Governo quer incluir jovens 'nem-nem' em mercado de trabalho
Para criar programa que beneficie jovens que nem trabalham nem estudam, governo precisa investir de R$ 6 bi em um ano
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 14 de junho de 2021
Para criar programa que beneficie jovens que nem trabalham nem estudam, governo precisa investir de R$ 6 bi em um ano
Thiago Rezende/ Agência Brasil
Brasília - O programa social em elaboração para inclusão de jovens no mercado de trabalho deverá demandar R$ 6 bilhões em um ano dos cofres públicos, segundo integrantes do Ministério da Economia.
O ministro Paulo Guedes (Economia) disse que os contratos de qualificação profissional poderão durar até um ano. Por isso, a equipe econômica busca recursos no Orçamento que possam bancar a iniciativa também a partir de 2022, e não apenas em 2021.Uma possibilidade, segundo membros da equipe econômica, é que o programa seja bancado com recursos fora do teto de gastos - regra que impede o crescimento das despesas públicas acima da inflação.
A ideia é que essa primeira rodada - de um ano - funcione como uma versão inicial e, após avaliações da política pública, poderá se tornar permanente e, então, incluído dentro do Orçamento e das limitações do teto. "No BIP, o governo dá um bônus para um jovem pegar um programa de treinamento dentro da empresa, para entrar no sistema produtivo. O governo dá um dinheiro para ele se manter e a empresa também paga um pedaço, que vai chamar BIQ. É um ganha-ganha", disse Guedes, em entrevista exclusiva à Folha de S.Paulo publicada na última semana.
"Isso não tem encargo, não tem nada. O valor do bônus pago pelo governo deve ficar entre R$ 250 e R$ 300, possivelmente R$ 300. A ideia é que a empresa entre com um valor equivalente", afirmou.
Os planos do BIP foram antecipados pela Folha de S.Paulo neste ano. No fim de abril, Guedes voltou a prometer um novo programa social voltado para trabalhadores informais, que, segundo cálculos do governo federal, são cerca de 40 milhões de brasileiros. Em maio, o ministro afirmou que a expectativa é a abertura rápida de 2 milhões de vagas de emprego. O foco do programa é o grupo com idade de 18 anos a 29 anos, especialmente os jovens que hoje não estudam e não trabalham (os chamados "nem-nem").O objetivo do programa é que o jovem se qualifique para exercer a função exigida no futuro emprego.
O governo nega que o mecanismo será usado para contratação de mão de obra barata. O jovem teria durante o programa um vínculo especial com a empresa, dentro de um regime de treinamento. O contrato não deve seguir as regras da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e, portanto, não será contabilizado no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Como o plano do ministro de conceder um pagamento aos jovens que hoje não estudam nem trabalham em um novo programa de incentivo à qualificação profissional prevê uma quantia a ser arcada por empresas, o valor recebido pela pessoa pode chegar a R$ 600. Com os dois pagamentos, o programa permitiria ao jovem receber o equivalente ao salário mínimo por hora --o que, na visão do governo, eliminaria problemas jurídicos sobre valores abaixo do permitido...