Para o fundador da Exboss e sócio da 99jobs, Alexandre Pellaes, é fundamental que as pessoas enxerguem uma nova relação com o trabalho
Para o fundador da Exboss e sócio da 99jobs, Alexandre Pellaes, é fundamental que as pessoas enxerguem uma nova relação com o trabalho | Foto: Maria Victória Cesar/Divulgação


O que é previsível está com os dias contados para a ocupação humana porque pode e deve ser automatizado na próxima década. Essa é a síntese do que alguns dos principais nomes da atualidade sobre o futuro do emprego e das organizações vieram discutir na semana passada, em Curitiba, na primeira edição deste ano do CEO Fórum, evento da Amcham (Câmara Americana do Comércio), que discutiu o tema Futuro do Trabalho: Equilíbrio pelo Movimento.
Sim, é fato que milhares de postos de trabalhos e atividades profissionais com direito a identificação na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) da atualidade estão e seguirão sendo eliminados. O mesmo fenômeno ocorre no mundo. Nas projeções de um dos palestrantes, o consultor dinamarquês Jesper Rhode – ex-CMO da Ericsson América Latina, associado do Instituto Copenhagen e consultor da Hyper Island (escola de inovação digital com foco no desenvolvimento do pensamento criativo) –, mais da metade (65%) das crianças de hoje vão trabalhar com atividades que nem são conhecidas atualmente. Por maior que seja o grau de desconforto dessa projeção, o otimismo sobre o futuro é consenso entre os profissionais de empresas que prestam serviços na área de inovação e preparação das organizações para essa "mudança de era".
"Não é uma mudança que vai acontecer. Já aconteceu e está pautada na dependência do ser humano pela conectividade, há uma década, quando Apple colocou no mercado o primeiro smarthphone", observa o CEO da Inova Consulting (empresa global que trata de Futuro, Tendências e Inovação Estratégica para a gestão), professor e especialista português, Luís Rasquilha. "Nas quatro revoluções, sempre teve quem ficou pelo caminho e quem se aproveitou muito bem disso. É a primeira vez na história que uma revolução tem o poder de abrir mais oportunidades do que problemas. Tendo um device (dispositivo) nas mãos e uma conexão, você faz o que quer", assegura.
Nesse sentido, Rasquilha admite que o robô vai permitir às pessoas darem um uso mais compatível ao que a inteligência humana é capaz de produzir para suprir as demandas de um momento sem precedentes por conta da hiperconectividade e toda a gama de dados e informações decorrentes. "Saber pensar, porque a execução a máquina irá fazer melhor, mais rápido, mais barato. E não necessariamente isso se restringe ao ambiente da indústria, vai se estender ao advogado, ao contador, enfermeiro, jornalista. É preciso resgatar aquilo que sempre foi a nossa diferença, o cérebro e botá-lo para funcionar", constata.
O CEO da Inova explica que a tecnologia massifica o acesso a informação, mas não é o que diferencia alguém. "O desafio hoje é criar a sua própria profissão do que repetir aquilo que sempre foi. Mesmo decidindo seguir profissões de algum familiar, como advogado, não será o mesmo advogado que seu parente foi, porque serão problemas e processos diferentes. O caminho passa por entender no que você é bom e único para a sociedade", avalia.