O IBM Institute for Business Value realizou um estudo com CEOs de diversas empresas em todo mundo. Segundo a pesquisa, os diretores entrevistados apontam que para o sucesso pós-pandemia é necessário investir em talentos, tecnologia e parcerias. A pesquisa aponta que alguns CEOs brasileiros relatam que vão priorizar o bem-estar dos funcionários no momento atual.

Ainda de acordo com a pesquisa, em razão da pandemia do coronavírus, muitas empresas adotaram o sistema de trabalho remoto e, para 64% dos diretores pesquisados no País, capacitar uma equipe remota é fator de extrema importância para o futuro.Os brasileiros pesquisados também relataram que os riscos de cibersegurança de 2020 foram predominantes para mudança de estratégia das empresas.

Ao falar do bem-estar dos funcionários, 47% dos CEOs globais demonstraram preocupação com a pauta e afirmaram que ela será prioritária, mesmo afetando a produtividade das empresas. No Brasil o número foi um pouco menor pois 40% dos diretores seguiram o raciocínio. Outro ponto que chama atenção no estudo é a preocupação dos CEOs mundiais com a computação em nuvem e os benefícios que essas tecnologias trarão para as empresas no prazo de 2 a 3 anos.

LIÇÕES E FRUTOS

Rebeca Lins, diretora de RH da Belagrícola, cita iniciativas da empresa durante a pandemia como a infraestrutura de dados, informações em nuvens, plataformas de treinamento e apoio ao quadro de funcionários
Rebeca Lins, diretora de RH da Belagrícola, cita iniciativas da empresa durante a pandemia como a infraestrutura de dados, informações em nuvens, plataformas de treinamento e apoio ao quadro de funcionários | Foto: Louis Pelissier/ Divulgação

Manter os ânimos dos colaboradores, promover mudanças para o bem-estar de todos, replanejar o rendimento das equipes e colocar adaptações em prática, de uma hora para outra, foram algumas tarefas da Belagrícola. Fundada em 1985 em Bela Vista do Paraíso, Norte do Paraná, a Belagrícola está, hoje, entre as 10 maiores empresas do agronegócio do país.

De acordo com a diretora de Recursos Humanos da Belagrícola, Rebeca Lins, a corporação sempre identificou como seu principal valor as pessoas - e essas se mantêm no primeiro lugar. "Na pandemia, não podeira ser diferente. Nossa primeira medida no início do ano passado e que continua ativa até hoje foi criar um comitê de Covid-19 para lidar com a situação de crise e desde então nos reunimos nesse comitê para uma série de medidas que poderiam se fazer mais ou menos urgentes, dependendo de como a cidade ou a localidade do escritório está respondendo", relata.

Entre as medidas práticas, a empresa reforçou o uso de máscaras, álcool gel, instalou vários reservatórios em todas as unidades e na sede. "E mandamos informativos semanais por meio dos canais de comunicação sobre o Covid-19 - sobre prevenção, sobre como lidar quando há alguém na família e informações bem completas sobre a doença e principalmente como preveni-las", explica.

Manter a coesão era primordial para a empresa e entre outras ações, o programa de qualidade de vida, o "Viva Mais", ganhou mais participantes assíduos durante a pandemia. "Sempre tivemos as pessoas em primeiro lugar, já tínhamos um programa, que visa a saúde e bem estar dos colaboradores e com o Covid-19 ele foi reforçado principalmente nesses últimos dois anos - 2020 e 2021", detalha Lins. Além do bem estar físico, que conta com ginástica laboral, apoio de nutricionista, o apoio psicológico em caso de necessidade para os colaboradores inscritos ganhou mais adeptos e também reforçou as medidas preventivas.

Atualmente estabelecida em Londrina, a empresa acaba de completar 35 anos e dá mais um grande passo em sua trajetória, anunciando a mudança de sua sede administrativa para o coração da Gleba Palhano, em três andares do prédio corporativo Torre Siena, a poucos metros do endereço que vinha ocupando desde 2014. A mudança é reflexo do atual momento.

Com as normas sanitárias adotadas em função da pandemia, o uso de tecnologia foi acelerado, facilitando as atividades corporativas da sede administrativa. Com isso, os espaços físicos da antiga sede começaram a ficar obsoletos. “Antes recebíamos os colaboradores de nossas 54 filiais para treinamentos e reuniões. Hoje, temos capacidade para fazer isso com bastante competência por meio de plataformas digitais”, informa a diretora de RH da empresa.

Segundo ela, a empresa já realiza as reuniões e treinamentos remotamente, chegando a desenvolver atividades reunindo quase 1.200 colaboradores com a mesma eficácia do evento presencial. “Contabilizamos ainda redução de custo, ganho de tempo e mitigamos os riscos de acidentes em função de viagens da maioria da equipe”, sustenta ela. “Sem contar que não se pode fazer mais eventos com muitas pessoas em salas fechadas”, complementa.

