São Paulo - Empreendimentos dedicados a jornalismo de dados, questões de gênero e cobertura da segurança pública no Brasil estão entre as 10 startups selecionadas pelo Google para participar de um programa de aceleração, voltado exclusivamente para veículos jornalísticos. .

O plano era que o Google News Initiative tivesse começado no primeiro semestre, porém o projeto foi adiado devido à pandemia. Agora, ele será realizado agora de forma online.

A partir de novembro até abril do ano que vem, os veículos receberão mentoria, treinamentos e workshops sobre modelo de negócio, levantamento de fundos, marketing e produto.

Também terão um investimento inicial de US$ 20 mil e, ao término do programa, vão apresentar suas propostas para potenciais investidores.

Esta é a primeira vez que o Google abre um processo de aceleração voltado para empresas jornalísticas - um similar está ainda em fase inicial nos Estados Unidos. "É um programa 100% brasileiro na concepção, o que abre espaço para novas possibilidades dentro do Brasil", destaca Fabiana Zanni, gerente de parcerias e coordenadora do GNI Startup Lab no Brasil.

Ela explica que a iniciativa surgiu da percepção de que, embora o Google interagisse muito com veículos de imprensa, não tinha nenhum projeto focado no empreendedor. A ideia é usar conceitos já trabalhados no Google for Startups, programa de aceleração da big tech, para impulsionar as empresas, considerando também as peculiaridades do setor.

"Quando falamos de startup, falamos muito de crescimento em escala, o que não é replicável no jornalismo, mas acreditamos que podemos contribuir com alguns conceitos que já trabalhamos e são inerentes ao empreendedorismo", diz Zanni.

"Não é ensinar o jornalista a fazer jornalismo. As pessoas selecionadas já fazem melhor do que qualquer um seu trabalho, o que queremos fazer é acoplar o elemento de empreendedorismo para que elas encontrem novas formas de distribuir conteúdo, se desenvolver melhor e criar modelos de negócio inovadores."

Para fazer a seleção entre mais de 200 inscrições, o Google levou em consideração empresas que tivessem uma clara proposta de valor, adequação ao produto e necessidades do mercado, qualificação de equipe e disposição para inovar.

Também foram levados em consideração critérios de diversidade e inclusão. Metade dos veículos selecionados tem mulheres entre os fundadores e um terço tem negros. Há veículos de cinco estados de três regiões do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Paraná e Espírito Santo.

Entre eles, está o Alma Preta, dedicado à questão racial, e AzMina, focado na questão de gênero. Alguns empreendimentos têm uma trajetória mais longa, caso da Ponte Jornalismo, que desde 2014 aborda direitos humanos e segurança pública no Brasil. Outros estão ainda estão em fase inicial, como o Núcleo Jornalismo, criado no começo deste ano e voltado para reportagens investigativas a partir de dados públicos.

Estes são os veículos selecionados:

Agência BORI: conecta estudos inéditos de pesquisadores brasileiros a jornalistas.

Agência Tatu de Jornalismo de Dados: usa ferramentas e princípios do jornalismo de dados para a cobertura da realidade local de Alagoas.

Alma Preta: realiza reportagens, colunas, produções audiovisuais e ilustrações focadas na temática racial.

AzMina: usa comunicação, tecnologia e jornalismo para combater a desigualdade de gênero.

Fervura: plataforma de notícias e entretenimento dedicada à questão climática.

Galápagos Newsmaking: une tecnologia, prática educacional, e valores de inclusão para falar de regionalismo e diversidade.

MyNews: canal de noticias no YouTube com foco em análise e pluralidade de ideias.

Núcleo Jornalismo: produz investigações a partir de dados públicos.

Ponte Jornalismo: focado na cobertura de direitos humanos com foco em temas de segurança pública, justiça, racismo, gênero e sistema prisional.

São Paulo para Crianças: ajuda pais a brincarem com seus filhos, ampliando opções de lazer, gerando negócios para o turismo e aumentando o uso dos equipamentos públicos.

MARCO LEGAL DEVE FACILITAR A VIDA DAS EMPRESAS

São Paulo - O Marco Legal das Startups será muito importante para facilitar a vida dessas empresas baseadas em tecnologia e inovação, segundo o ministro Marcos Pontes, de Ciência, Tecnologia e Inovações.

O projeto de lei complementar para a criação de um marco para o setor foi enviado ao Congresso este mês e deixou de fora questões trabalhistas e tributárias.

O processo de elaboração do texto levou mais de três anos para ser concluído e, segundo o titular da pasta, teve início no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

Pontes participou da abertura da edição digital do Futurecom, evento de tecnologia, telecomunicações e transformação digital.

Ao apresentar as ações do ministério, Pontes disse ter fomentado e criado uma rede suporte para o desenvolvimentos de novos produtos, novos serviços e novas empresas de base tecnológica.

"Suponha que uma startup que está começando e tem um desenvolvimento até um certo ritmo de um protótipo, mas não tem recursos financeiro ou recursos científicos para continuar o desenvolvimento desses produtos e deixar pronto para o mercado. Temos essa disponibilidade como uma rede de suporte", afirmou.

O ministro disse também que vem discutindo com a pasta da Economia uma estratégia tributária para a utilização de sensores que permitirão o avanço da internet das coisas no país. Segundo ele, sempre que se acionasse essa estrutura haveria cobrança de impostos, o que inviabilizaria essa tecnologia.

A discussão com o Ministério da Economia é zerar a tributação dos sensores. "[Para] diferenciá-los dos impostos que são cobrados dos dispositivos que trabalham com interferência humana, como calculadoras, celulares, máquinas de cartão de crédito, que é outro departamento, vamos dizer assim."

Ainda sobre os sensores, Pontes disse ter discutido, em setembro, um acordo para o desenvolvimento de sensores, baterias de grafeno, inteligência artificial e equipamentos que trabalham em áreas remotas, especialmente telemedicina.

Essa discussão teria ocorrido durante viagem a Houston, nos Estados Unidos. Segundo sua agenda oficial, ele visitou projetos de tecnologia nas universidades Rice, Tezas A&M e Houston.

Pontes usou o compromisso oficial para passar férias nos Estados Unidos. (Fernanda Brigatti/

Folhapress)