A pandemia do coronavírus fez as profissões da área de saúde se tornarem a ‘bola da vez’. O aumento da demanda motivou uma série de contratações e, segundo especialistas, mais vagas devem ser abertas nos próximos meses.

Especialista em psicologia organizacional e do trabalho e docente da Unopar, a psicóloga Tânia Belizario Mastelari acredita que a tendência é os profissionais recém-contratados seguirem por muitos meses atuando. Além disso, novas contratações poderão ocorrer.

“Haverá muito trabalho pela frente, pois a dinâmica da circulação do vírus está muito presente e, com as baixas temperaturas, penso que o quadro tende a necessitar muito da área da saúde, já que além da Covid-19 devem vir outras doenças típicas de inverno.”

A psicóloga considera que muitos profissionais, hoje temporários, devem ser absorvidos no futuro. “Infelizmente, temos dados de profissionais que perderam suas vidas em decorrência da Covid-19, além dos que tiveram que se afastar por serem do grupo de risco.”

Segundo Tânia, a área da saúde está vivendo um dos períodos mais difíceis na sua atuação profissional, visto que está agindo contra um novo inimigo invisível. Por outro lado, o reconhecimento social é evidente.

“A sociedade tem qualificado e valorizado estes profissionais e dando o devido reconhecimento que sempre mereceram, mas que agora se faz muito mais presente. Estes profissionais estão se dedicando e abdicando da família e muitas vezes de si mesmos para auxiliar no combate à pandemia.”

A psicóloga acrescenta que as profissões ligadas à saúde devem continuar em alta e com oportunidade de crescimento profissional e pessoal. “A atuação neste atual contexto trará aos profissionais uma maior qualificação, preparo e experiência com situações novas que infelizmente ainda poderão existir”, conclui.

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PICO

A coordenadora do curso de enfermagem da UniFil, Thaise Castanho da Silva, destaca que a procura por enfermeiros sempre foi alta, mas atingiu o pico após o início da pandemia. “No final do ano passado, antes da pandemia, 80% dos alunos que colaram grau já saíram empregados. Agora, o aluno só não sairá empregado se não quiser”, comparou.

Ela explica que a abertura de postos de trabalho não busca apenas reforçar as equipes de saúde, mas também repor profissionais do grupo de risco ou que apresentaram sintomas de Covid-19 e, por esses motivos, foram afastados.

A universidade aderiu às normas da portaria do Ministério da Educação que acelera a formação dos alunos do último ano. “Não tínhamos como fechar os olhos a uma necessidade da comunidade, 100% dos estudantes aderiram”, comentou.

Com a mudança, os alunos não tiveram recesso e a conclusão do curso, que inicialmente seria em dezembro, foi antecipada já para o próximo mês.

“Antes mesmo da formatura desses alunos, empregadores já vêm nos ligando e informam que precisam contratar.” Além disso, pelo menos dois editais públicos já foram abertos desde o início da pandemia selecionando alunos dos últimos anos para atuar em hospitais, fronteiras e em setores como, por exemplo, vigilância epidemiológica.

ANTECIPAÇÃO

Ana Luiza Furini antecipou a colação de grau e pretende entrar para o mercado de trabalho assim que tirar o registro profissional
Ana Luiza Furini antecipou a colação de grau e pretende entrar para o mercado de trabalho assim que tirar o registro profissional | Foto: Gustavo Carneiro

A aluna Ana Luiza Bresser Vilas Boas Furini, 23, está entre os estudantes de enfermagem que optou por antecipar a colação de grau.

Segundo ela, a antecipação é uma maneira de ajudar de forma mais instantânea, na linha de frente, os pacientes que mais necessitam em um momento atípico e perigoso. Ana Luiza concluiu o internato em junho e agora só aguarda a colação de grau para tirar o Coren (registro profissional de enfermeiro).

“Cresceu muito a possibilidade de colocação no mercado de trabalho e agora os profissionais da saúde têm maior reconhecimento, pacientes dizem que estamos nas orações deles. Ao longo do estágio, tive feedbacks e possibilidade de propostas, então estou concluindo o curso com uma perspectiva muito positiva”, declarou.

HU

O HU (Hospital Universitário) da UEL pretende contratar 190 profissionais de saúde temporários por meio de processo seletivo simplificado. Eles vão atuar na unidade de retaguarda voltada a pacientes com coronavírus. Ao todo, são 17 cargos distintos, com salários que variam entre R$ 2.660,00 (técnico administrativo) e R$ 6.262,00 (profissionais de nível superior).

Serão contratados assistente social, enfermeiro, farmacêuticos, fisioterapeuta, médicos clínico, intensivista, neonatologista, pediatra, intensivista, intensivista pediátrico, infectologista e pneumologista, além de nutricionista e psicólogo. Haverá ainda a contratação de técnico administrativo e técnicos de enfermagem, de laboratório/análises clínicas e de radiologia.

O pró-reitor de recursos humanos da UEL, Itamar Rodrigues Nascimento, explica que os profissionais serão contratados inicialmente para atuar por seis meses, mas poderá haver uma única prorrogação do prazo por, no máximo, mais seis meses.

“Se essa pandemia perdurar, a curva não baixar e continuar aumentando a procura pelo sistema de saúde, faremos um novo pedido para o governador para abrir mais vagas”, anunciou.

O processo de seleção está sendo online, com análise de títulos. A única fase presencial será a apresentação da documentação comprobatória.

Os candidatos mais bem pontuados serão chamados para apresentar a documentação comprobatória quinta e sexta-feira, dias 9 e 10 de julho. “Eles devem começar a trabalhar entre a segunda e a terceira semana de julho”, concluiu Nascimento.

Imagem ilustrativa da imagem Contratações na área de saúde disparam na pandemia