor por bolos decorados só cresceu", conta. Os kits para as festas durante a pandemia incluem cup cakes, docinhos e um bolo de um quilo personalizado. "Também faço bolos caseiros, cheesecake e as encomendas me ocupam mesmo.
Casada com o chef de cozinha Maikon Reis, que atua em dois restaurantes, Priscila fala que é recorrente o comentário:"Ele é o sal e eu sou o açúcar", diverte-se. E assim seguem, adaptando-se a uma temporada inusitada e com novas demandas.