De acordo com levantamento realizado pela Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), até 2024, o setor de Software e Serviços vai demandar 70 mil novos profissionais por ano no País. Hoje, no entanto, apenas 31% dos universitários das áreas de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), ou 46 mil profissionais, se formam por ano.

O déficit de profissionais com perfil tecnológico tem feito as empresas oferecerem, por conta própria, cursos gratuitos e abertos à comunidade para capacitação de mão de obra a ser absorvida, com grandes chances de contratação ao final, ou até mesmo no decorrer dos estudos. Alguns exigem que o aluno esteja cursando Ensino Superior na área, mas outros têm como requisito mínimo apenas o Ensino Médio.

Só em 2019, a Atos realizou em Londrina quatro cursos de capacitação de mão de obra. Os requisitos mínimos variam, mas o último oferecido, de Service Desk, exigia Ensino Médio completo, além de experiência ou facilidade com atendimento ao público e boa capacidade de análise e identificação de problemas. Ainda nesse ano, foram oferecidos cursos em tecnologias SAP e Java. Para o ano que vem, pelo menos três novos cursos já estão previstos. A divulgação será feita no perfil da empresa no LinkedIn.

Laura Cristina Espírito Santo, de Londrina:  "Através do curso, consegui conhecimento para poder trabalhar com Java"
Laura Cristina Espírito Santo, de Londrina: "Através do curso, consegui conhecimento para poder trabalhar com Java" | Foto: Gustavo Carneiro

Formada em Ciência da Computação, Laura Cristina do Espírito Santo fez o curso de Java oferecido pela empresa no ano passado porque viu que havia uma grande demanda do mercado por profissionais com conhecimento na tecnologia. Logo após concluir o estudo, ela foi admitida na multinacional francesa como analista de desenvolvimento júnior. “Eu já tinha trabalhado com PHP, C (linguagens de programação), mas as vagas que tinham abertas eram de Java e essa era uma tecnologia que eu não tinha conhecimento. Através do curso, consegui conhecimento para poder trabalhar nesse tipo de vaga.”

Lucas Yoshimoto fez curso na Atos quando a unidade foi inaugurada em Londrina: "Fazer o curso foi o ponto de partido para ingressar numa empresa"
Lucas Yoshimoto fez curso na Atos quando a unidade foi inaugurada em Londrina: "Fazer o curso foi o ponto de partido para ingressar numa empresa" | Foto: Gustavo Carneiro

Lucas Yoshimoto fez um dos cursos da companhia em 2013, quando a unidade de Londrina foi inaugurada. Na época, ele ainda não havia ingressado na faculdade. Mesmo assim, um mês depois, foi contratado para trabalhar no setor de Service Desk. Quando já estava inserido na empresa, iniciou o curso superior de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, e assim foi parar em outro setor da francesa, voltado à infraestrutura. “Eu poderia ter inúmeros atributos, mas na ocasião (fazer o curso) foi indispensável. É um ponto de partida para ingressar na empresa”, comentou Yoshimoto.

Ana Claudia Ribas, gerente de Treinamento e Desenvolvimento da Atos em Londrina: "Quando a gente pensa em capacitação da comunidade, é também pensando em futuras contratações”
Ana Claudia Ribas, gerente de Treinamento e Desenvolvimento da Atos em Londrina: "Quando a gente pensa em capacitação da comunidade, é também pensando em futuras contratações” | Foto: Gustavo carneiro

Segundo Ana Claudia Ribas, gerente de Treinamento e Desenvolvimento da Atos, a companhia intensificou a oferta de cursos esse ano devido ao momento da empresa, que está em crescimento. “Estamos em um momento em que estamos fechando mais parcerias com novos fornecedores e um dos nossos objetivos é crescer. Quando a gente pensa em capacitação da comunidade, é também pensando em futuras contratações”, diz Ribas.

Conforme ela, os cursos são oferecidos conforme a demanda das empresas parceiras por tecnologias específicas, principalmente aquelas para as quais ainda não há um número suficiente de profissionais formados.

No último oferecido pela empresa, de Java, 80% dos alunos foram contratados. “Além do conhecimento técnico, avaliamos o interesse do aluno, o que ele quer para a sua carreira, e tem um diferencial que é o idioma”, diz Ribas. Profissionais com conhecimento das línguas inglesa e espanhola são desejáveis.

PCDs

A TCS realiza em Londrina uma capacitação gratuita de PCDs (Pessoas com Deficiência) em parceria com a PUCPR Campus Londrina. A formatura da primeira turma foi nesta última sexta-feira (13). Todos os onze que se formaram já conseguiram emprego, seis deles na própria TCS. No curso, os PCDs são preparados para atuar como Assistentes Administrativos. Uma nova turma será iniciada no final de fevereiro, com data ainda a ser definida. Para participar, é necessário ter Ensino Médio completo e será preciso encaminhar um e-mail para [email protected] com currículo e laudo médico.

EMPRESA CONTRATA 30 PROFISSIONAIS AO MÊS

Com crescimento de 40% a 50% ao ano, o Grupo DB1, de Maringá, estabeleceu uma meta de contratação de 30 profissionais ao mês. “Mas quando estipulamos metas audaciosas de contratação, nos deparamos com a falta de profissionais qualificados no mercado”, completa Victor Cobo, diretor de Gestão de Pessoas do Grupo.

A empresa possui um programa de capacitação gratuita em desenvolvimento de software voltado para estudantes de computação ou engenharia, chamado de DB1 Start. A expectativa é realizar três edições do programa ao ano, mas a procura é grande, diz Cobo. Chega a 250 candidatos por edição, que tem 30 vagas cada.

Maringaense DB1 realiza programa de capacitação gratuita em desenvolvimento de software três vezes ao ano
Maringaense DB1 realiza programa de capacitação gratuita em desenvolvimento de software três vezes ao ano | Foto: Divulgação

Mais de 150 estudantes já passaram pelo programa. Destes, cerca de 60 foram contratados pela empresa. Um deles é Leonardo Fontinhas, que na época estava trabalhando como office boy, mas estava à procura de um emprego na área de informática, a qual estuda. “É muito difícil ainda no segundo ano da faculdade arranjar emprego na área”, lembra. Fontinhas participou do programa da DB1 em abril desse ano e, na última semana, já estava contratado.

Leonardo Fontinhas era office boy e procurava emprego na área que estuda e conseguiu
Leonardo Fontinhas era office boy e procurava emprego na área que estuda e conseguiu | Foto: Divulgação

O foco está em pessoas que procuram o primeiro emprego. Além disso, procura-se candidatos mais comunicativos e com orientação a resultados, diz o diretor de Gestão de Pessoas da DB1. “Mas o principal é ter autonomia e responsabilidade. Pessoas que gostam de fazer coisas por conta própria, que estudam por conta própria, se mantêm atualizadas com tecnologias e se envolvem em projetos extracurriculares na universidade”, completa Cobo. A próxima edição do curso está programada para fevereiro ou março. A divulgação de novas turmas será feita pelas redes sociais da DB1, na imprensa e nas universidades.