Mercado de trabalho: os profissionais 50+ são necessários
Psicóloga especialista em carreira destaca como a mentalidade aberta à mudança, combinada ao repertório acumulado, valoriza esses profissionais
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quarta-feira, 02 de julho de 2025
Psicóloga especialista em carreira destaca como a mentalidade aberta à mudança, combinada ao repertório acumulado, valoriza esses profissionais
Da Redação

“O que separa as gerações hoje não é mais a idade, é a mentalidade”.
A afirmação da psicóloga Sarah Figueiredo, especialista em carreira e negócios, traduz com precisão um dos debates mais urgentes no mercado de trabalho atual: como valorizar profissionais com mais de 50 anos sem cair em estereótipos nem subestimar seu potencial de adaptação?
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Mais do que experiência, essa geração carrega repertório, profundidade e estabilidade emocional. Diferenciais, de acordo com Sarah, que ganham ainda mais valor em um cenário corporativo marcado por transformações constantes, incertezas e pressões por desempenho. “O tempo mudou, e quem não se adapta, fica. Não importa a idade: o que realmente define quem segue relevante é a capacidade de aprender, desaprender e reaprender. O que importa é a atitude diante da mudança”, afirma a psicóloga.
EXPERIÊNCIA EM NÚMEROS
O que se vê na prática também está refletido nos números. Sarah destaca um levantamento realizado pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), com base na Rais (Relação Anual de Informações Sociais), que mostra que entre 2006 e 2021 o número de trabalhadores formais com mais de 50 anos mais que dobrou, saltando de 4,4 para 9,3 milhões de pessoas, um crescimento de 110%, quase três vezes maior que a média geral (38,6%).
Atualmente, o grupo de profissionais 50+ representa cerca de 19% dos trabalhadores formais no País. Dados do governo federal mostram que mais de 13,4 milhões de pessoas com essa faixa etária estão ativas no mercado formal. Se considerados os informais, esse número chega a 23,5 milhões - ou 22% da população ocupada.
“É uma tendência irreversível. A população está envelhecendo, e o mercado precisa acompanhar essa transformação com inteligência. A maturidade profissional não é apenas uma questão etária, mas uma vantagem estratégica para as empresas”, explica Sarah.
Apesar desses levantamentos, Sarah observa que não há muitos dados formais sobre idade e cargos ou idade e contratação. “Mas no meu dia a dia de consultora vejo uma maior valorização desse público. Alguns cargos inclusive com mais preferência porque essa geração foi criada num ‘script’ de vida vertical de crescimento e ascensão dentro das instituições, que valoriza mais a constância, a rotina, previsibilidade, organização e planejamento.”

TROCA DE GERAÇÕES
A diversidade etária traz benefícios concretos para as organizações, desde que acompanhada de um ambiente que favoreça trocas genuínas. A psicóloga defende que cada geração tem habilidades e formas de enxergar o mundo que se complementam. “A geração Z domina ferramentas e soluções digitais com fluidez. Já os profissionais mais experientes contribuem com visão de longo prazo, cultura organizacional, liderança e consistência. O segredo está em criar espaços onde essas trocas possam acontecer, com liderança preparada para isso.”
MITOS SOBRE OS 50+
Um dos principais mitos sobre a faixa 50+ é a suposta resistência a mudanças. Mas, segundo Sarah, o problema real está na rigidez de pensamento, algo que pode atingir profissionais de qualquer idade. “O maior risco para qualquer carreira hoje é a inflexibilidade. Aquele que se recusa a mudar, que ignora novas ferramentas ou insiste em modelos ultrapassados, esse sim está em desvantagem, seja aos 25 ou aos 65 anos.”, acrescenta a especialista.
Por isso, ela defende que as lideranças olhem menos para a idade e mais para as habilidades humanas. “Empatia, capacidade de colaborar, escuta ativa, organização, autonomia são competências que importam. As habilidades técnicas, a gente treina.”
Para Sarah, a presença dos profissionais 50+ nas empresas não pode se limitar à estatística. Precisa ser valorizada na prática, com políticas de inclusão, planos de desenvolvimento e um olhar estratégico por parte dos gestores. “É possível evoluir sem abandonar o que se construiu. O importante é ter coragem para ajustar a rota, aprender com os mais novos e ensinar o que só o tempo entrega: experiência com consistência.”
* Com assessoria.

