Conquistar o reconhecimento profissional é parte de todas as carreiras, mas algumas exigem mais esforços. As ligadas à arte, sobretudo, às vezes enfrentam a falta de incentivos culturais. Os reflexos dessa situaçaõ sobre a independência financeira e a capacidade para garantir o sustento são capazes não só de não só arrefecer os ânimos, como de mudar o rumo de muitas vidas desprestigiadas de recursos.

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O bailarino Lucas Manfré reconhece que essa é uma realidade. "Sim, muitos colegas infelizmente estão sem trabalhar diretamente com arte, devido a dificuldade em conseguir incentivo e financiamento". Manfré relata que nos últimos foram árduos. "Tivemos uma forte tentativa de apagamento das artes no Brasil, fato este que se intensificou com o longo período pandêmico que vivemos. Foram anos, que para grande maioria ficou impossível tirar seu sustento, pagar suas contas, com trabalhos artísticos. Como neste período o apoio por parte do governo foi praticamente inexistente, muitos colegas foram forçados a procurar outros trabalhos fora da área da cultura, para conseguir sobreviver", expõe.

Mas esta situação está mudando com novos projetos que garantem recursos para quem vive de arte e cultura.

MOMENTO POSITIVO

Bailarino, coreógrafo, ator e produtor cultural, Manfré é graduado em Filosofia pela Universidade Estadual de Londrina. Possui formação em teatro pela Escola Municipal de Teatro de Londrina (FUNCART) e vive um momento positivo que serve de motivação ao meio artístico e até para valorizar eventuais patrocinadores. Ele e mais dois artistas de Londrina integram a seleção MICBR 2023 (Mercado de Indústrias Criativas), do Ministério da Cultura - MinC.

O edital para participação do MICBR 2023 (Mercado de Indústrias Criativas) selecionou 260 empreendedores culturais e criativos, de 13 diferentes setores, nas quatro regiões do Brasil e Londrina terá três representantes. Eddie Mansan, representante do setor de “Áreas Técnicas”, além de Lucas Manfré e Gabriel Paleari, representantes do setor de “Dança”. Sendo que no setor de Dança, Manfré e Paleari são os únicos representantes selecionados da região sul do Brasil e no setor de “Áreas Técnicas”, Mansan representará a região sul com mais dois empreendedores do Paraná e Santa Catarina.

Fundador e diretor da Companhia Nua de dança-teatro e sócio da N Produções Artísticas LTDA, Manfré recorda sua atuação como bailarino do Ballet de Londrina, entre os anos de 2015 a 2022, assim como sua participação na Cia L2, entre os anos de 2010 a 2019. Sobre a seleção, encara como uma conquista para toda a classe.

"O MIC BR é um megaevento do mercado cultural nacional e internacional, então é muito importante ter recebido este apoio do Ministério da Cultura. Este apoio promoverá encontros, trocas, aprendizados e rodadas de negócios com compradores de produções culturais do Brasil e do exterior", explica. "Ter essa chance de levar nosso trabalho para o evento em Belém do Pará, representando Londrina e a região sul, cria muitas oportunidades e nos enche de alegria e motivação para continuar produzindo dança", alegra-se.

Lucas Mafré: bailarino, coreógrafo e produtor cultural
Lucas Mafré: bailarino, coreógrafo e produtor cultural | Foto: Náthali Abbati/ Divulgação

ARTE PARA MOVER A ECONOMIA

Não se pode desprezar o papel que a arte tem na economia, a citar o que o que representa o entretenimento e seus atrativos para as regiões que enxergam esse potencial de desenvolvimento. Com 15 anos de atuação profissional, o bailarino compreende a cultura como um importante elemento no movimento econômico.

De seu ponto de vista, outras atividades ganham quando a cultura é reconhecida. "Espetáculos, festivais, shows, produções e eventos artísticos culturais geram empregos tanto nas áreas técnicas, artísticas e de produção, gerando também trabalhos para outros setores indiretamente, como hotelaria, transporte, setores alimentícios, entre outros. Uma cidade que possui um movimento cultural ativo se desenvolve intelectualmente e economicamente", afirma

Provido de fôlego com a boa nova, considera que esse é um momento de ampliar as perspectivas. "Nós estamos vivendo um momento muito importante na cultura. Neste ano tivemos o retorno do Ministério da Cultura e com isso um aumento das oportunidades de incentivo em âmbito nacional, estadual e municipal. Então, as ações que estão acontecendo em 2023 com a Lei Paulo Gustavo, com os editais de Retomada da Funarte, entre outros, nos apontam para caminhos mais esperançosos, onde a cultura tem a chance de crescer, ocupar os espaços e se fortalecer", acredita.

