Trabalho e renda são essenciais para a convivência em sociedade. Trilhar uma carreira em sintonia com aptidões torna o exercício profissional um consequência de escolhas e realizações. Atualização é um quesito presente em todas as áreas, assim como atributos específicos a cada profissão.

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Alinhados com as exigências do mercado, o sócio-fundador da MAIO Executive Search, Marcelo de Lucca, e o Gerente de Recursos Humanos & Responsabilidade Social da Tamarana Tecnologia Ambiental e Conselheiro da Academia Europeia de Alta Gestão, Maurício Chiesa Carvalho, apresentam nesta edição um perfil do profissional que o mercado almeja, as principais habilidades desejadas que deve possuir e desenvolver e como virar o jogo a seu favor.

O profissional que o mercado almeja , segundo Maurício Chiesa Carvalho

Maurício Chiesa Carvalho:  "Não apenas o profissional tem que ter sua empregabilidade, mas a empresa, possuir a sua atratividade"
Maurício Chiesa Carvalho: "Não apenas o profissional tem que ter sua empregabilidade, mas a empresa, possuir a sua atratividade" | Foto: Divulgação

"Em decorrência da pandemia, o mundo passou os últimos dois anos tanto por uma “ressignificação” de práticas e conceitos, quanto pelo o resgate de questões que outrora permeavam as relações de profissionais e empresas. Mas eu começo com uma orientação básica, pois a questão é questão é simples: antes de ser um bom profissional, seja uma boa pessoa.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, as 15 habilidades que estarão em alta no mercado de trabalho até 2025 são: 1. Pensamento analítico e inovação; 2. Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizado; 3. Resolução de problemas; 4. Pensamento crítico; 5. Criatividade; 6. Liderança; 7. Uso, monitoramento e controle de tecnologias; 8. Programação; 9. Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade; 10. Raciocínio lógico; 11. Inteligência emocional; 12. Experiência do usuário; 13. Ser orientado a servir o cliente (foco no cliente); 14. Análise e avaliação de sistemas; 15. Persuasão e negociação.

Um ponto importante: embora o Fórum Econômico Mundial tenha competências necessárias: “Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade”, caberá a empresa também prover meios e métodos que reduzam ou mitiguem toda essa questão.

A onipotência custa muito energia, ou seja, “super profissionais não existem”. Somente o tempo vai demostrar o custo desta imagem de ser sempre forte. Empresa que reconhece esses ambientes vulneráveis, acolhem e dão atenção possui um ambiente de segurança psicológica bem maior: Resultado: Maior produtividade, engajamento. Menor afastamento, acidente ou doença.

Transitaremos na dicotomia EMPRESABILIDADE x EMPREGABILIDADE. Ou seja, não apenas o profissional tem que ter sua empregabilidade, mas a empresa, possuir a sua atratividade. Por isso algumas organizações permitem por exemplo, o pet day (levar o pet de estimação para o trabalho), family day (dia da família), entre outros. São formas de descompressão “emocional”.

Tenho acompanhado muitos profissionais e empresários que começaram a questionar qual seu papel e finalidade, tanto pessoal quanto profissional. O resultado disto é um novo planejamento estratégico da empresa e reposicionamento de postura quanto, um plano de carreira para mudar, seja um novo empregou ou por exemplo, empreender.

Mas uma coisa é fato: cada vez mais tanto empresas quanto profissionais farão o que denomino de seleção por essência e que se caracteriza pela escolha do profissional pela empresa ou vice-versa não apenas pelos conhecimentos, habilidades e atitudes, mas sim, pelo nível de aderência e compatibilidade do FIT CULTURAL e valores. Ou seja, o modo de existir, pensar, ser e agir de pessoas e empresas muito próximas. A consequência disto é um maior engajamento, produtividade e a presença do IKIGAI (razão de existir). Resposta a pergunta que mais fora feita nesta Neonormalidade, tanto por pessoas quanto organizações: O que estou fazendo aqui? Qual meu propósito: qual meu legado?

Assim, relaciono algumas orientações para manter em alta a empregabilidade a partir de 2022, além das praticadas até hoje:

- Compatibilidade dos ‘valores’ da empresa aos valores pessoais;

- Executar trabalhos voluntários, que demonstram um posicionamento altruísta de colaboração, de relacionamento e até mesmo liderança, além de contribuir para inteligência emocional e espiritualidade;

- Processos de alto avaliação constantes (feedback por gestores ou mentoria por profissionais / consultorias especializadas)

- Estar atendo as novas tecnologias e processos existentes (aprendizagem continua)"

Habilidades importantes em fases de mudança, segundo Marcelo de Lucca

Marcelo de Lucca: "Se as mudanças são inevitáveis é preciso resiliência para lidar com elas"
Marcelo de Lucca: "Se as mudanças são inevitáveis é preciso resiliência para lidar com elas" | Foto: Divulgação

"O termo VUCA surgiu no exército americano na década de 90, época da Guerra Fria, como consequência de um ambiente geopolítico instável e incerto. VUCA é um acrônimo em inglês das palavras: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade.

Por volta de 2015/2016 o mundo corporativo passou a utilizar a expressão, pois o momento era de uma enorme velocidade das transformações no mundo. Basta acompanhar os principais acontecimentos pelos meios de comunicação e pelas redes sociais para ter a sensação de que temos o desafio de lidar com as características abaixo:

Volatilidade: o volume das mudanças e a agilidade com a qual elas têm ocorrido tornam necessário ter clareza do propósito e dos resultados esperados como direcionadores para lidar de forma mais eficaz com as mudanças atualmente, pois não existe mais um caminho estruturado para alcançar os objetivos;

Como lidar? Se as mudanças são inevitáveis é preciso resiliência para lidar com elas. A capacidade de manter-se íntegro após uma brusca transformação e ainda ter fôlego para se adaptar ao novo cenário não é mais uma opção num mundo volátil. Para desenvolver a resiliência é preciso reforçar a autoestima e manter uma perspectiva positiva diante dos acontecimentos.

Incerteza: mudanças disruptivas pressupõem novos paradigmas. Reconhecer que as soluções de hoje, em geral, não serão aplicáveis aos problemas do futuro é uma forma de lidar melhor com a incerteza.

Como lidar? A flexibilidade é uma competência essencial para a adaptação constante a cenários imprevisíveis. O primeiro passo para ser mais flexível é buscar a aceitação e compreender que existem muitas formas de resolver o mesmo problema.

Complexidade: a conectividade e a interdependência são fatores que ampliam a complexidade. Os modelos tradicionais de gestão de riscos e tomada de decisão não são suficientes para lidar com o número de variáveis desses contextos interconectados.

Como lidar? Em contextos complexos, quanto mais ampla a visão, maior a probabilidade de encontrar soluções eficazes. O desafio é aprender a lidar com as diferenças. Multidisciplinariedade e Diversidade são o caminho.

Ambiguidade: existem muitas formas de interpretar e analisar os contextos complexos. A ambiguidade é essa falta de clareza e concretude.

Como lidar? Se não há respostas e explicações precisas e específicas, é preciso escolher uma linha de raciocínio e arcar com as consequências. Tomar decisões num contexto ambíguo é um ato de coragem", finaliza.