De acordo com Lins, foram 200 colaboradores inscritos num programa de nutricionistas voltado para os funcionários que estavam em home office para informá-los como deveriam adotar uma dieta nesse novo momento - totalmente em casa. "Sem se deixar levar a excessos porque as refeições estão sempre à disposição e essa seria uma maneira de controlar esse ponto". Já no programa de apoio psicológico foram também 200 inscritos. "Vimos que as pessoas estavam realmente necessitando de um apoio maior nesse momento e foi muito bem aceito", alegra-se.

Em relação à tecnologia, 100% dos treinamentos passaram para um ambiente online. "Apostamos em uma plataforma que é o Total Tech para que os treinamentos sejam dados por ali e outros tiveram continuação de forma remota, não tivemos nenhum prejuízo em relação à capacitação. Tivemos sim um atraso no início do ano passado, mas agora nos apoderamos dessa tecnologia e a utilizamos bastante para treinamento à distância, para controle da distância e reuniões sem prejuízo da produtividade", expõe. Para atender a esse novo modelo de negócio, a Belagrícola fez investimentos em tecnologia e infraestrutura de dados, reforçando a possibilidade de volume de dados e migrando informações para nuvem, facilitando o acesso de todos; e também investiu em plataformas de treinamentos para que os gestores possam administrar esse novo modelo de relações.

Outro ponto importante, segundo Lins, é o investimento em um sistema de controle de jornada autônoma, que cada colaborador consegue fazer à distância ou online. Alinhada aos seus princípios, a Belagrícola prospera e serve como referência para o mercado em diferentes áreas de atuação. De forma enviesada, a pandemia trouxe lições e reforçou valores. "A maior lição que tiramos, como empresa, neste momento é o valor das pessoas em momentos de crise. Temos exemplos de solidariedade neste momento onde a saúde de todos é o mais importante, e isso une ainda mais a empresa. Nossos gestores se mostraram muito cuidadosos com suas equipes e o resultado disso é que os colaboradores se sentem acolhidos e, através do sentimento de colaboração de todos, se dedicam ao trabalho, mesmo com as dificuldades deste novo momento", enumera Lins.

INOVAÇÃO INTEGRADA À ROTINA

Para Luciana Siqueira, gerente de RH da Plaenge,  as restrições na pandemia estimularam a criação de webinários e até a assinatura de contratos online;  o engajamento foi fundamental para manter a produtividade
Para Luciana Siqueira, gerente de RH da Plaenge, as restrições na pandemia estimularam a criação de webinários e até a assinatura de contratos online; o engajamento foi fundamental para manter a produtividade | Foto: João Paulo Gonçalves/ Divulgação

Em 2020, o Grupo Plaenge completou 50 anos de atividades. Falar em inovação em tempos de pandemia e ter iniciativas para solucionar problemas é legado da construtora que conta com 2200 pessoas efetivas em seu quadro de colaboradores - mais os terceirizados. Do ponto de vista da gerente de Recursos Humanos da Plaenge, Luciana Siqueira, a inovação é uma constante. "Estamos inovando sempre. Fomos a primeira empresa a conceber plantas flexíveis, seguro de entrega, uma central de decorados e um Código de Conduta e Ética bem disseminado antes mesmo de ser um exigência. O BiM (Building Information Modeling), embora não seja uma exclusividade nossa, foi consolidado na construção civil."

Manter a integração da empresa foi um plano crucial da construtora. "Passamos a utilizar ferramentas como o Teams, que já existia e lançamos mão dela para reuniões, trocas de experiências, além de tratar de negócios, pensar no equilíbrio emocional e até tratar de assinatura de contratos online, pois tivemos que colocar isso em prática em um setor conservador", expõe. Fóruns de comunicação e webinários são práticas durante a pandemia e oportunidades para líderes e liderados ficarem em dia com as informações.

Pesquisas de pulso e abertura para falar de sentimentos serviram para dar mais sentido ao momento de crise - e também de superação. "Alguns temas que poderiam ser antes tratados como tabus por estarmos entre colaboradores passaram a ser abordados com sensibilidade. Passamos a falar de sentimentos, de como a morte e a pandemia nos fizeram lembrar que somos humanos", reflete Siqueira. De acordo com a responsável pelo RH, o engajamento foi fundamental para manter a produtividade e entre as ações, a empresa deu a opção de o colaborador levar sua cadeira para casa, a adesão à ginástica laboral online também surpreendeu. "As pessoas se sentem valorizadas quando promovemos ações a favor delas e recebemos muitos feedbaks positivos pelas iniciativas. A festa da empresa, realizada anualmente, foi digital e surpreendeu a todos", cita.