Isso se deve à promoção nacional e internacional da cultura brasileira e o apoio ao desenvolvimento dos setores criativos, à consolidação de empreendimentos e à profissionalização de empreendedores culturais. O MICBR tem, ainda, o objetivo de consolidar a economia criativa brasileira como setor estratégico para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável do País, de modo a situar o Brasil como referência em criatividade, diversidade, qualidade e inovação.

MERCADO DE INDÚSTRIAS CRIATIVAS

O Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR) é um evento que reúne empreendedores culturais para participação em atividades de negócios, formativas e culturais. Os mercados criativos públicos, como o MICBR, constituem políticas públicas desenvolvidas pelos estados nacionais na América do Sul com vistas a proporcionar aos empreendedores e profissionais criativos da região a oportunidade de aumentar sua rede de contatos e negócios, bem como internacionalizar seus bens e serviços criativos.

De 8 a 12 de novembro, será realizada, em Belém-PA, a terceira edição do mercado, cuja programação incluirá rodadas de negócios, atividades de networking, showcases, mentorias, conferências, mesas de debate e atividades culturais. Nesta edição, o MICBR ampliará de nove para 13 o número de setores criativos em sua programação de negócios: Áreas Técnicas; Artesanato; Audiovisual & Animação; Circo; Dança; Design; Editorial; Hip Hop; Jogos Eletrônicos; Música; Moda; Museus & Patrimônio; e Teatro.

ARTISTAS SELECIONADOS PARA O MICBR 2023

GABRIEL PALEARI - Bacharel em Artes Cênicas pela UEL, atua nas áreas de criação artística, produção cultural e marketing digital. Desenvolve desde 2014 sua pesquisa “Notas Nômades: Cartografia do CsO em Antonin Artaud”, que investiga o conceito do CsO sob a perspectiva biográfica de Artaud, a qual obteve publicação do artigo no dossiê Antonin Artaud na revista Ephemera, além de integrar festivais, como FILO, Building Bridge Art Exchange, Kinoarte, DANCEP (Curitiba-PR), Festival de Inverno da Universidade São João Del Rei-MG, Festival de Dança de Londrina, e a_ponte do Itaú Cultural (SP) . É colunista de dança do PORTAL MUD (Museu Virtual da dança).

Gabriel Paleari atua nas áreas de criação artística, produção cultural e marketing digital
Gabriel Paleari atua nas áreas de criação artística, produção cultural e marketing digital | Foto: Náthali Abbati/ Divulgação

EDDIE MANSAN - Bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina (2011), Master I em Artes Plásticas pela Université Rennes II, França (2013), e Especialista em Gestão Cultural pelo Centro Universitário Senac (2017). Performer, produtor e curador cultural, atua nas áreas de criação artística e gestão cultural há mais de dez anos em Londrina/PR, reunindo um conjunto de atribuições e experiências profissionais autônomas, institucionais, empreendedoras e comunitárias na coordenação de projetos e ações culturais diversas. É sócio-diretor e fundador da Sonelangeliso Produções, empreendimento cultural através do qual presta serviços de produção executiva, direção de produção, curadoria, mentorias, criação e representação.

Eddie Mansan: performer, produtor e curador cultural
Eddie Mansan: performer, produtor e curador cultural | Foto: Fábio Alcover/ Divulgação

LUCAS MANFRÉ - Bailarino, coreógrafo, ator e produtor cultural, Manfré é graduado em Filosofia pela Universidade Estadual de Londrina. Possui formação em teatro pela Escola Municipal de Teatro de Londrina (FUNCART). Fundador e diretor da Companhia Nua de dança-teatro e sócio da N Produções Artísticas LTDA, atuou como bailarino do Ballet de Londrina, entre os anos de 2015 a 2022, assim como da Cia L2, entre os anos de 2010 a 2019.