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EXPECTATIVAS 5m de leitura

Qual o perfil do profissional que o mercado almeja para 2022?

Foco no cliente, tolerância ao estresse e flexibilidade estão entre as habilidades que o mercado requer, segundo os especialistas

ATUALIZAÇÃO
04 de janeiro de 2022

Walkiria Vieira - Grupo Folha
AUTOR

Trabalho e renda são essenciais para a convivência em sociedade. Trilhar uma carreira em sintonia com aptidões torna o exercício profissional um consequência de escolhas e realizações. Atualização é um quesito presente em todas as áreas, assim como atributos específicos a cada profissão.

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Alinhados com as exigências do mercado,  o sócio-fundador da MAIO Executive Search, Marcelo de Lucca, e o  Gerente de Recursos Humanos & Responsabilidade Social da Tamarana Tecnologia Ambiental  e Conselheiro da Academia Europeia de Alta Gestão, Maurício Chiesa Carvalho, apresentam nesta edição um perfil do profissional que o mercado almeja, as principais habilidades desejadas que deve possuir e desenvolver e como virar o jogo a seu favor.

O profissional que o mercado almeja , segundo  Maurício  Chiesa Carvalho

Maurício Chiesa Carvalho:  "Não apenas o profissional tem que ter sua empregabilidade, mas a empresa, possuir a sua atratividade"
 

"Em decorrência da pandemia, o mundo passou os  últimos dois  anos  tanto por uma “ressignificação” de práticas e conceitos, quanto pelo o resgate de questões que outrora permeavam as relações de profissionais e empresas. Mas eu começo com uma orientação básica, pois a questão é questão é simples: antes de ser um bom profissional, seja uma boa pessoa.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, as 15 habilidades que estarão em alta no mercado de trabalho até 2025 são:  1. Pensamento analítico e inovação; 2. Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizado; 3. Resolução de problemas; 4. Pensamento crítico; 5. Criatividade; 6. Liderança; 7. Uso, monitoramento e controle de tecnologias; 8. Programação; 9. Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade; 10. Raciocínio lógico; 11. Inteligência emocional; 12. Experiência do usuário; 13. Ser orientado a servir o cliente (foco no cliente); 14. Análise e avaliação de sistemas; 15. Persuasão e negociação. 

Um ponto importante: embora o Fórum Econômico Mundial tenha competências necessárias: “Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade”, caberá a empresa também prover meios e métodos que reduzam ou mitiguem toda essa questão.

A onipotência custa muito energia, ou seja, “super profissionais não existem”. Somente o tempo vai demostrar o custo desta imagem de ser sempre forte. Empresa que reconhece esses ambientes vulneráveis, acolhem e dão atenção possui um ambiente de segurança psicológica bem maior: Resultado: Maior produtividade, engajamento. Menor afastamento, acidente ou doença.

Transitaremos na dicotomia EMPRESABILIDADE x EMPREGABILIDADE. Ou seja, não apenas o profissional tem que ter sua empregabilidade, mas a empresa, possuir a sua atratividade. Por isso algumas organizações permitem por exemplo, o pet day (levar o pet de estimação para o trabalho), family day (dia da família), entre outros. São formas de descompressão “emocional”.

Tenho acompanhado muitos profissionais e empresários que começaram a questionar qual seu papel e finalidade, tanto pessoal quanto profissional. O resultado disto é um novo planejamento estratégico da empresa e reposicionamento de postura quanto, um plano de carreira para mudar, seja um novo empregou ou por exemplo, empreender. 

Mas uma coisa é fato: cada vez mais tanto empresas quanto profissionais farão o que denomino de seleção por essência e que se caracteriza pela escolha do profissional pela empresa ou vice-versa não apenas pelos conhecimentos, habilidades e atitudes, mas sim, pelo nível de aderência e compatibilidade do FIT CULTURAL e valores. Ou seja, o modo de existir, pensar, ser e agir de pessoas e empresas muito próximas. A consequência disto é um maior engajamento, produtividade e a presença do IKIGAI (razão de existir). Resposta a pergunta que mais fora feita nesta Neonormalidade, tanto por pessoas quanto organizações: O que estou fazendo aqui? Qual meu propósito: qual meu legado?

Assim,  relaciono algumas orientações para manter em alta a empregabilidade a partir de 2022, além das praticadas até hoje:

- Compatibilidade dos ‘valores’ da empresa aos valores pessoais;

- Executar trabalhos voluntários, que demonstram um posicionamento altruísta de colaboração, de relacionamento e até mesmo liderança, além de contribuir para inteligência emocional e espiritualidade;

- Processos de alto avaliação constantes (feedback por gestores ou mentoria por profissionais / consultorias especializadas)

- Estar atendo as novas tecnologias e processos existentes (aprendizagem continua)"

Habilidades importantes em fases de mudança, segundo  Marcelo de Lucca

 

"O termo VUCA surgiu no exército americano na década de 90, época da Guerra Fria, como consequência de um ambiente geopolítico instável e incerto. VUCA é um acrônimo em inglês das palavras: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade.

Por volta de 2015/2016 o mundo corporativo passou a utilizar a expressão, pois o momento era de uma enorme velocidade das transformações no mundo. Basta acompanhar os principais acontecimentos pelos meios de comunicação e pelas redes sociais para ter a sensação de que temos o desafio de lidar com as características abaixo:

Volatilidade: o volume das mudanças e a agilidade com a qual elas têm ocorrido tornam necessário ter clareza do propósito e dos resultados esperados como direcionadores para lidar de forma mais eficaz com as mudanças atualmente, pois não existe mais um caminho estruturado para alcançar os objetivos;

Como lidar? Se as mudanças são inevitáveis é preciso resiliência para lidar com elas. A capacidade de manter-se íntegro após uma brusca transformação e ainda ter fôlego para se adaptar ao novo cenário não é mais uma opção num mundo volátil. Para desenvolver a resiliência é preciso reforçar a autoestima e manter uma perspectiva positiva diante dos acontecimentos.

Incerteza: mudanças disruptivas pressupõem novos paradigmas. Reconhecer que as soluções de hoje, em geral, não serão aplicáveis aos problemas do futuro é uma forma de lidar melhor com a incerteza.

Como lidar? A flexibilidade é uma competência essencial para a adaptação constante a cenários imprevisíveis. O primeiro passo para ser mais flexível é buscar a aceitação e compreender que existem muitas formas de resolver o mesmo problema.

Complexidade: a conectividade e a interdependência são fatores que ampliam a complexidade. Os modelos tradicionais de gestão de riscos e tomada de decisão não são suficientes para lidar com o número de variáveis desses contextos interconectados.

Como lidar? Em contextos complexos, quanto mais ampla a visão, maior a probabilidade de encontrar soluções eficazes. O desafio é aprender a lidar com as diferenças. Multidisciplinariedade e Diversidade são o caminho.

Ambiguidade: existem muitas formas de interpretar e analisar os contextos complexos. A ambiguidade é essa falta de clareza e concretude.

Como lidar? Se não há respostas e explicações precisas e específicas, é preciso escolher uma linha de raciocínio e arcar com as consequências. Tomar decisões num contexto ambíguo é um ato de coragem", finaliza.

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