Alexandre Farina: “Há uma grande oportunidade no mercado para esse tipo de carreira”
Alexandre Farina: “Há uma grande oportunidade no mercado para esse tipo de carreira” | Foto: Divulgação

As exportações foram um dos fatores que ajudaram a economia brasileira nos últimos anos. O país vem de um crescimento dos embarques nos últimos dois anos, que tende a desacelerar devido a fatores externos, segundo expectativas de entidades como a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil). Trata-se, no entanto, de um segmento em crescimento e com potencial a ser explorado, segundo Marcus Vinicius Tatagiba, diretor da Abracomex (Associação Brasileira de Consultoria e Assessoria em Comércio Exterior).


Ele diz que isso também é verdade para a importação e envolve vários setores — aquecendo também a demanda por profissionais como analistas e despachantes aduaneiros.


Há tanto a possibilidade de atuar como analista de comércio exterior dentro de companhias como de prestar assessoria a empresas que não têm condições de ter departamentos exclusivamente voltados para este trabalho.


Em diferentes funções (leia abaixo), o profissional vai lidar com técnicas e procedimentos de importação e exportação, direito e marketing internacional, logística e negociação.


“Há uma grande oportunidade no mercado para esse tipo de carreira”, diz Alexandre Farina, diretor executivo da Agência Terra Roxa, de Rolândia — uma organização criada para divulgar potenciais econômicos e buscar investidores para a região Norte e Noroeste do Paraná.


Ele diz que há uma lacuna no mercado a ser preenchida por mão de obra qualificada. “Por incrível que pareça, não é fácil, por exemplo, encontrar profissionais da área de comércio exterior que falem um segundo e um terceiro idioma”, explica.


Farina, que é formado em Administração e Comércio Exterior e pós-graduado em Planejamento e Gerenciamento Estratégico, diz que a formação específica é de grande importância para atuar na área. Ele orienta que, além da formação e das línguas, busque-se experiências internacionais, como intercâmbios de trabalho.


“Pessoas com esse perfil são muito bem recebidas pelo mercado e não são abundantes”, diz. “Aqui na região, recebemos demandas de empresas por estes profissionais em diversos níveis de experiência semanalmente”, conta.


Além da questão do idioma e da experiência internacional, Marcus Tatagiba sugere que tendem a se dar bem neste mercado pessoas com boa capacidade de compreender e dominar questões normativas e que tenham habilidades de negociação comercial — inclusive com sensibilidade para lidar com pessoas de outros países e culturas.

Crescimento de exportações e importações ampliou o mercado para profissionais de comércio exterior
Crescimento de exportações e importações ampliou o mercado para profissionais de comércio exterior | Foto: Shutterstock


“A habilidade negocial tem de ser superior à que é necessária para negociar internamente”, comenta.
Tatagiba diz que prevalecem dois perfis distintos neste mercado. Um é o do jovem que ingressa na carreira a partir de cursos de graduação ou pós-graduação em comércio exterior e logística internacional. Outro é o de profissionais e empresários já na ativa que fazem cursos mais rápidos em busca de preparo para iniciar atividades de comércio exterior.


“Com certeza é uma carreira em ascensão, justamente, porque atrai os olhares das empresas que estão procurando oportunidade para exportar”, diz Cristiana de Carvalho Almeida, coordenadora da Pós em Gestão em Comércio Exterior e Negócios Internacionais da Unicesumar em Maringá.


Ela diz que são comuns nas regiões de Londrina e Maringá salários iniciais na faixa de R$ 3,5 mil, podendo chegar a valores maiores de acordo com as posições e perfil de cada empresa.


Perspectivas
Na avaliação do diretor executivo da Terra Roxa, a atual conjuntura do país é favorável para o crescimento da demanda por profissionais de comércio exterior, já que há expectativas positivas em torno de sinalizações do governo federal para uma maior abertura e novos acordos comerciais.


Regionalmente, segmentos como confecção, agroindústria, biotecnologia, fabricação de móveis, eletrometalmecânica e tecnologia de informação teriam potencial de inserção no mercado internacional.

“Todos os segmentos que estão mais conectados ao ecossistema de inovação pujante que existe na região têm um potencial tremendo”, diz Farina.


Para ele, no entanto, a questão cultural ainda é um entrave para que mais empresas brasileiras se tornem exportadoras. “Elas nascem para atender a setores e segmentos em regiões próximas de onde estão instaladas e não pensam além, enquanto empresas europeias, por exemplo, já são criadas com a mentalidade de born global [orientadas para o mercado internacional]”, diz.


“Mas é uma barreira fácil de quebrar”, diz Farina. “A partir do momento em que se mostram casos de sucesso de empresas com perfil semelhante, o empresário começa a abrir a cabeça”, defende.
Para Cristiana Almeida, é preciso desmitificar o comércio exterior. “Muitas vezes o próprio empresário pensa que é bicho de sete cabeças, e não é”, diz.


A coordenadora diz que, além de ajudar a recuperação econômica do país, o aumento de vendas para o exterior auxilia empresas a contornar a sazonalidade da demanda interna. “O empresário tem de entender que o comércio exterior é uma oportunidade de ir além do mercado interno”, diz.
Já os gargalos de infraestrutura do país independem de otimismo e não serão resolvidos rapidamente. Na avaliação de Cristiana Almeida, o próprio Norte paranaense já esteve melhor neste aspecto, o que prejudica a competitividade de potenciais exportadores. “É o Custo Brasil”, lembra.

Imagem ilustrativa da imagem Em crescimento, comércio exterior está aberto para profissionais qualificados
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