As mulheres mais velhas são maioria no contingente de trabalhadoras domésticas no país, mostra estudo divulgado no fim de dezembro de 2019 pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

As empregadas entre 30 e 59 anos representavam 80% do contingente de 6,2 milhões de trabalhadores domésticos no país em 2018. Em 1995, eram 50%. Trabalhadoras com mais de 60 anos somavam 7% e as mais jovens, até 29 anos, chegavam a 13%.

"Assim, assiste-se a uma recomposição da força de trabalho no emprego doméstico em termos etários: as trabalhadoras jovens, de até 29 anos de idade, perdem espaço, passando de quase metade para pouco mais de 13% da categoria em 2018", avaliam as pesquisadoras Luana Pinheiro, Fernanda Lira, Marcela Rezende e Natália Fontoura.

Empregadas entre 30 e 59 anos representavam 80% do contingente de 6,2 milhões de trabalhadores domésticos no país em 2018
Empregadas entre 30 e 59 anos representavam 80% do contingente de 6,2 milhões de trabalhadores domésticos no país em 2018 | Foto: iStock

A categoria de empregados domésticos é composta por profissionais que desempenham várias atividades, como diaristas, babás, jardineiros e cuidadores. Ao todo, 92% (5,7 milhões) são mulheres, das quais 3,9 milhões delas são negras.

O estudo tem como base os dados da Pnad (Pesquisa por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Sem carteira

Segundo as pesquisadoras, ainda que cada vez mais mulheres tenham conquistado o reconhecimento formal dos direitos trabalhistas, o avanço observado "não foi capaz de proporcionar, nem mesmo à metade das trabalhadoras, a segurança e a proteção social garantidas àquelas que possuem carteira assinada".

Em 1995, somente duas (17,8%) em cada dez domésticas tinham registro em carteira. Embora tenha melhorado em 2016, quando o total de trabalhadoras formais chegou a 33,3%, houve queda em dois anos, para 28,6%, em 2018.

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Salário e direitos são atrativos em Londrina

O cenário para empregados domésticos em Londrina é mais flexível do que aponta a pesquisa do Ipea. Na cidade, tanto pessoas jovens quanto mais experientes ocupam vagas neste tipo de emprego.

De acordo com Maria Helena dos Santos , representante do Sindicato dos Prestadores de Serviços de Limpeza Doméstica e outras naturezas de Londrina, os direitos adquiridos desde 2015 tornaram a profissão mais atrativa. "Há ainda muitas empregadas domésticas que começaram 20, 30 anos atrás e já são mulheres maduras, assim como pessoas bem jovens na atividade".

O piso salarial da categoria é de R$1.355,20 e, segundo Santos, um dos atrativos. "Há jovens que conciliam a profissão de empregada doméstica e se dedicam a cursos técnicos à noite, vislumbrando outros postos", observa. A representante afirma também que a variação da faixa etária está presente nas funções de babá e cuidadores de idosos. "A imagem da babá jovem não é regra, assim como os cuidadores de idoso variam. Se antes eram só pessoas mais velhas, atualmente os mais novos também fazem curso técnico de Enfermagem e se colocam no mercado", explica. (Walkiria Vieira/ Reportagem Local)