Entrar na faculdade, conseguir um estágio, se formar e ampliar o currículo com cursos extras, sem esquecer de manter o inglês e o espanhol em dia para dar o check no fluente na hora de preencher qualquer cadastro de vaga. Na procura por emprego, todas essas características, além de pertencerem à uma parcela bem privilegiada da população brasileira, são quase o mínimo esperado para alguns recortes de grupos sociais, de raça ou gênero que buscam um lugar no mercado de trabalho. E, quando estamos falando de mulheres, a ocupação em cargos de gerência fica ainda mais difícil e longe de estar equivalente ao mundo masculino, mesmo tendo um currículo que mais parece um pergaminho, mulheres ainda estão na busca do seu título de CEO, não por falta de preparo, mas por muitas vezes não serem enxergadas nessa posição.

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E a pergunta que fica é: Para quantas LÍDERES dentro da sua empresa, você deu feliz dia da mulher no último 8 de março?

PERSISTÊNCIA: SUBSTANTIVO FEMININO

A função do substantivo é nomear qualquer palavra que exista, e a “persistência” pode ser usada para explicar o comportamento feminino nessas últimas décadas com toda a luta para garantir espaço no mercado de trabalho. Atualmente números apontam que apenas 35% dos cargos de CEO nas empresas do Brasil são dominados por mulheres, quando olhamos a escala de hierarquia dos cargos como direção e gestão, tanto em áreas executivas como administrativas encontramos 32% em mãos de mulheres. Todos esses dados são da pesquisa Women in Business, da Grant Thornton, de acordo com o estudos realizados com mais de 250 empresas essa proporção tem mudado, crescendo 11% nos últimos 10 anos com a presença feminina.

É impossível não ficar otimista com esse gráfico que aparentemente só vai para cima, mas é claro que ainda é um número representado por uma minoria de mulheres em altas posições, principalmente em áreas como tecnologia, agro, entre outros.

Para a área de tecnologia, os números apresentados por uma pesquisa da Ravello mostram que mais de 87,7% dos desenvolvedores dessa área ainda são homens, as mulheres ficam apenas com a parcela de 12,7%.

Muito disso também é responsabilidade da estrutura de educação, uma maneira social de incentivar desde o período infantil à meninos terem interesses por áreas mais tecnológicas, o que não é o mesmo com as garotas, muitas vezes influenciadas a irem para o setor da saúde e cuidados, uma cultura machista que anos depois geram grandes porcentagem desiguais como essas.

Na contramão desse processo, algumas empresas já possuem esse ideal de diversidade para a sua composição de funcionários, aumentar a representatividade de mulheres em cargos de liderança e se preocupar não somente em empregar, mas também garantir que todas estejam em seu ofício correto de acordo com o que o currículo apresenta.

Um setor que vem se destacando pelo crescimento no mercado com bons cargos, possibilidade de home office e altos salários é o de TI, Tecnologia da Informação, uma área de desenvolvedores de atividades tecnológicas e para banco de dados, hardwares e softwares. Um nicho ainda bem masculino na maioria das empresas que, hoje, perceberam o grande valor desse segmento, segundo a pesquisa da edtech Gama Academy a contratação de mulheres ainda é um desafio nessa função, a razão seria a falta de qualificação e a ausência de habilidades técnicas, entre outras.

Historicamente considerada uma área marcada pelo gênero masculino, o setor de tecnologia vem dando passos para igualar os gêneros, de acordo com dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos últimos cinco anos a participação das mulheres na área tecnológica cresceu 60% somente no Brasil.

O EXEMPLO É EXCEÇÃO

Uma das empresas nacionais mais conhecidas e conceituadas abre pela terceira vez um dos maiores cursos do segmento cervejeiro e exclusivo para mulheres.

“CervejeiraSouEu” é um dos planos da Ambev para ampliar a presença feminina em um mercado sempre visto como masculino, são esperadas mulheres cis e trans, maiores de 18 anos e de todas as regiões do país. Um curso de participação 100% gratuito e online, e oferta 2 mil vagas pela academia da cerveja da Ambev, o que facilita o ingresso de diversas áreas profissionais.

O curso também tem em sua estrutura professoras mulheres, um time completo de especialistas, sommeliéres e cervejeiras. A Academia da Cerveja ainda vai oferecer uma bolsa de sommelieria, o que garante um curso profissionalizante para uma das alunas do CervejeiraSouEu deste ano. Toda a duração será online e gratuita, divididas em quatro módulos, incorporando a importância da bebida na evolução da civilização, sua produção, matérias-primas até a garrafa, cuidados com a fabricação e também os estilos e harmonizações.

