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Emprego 5m de leitura

Máscaras de proteção entram na linha de produção industrial

Produto torna-se essencial para população e incrementa empregabilidade

ATUALIZAÇÃO
10 de maio de 2020

Walkiria Vieira - Grupo Folha
AUTOR

De acessório a item obrigatório, as máscaras de proteção facial se tornaram parte do figurino e também da etiqueta social durante a pandemia do Covid-19. Seu papel é o de ser uma barreira a mais para o convívio social e deve ser somada aos cuidados de higiene e isolamento que passaram a fazer parte da rotina das pessoas no mundo inteiro. 

Em pleno Calçadão de Londrina, as bancas de máscara são complemento de renda para ambulantes
 

A regra é clara: para adentrar em estabelecimentos comerciais, ônibus e repartições públicas, a máscara é obrigatória e alguns municípios saíram na frente para impor mais segurança a todos.  A grande procura tornou as máscaras descartáveis mais caras e, em pouco tempo, elas desapareceram do mercado.

O combo máscara, álcool gel e distanciamento já não são novidade e diante do atual cenário, o Grupo Luppo passou a produzir máscaras de proteção contra a Covid-19 para o público consumidor final, com venda exclusiva em seu e-commerce. Há cem anos no mercado, o grupo considera que a produção das máscaras é um passo em direção à responsabilidade civil. A marca iniciou a produção inédita de máscaras de uso social para a proteção contra o coronavírus, produzidas a partir do fio de poliamida funcional, Amni Biotech®, da Rhodia.

Em relação à qualidade e durabilidade do produto e em conformidade com as normas da OMS (Organização Mundial de Saúde),  o grupo explica que as máscaras foram desenvolvidas com a tecnologia seamless pela Lupo, por uma equipe de colaboradores voluntários na fábrica da marca, localizada em Araraquara, interior de São Paulo. "O produto reduz o odor durante o uso, graças à sua ação antimicrobiana que controla a proliferação das bactérias causadoras de odor indesejado, oferecendo maior sensação de conforto e bem-estar aos usuários", informa o conteúdo da assessoria de imprensa. 

A poliamida é produzida com um tecido de toque macio, extremamente confortável e que oferece conforto térmico - além de possuir rápida absorção de umidade, é fácil de lavar e seca rapidamente. São são laváveis e reutilizáveis (a ação antimicrobiana é permanente, permanecendo até o final da vida útil da peça) e não devem ser compartilhadas. As máscaras já estão à venda no e-commerce da Lupo (www.lupo.com.br), com entrega para todo o Brasil.

O polo têxtil de Nova Friburgo (RJ) e cidades vizinhas, conhecido pela produção de roupa íntima, converteu parte de sua linha de produção para a confecção de equipamentos de proteção individual, os EPIs, para evitar a transmissão do novo coronavírus.

A produção que, inicialmente, atendia a pedidos de médicos amigos ou doação, passou a gerar uma demanda de prefeituras da região e empresas com dificuldades em encontrar o material. A conversão da linha de produção atingiu cerca de 260 fábricas do polo têxtil, que tem 1.730 empresas associadas.

A expectativa do polo é que a demanda cresça à medida que o uso de máscara se torne um hábito na população em geral. Na capital do Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) tornou obrigatório o uso do equipamento .

Empresa de Cambé que confeccionava roupas de inverno passou a produzir máscaras, aventais e roupas para o pessoal da Saúde e segurança
 

NORTE DO PARANÁ

Em Cambé, a Indústria e Comércio de Confecções Cris Jeans estava trabalhando a todo vapor na produção de roupas de inverno vendidas em todo o Brasil quando precisou fechar a empresa e enviar os 150 funcionários para casa - respeitando a recomendação das autoridades. "Estávamos com 15 mil peças cortadas, ficaram 15 dias em casa e a empresa fechada", conta a empresária Divina Borri.

Procurada pelo curso de Moda da UEL (Universidade Estadual de Londrina) para apoiar na demanda por máscaras, conseguiu 20 voluntários da empresa de bate-pronto. "Sabíamos que as máscaras e aventais tinha data para acabar. Fizemos 10 mil máscaras para o Hospital Universitário, depois o corte de mais 15 mil peças", enumera.

Ciente dos riscos de quem está na linha de frente, Borri explica que também costurou 640 conjuntos de 100% brim para médicos e enfermeiros  de Londrina e também atendeu ao pedido da Santa Casa de Cambé na produção de 500 conjuntos de vestimenta. 

Ao retomar o produção e com equipes intercaladas, a empresária conta que passou a receber pedidos de construtoras e empresas como a Embrapa. "Fomos nos aperfeiçoando e as máscaras são bordadas de modo a ficar personalizada com o nome da empresa", diz.

Ela conta que o Rotary também a procurou: "Fizemos para os bombeiros, Polícia Militar e hoje as máscaras se tornaram um complemento. Verde militar, preta, off white são algumas opções".  A mudança na atividade permitiu retomar os negócios. 

"Meu faturamento está parado, as contas não esperam e não que as máscaras façam uma grande diferença, mas é um complemento", reforça.

"Em 38 anos de atividade,  já passamos por vários planos, crises e situações difíceis, mas agora vivemos três pandemias ao mesmo tempo: o mundo doente, a crise financeira e a guerra política", observa.

Linha, agulha e solidariedade

A criatividade entrou em cena e um verdadeiro exército de costureiras passou a dedicar tempo e experiência para criar uma peça tão funcional como prática e acessível. Na guerra contra a Covid-19, uma arma valiosa, a solidariedade.

A costureira Neide dos Santos Moreira Lima produziu máscaras para doar a hospitais de Londrina e Cambé e reservou tempo também para doar a peça para amigos. A primeira remessa foi de 500 unidades e Lima segue com o amparo na ativa. 

A professora aposentada Missae Nakayma também quis se dedicar à confecção de máscaras e uniu o útil ao agradável diante de sua pequena máquina de costuras. Os modelos infantis foram os eleitos por Nakayma e os tecidos de algodão, de motivos divertidos como passarinhos, flores, lhamas e pequenos corações, destacam-se. 

Muito entusiasmada em poder ajudar o próximo, a aposentada usava o whatsapp para avisar que estava pronto, fazia os pacotinhos e agendava horário para fazer a entrega no sistema drive-thru. "Ninguém precisava nem descer do carro. Fiz para a Páscoa e para o Dia das Mães. Sinto uma felicidade tão grande."

As irmãs Maria Rute Campos e Betinha Campos também aderiram à produção num gesto de amor. De acabamento impecável, os motivos xadrez, de poá ou lisas foram um incentivo e tanto para quem ainda estava desajeitado com o equipamento. De algodão, dupla e lavável, as máscaras das irmãs Campos são alvo de elogios frequentemente. "Confeccionamos mais de 250 máscaras que oferecemos para amigos e familiares. Protegê-los contra o Covid-19 foi uma forma de demonstrar nosso carinho."

Elas contam ainda que juntamente com professores do CEEBEJA (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos), confeccionaram 600 máscaras que foram distribuídas em diversas instituições. 

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