Para Laura Aguiar, Head de Conhecimento e Cultura Cervejeira, sommelière e mestre-cervejeira da Ambev, ampliar o número de vagas esse ano foi algo muito feliz, “É gratificante saber que estamos empoderando mulheres para ocupar espaço dentro do mercado cervejeiro que só tem a ganhar com esse aumento da diversidade de profissionais e amantes da bebida”, destaca.

Para participar do curso de 2023, acesse o site da Academia da Cerveja e realize o seu cadastro para uma das turmas: turma 1 (de 27 a 30/3) ou turma 2 (de 3 a 6/4). As inscrições já estão abertas. Ao final, as alunas recebem um certificado de conclusão.

EMPRESAS COMUNICAM

A TIM, empresa de telecomunicações, em celebração ao Dia Internacional da Mulher, - 8 de março - também abraça a essa causa, uma das maiores multinacionais que se tem forte abrangência no Brasil, trouxe a campanha “Imagine que é possível chegar aonde quiser”, uma ação pensada para o empoderamento feminino na busca por um melhor acesso ao mercado de trabalho.

Serão disponibilizadas 40 mil vagas para mulheres em diferentes áreas e níveis profissionais em todo o Brasil, principalmente, com o feirão “Emprega Mulher”, criado pela empresária e empreendedora Fabi Saad e que já conta com 150 empresas envolvidas. A TIM, junto do projeto, irá ampliar para mais 650 profissionais mulheres os seus setores. “A ideia é contribuir para que mais mulheres avancem em seus percursos de carreira e ocupem posições de liderança, evoluindo, assim, para uma cultura interna e uma sociedade com mais equidade de gênero”, comenta Maria Antonietta Russo, VP de Pessoas, Cultura e Organização da TIM.

E para todo o público terá a “TIM Convida”, uma série de lives no canal do YouTube da operadora sobre diversidade e inclusão, exibida nesta-segunda-feira (13), às 16h. E para a 3ª edição do Prêmio Mulheres Positivas, criado para valorizar a jornada de mulheres inspiradoras de todo o país, a TIM também entra como uma das principais patrocinadoras. Com o tema #MulheresQueTransformam, a premiação contemplará seis vencedoras nas categorias Educação, Saúde, Logística, Ação Social, Empreendedorismo e Agronegócio.

SANEPAR PROMOVE INCLUSÃO

A Companhia de Saneamento do Paraná, Sanepar, dentro de um projeto de inclusão de gênero capacitou 274 mulheres de 15 municípios do Paraná em 2022, muitas dessas mulheres já eram empregadas em outros setores ou possuem os trabalhos de dona de casa, porém, se introduziram nesse aprendizado para não ficarem dependentes de terceiros para esses conhecimentos hidráulicos, geralmente um homem, já que muitas delas também são pilares financeiros da família.

São ensinamentos capacitores para mulheres que passam a identificar vazamentos e conseguir fazer pequenos reparos em torneiras, registros em pias, vasos sanitários e instalações hidráulicas. O curso também possibilita que as mulheres atuem como prestadoras de serviço, o projeto surgiu da percepção durante cursos mistos realizados, onde as mulheres não ficavam confortáveis para questionar e participar mais ativamente das aulas, também durante as ligações de esgoto, elas também demonstravam interesse sobre vazamentos, consertos e limpezas de caixas d’água.

Uma iniciativa que contribui ao projeto do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 5, da Organização das Nações Unidas (ONU), que busca pela igualdade de gênero e empoderamento de todas as mulheres e meninas, com acesso e controle dos recursos econômicos.

DIVERSIDADE A SER CONQUISTADA

Todos esses dados apresentados e a desigualdade encontrada da porta para dentro de empresas, já são conhecidos pelo público, já que nada é uma grande novidade para as leitoras e também leitores que podem e devem realizar um mea culpa consciente de que é necessário rever esses números, também as ações causadoras. Este cenário traz à tona as raízes de uma sociedade que ainda sofre com a cultura machista, onde até mesmo os influenciadores “redpills”, que cultivam vídeos diminuindo e menosprezando mulheres possuem voz livre para disseminar mentiras e ódio dentro do país.

Essas dificuldades são ainda maiores quando são realizados recortes de raça, onde mulheres negras ainda estão há anos à luz de conseguir as mesmas chances de entrar em empresas, ainda mais quando estamos falando de altos cargos. Tudo isso reflete no setor econômico, mas é visto que antes de analisar os gráficos de valores de mercado é necessário ver por quem ele é comandado e quem a ele interesse, certamente um dos motivos da perda para a economia é a má (ou falta) de utilização da capacidade das mulheres em relação ao mercado laboral.

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